Tópico sobre política
Moderator: Rui Santos
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Re: Tópico sobre política
Rui Santos,
Terei de falar no aborto, mas apenas por tabela. O meu assunto não é esse e o cerne da questão é a comparação entre duas ditaduras, a da Espanha e a da Roménia (vou dizer mal das duas, tanto faz se é fascismo religioso ou comunismo ateu). Este problema já foi resolvido em Portugal e também nos dois países em questão (Espanha e Roménia).
Não sei como poderei falar honestamente a favor do aborto, sem ofender religiosos, mas vou tentar pelo menos não falar de forma bruta "à zé da tasca". Rui Santos conto contigo para ficares atento e "censurares-me" caso o entendas, se o fizeres não ficarei chateado, pois eu gosto é de falar de filmes e nem ligo muito a este tópico de política.
Terei de falar no aborto, mas apenas por tabela. O meu assunto não é esse e o cerne da questão é a comparação entre duas ditaduras, a da Espanha e a da Roménia (vou dizer mal das duas, tanto faz se é fascismo religioso ou comunismo ateu). Este problema já foi resolvido em Portugal e também nos dois países em questão (Espanha e Roménia).
Não sei como poderei falar honestamente a favor do aborto, sem ofender religiosos, mas vou tentar pelo menos não falar de forma bruta "à zé da tasca". Rui Santos conto contigo para ficares atento e "censurares-me" caso o entendas, se o fizeres não ficarei chateado, pois eu gosto é de falar de filmes e nem ligo muito a este tópico de política.

- Rui Santos
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Re: Tópico sobre política
Ca estarei, força :)
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Re: Tópico sobre política
O aborto foi abordado aqui mesmo neste tópico há uns meses atrás, a propósito das estatísticas relacionadas com a implementação das leis que o despenalizaram cá em Portugal. Acho que o tempo e a força dos números acabou por retirar uma boa parte do ímpeto dos que criticaram tão ferozmente a despenalização. Não me lembro, neste novo tempo em que vigora a despenalização, de haver debates cerrados em torno da questão. Agora o assunto "do dia" é mais a eutanásia, ou o projecto que está em avaliação a propósito do assunto.
Sem querer interromper os planos do José Miguel - e da comparação de ditaduras - coloco aqui uma questão para a qual não tenho resposta (não tenho opinião definida): quem deve decidir sobre o assunto "eutanásia"? É a Assembleia da República em plenário, ou é o povo em referendo?
Na questão do aborto foi o povo a votar, sendo que a primeira votação resultou em "Não", obrigado os defensores do aborto a repetir o processo uns anos depois, e aí passou a "Sim".
Uma coisa que acho curiosa, e que me revolta um bocadito, é que alguns defensores da Eutanásia invocam o sucesso da Lei pró-aborto para desmistificar os eventuais problemas que podem vir a ocorrer caso a lei seja aprovada, mas são também os primeiros a defender que o voto deve ser na Assembleia, quando o voto para a lei do Aborto foi em referendo popular...
(eu sou 100% a favor da possibilidade legalizada de assistência à morte/eutanásia, embora entenda que é um assunto imensamente complexo de gerir)
Sem querer interromper os planos do José Miguel - e da comparação de ditaduras - coloco aqui uma questão para a qual não tenho resposta (não tenho opinião definida): quem deve decidir sobre o assunto "eutanásia"? É a Assembleia da República em plenário, ou é o povo em referendo?
Na questão do aborto foi o povo a votar, sendo que a primeira votação resultou em "Não", obrigado os defensores do aborto a repetir o processo uns anos depois, e aí passou a "Sim".
Uma coisa que acho curiosa, e que me revolta um bocadito, é que alguns defensores da Eutanásia invocam o sucesso da Lei pró-aborto para desmistificar os eventuais problemas que podem vir a ocorrer caso a lei seja aprovada, mas são também os primeiros a defender que o voto deve ser na Assembleia, quando o voto para a lei do Aborto foi em referendo popular...
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Re: Tópico sobre política
Eu sou a favor da legalização da eutanásia, mas é um tema muito fraturante ainda, acho que mais até que o aborto era... o aborto quando foi legalizado por aqui (2007) já era legal nos outros paises europeus há muitos anos (e nos EUA também), a eutanásia é algo que poucos paises praticam.Samwise wrote: March 17th, 2018, 1:31 am
Uma coisa que acho curiosa, e que me revolta um bocadito, é que alguns defensores da Eutanásia invocam o sucesso da Lei pró-aborto para desmistificar os eventuais problemas que podem vir a ocorrer caso a lei seja aprovada, mas são também os primeiros a defender que o voto deve ser na Assembleia, quando o voto para a lei do Aborto foi em referendo popular...
(eu sou 100% a favor da possibilidade legalizada de assistência à morte/eutanásia, embora entenda que é um assunto imensamente complexo de gerir)
Eu não seria contra fazerem um referendo... por outro lado, se tivessem feito um referendo pra abolir a escravatura e a pena de morte a resposta teria sido não (claro que os tempos eram outros, vivia-se uma monarquia e não um república democrática).
Re: Tópico sobre política
Há um padre que escreve regularmente no Observador e que tem elaborado alguns artigos sobre o tema da Eutanásia, tentando justificar por que razões não devemos liberalizar essa hipótese em Portugal nos termos que são propostos. Estes artigos, como seria de esperar, estão a servir de "plataforma generalizada de comentários", e em termos de números já contam com algumas centenas de observações e "espicações".No Angel wrote: March 18th, 2018, 2:03 pmEu sou a favor da legalização da eutanásia, mas é um tema muito fraturante ainda, acho que mais até que o aborto era... o aborto quando foi legalizado por aqui (2007) já era legal nos outros paises europeus há muitos anos (e nos EUA também), a eutanásia é algo que poucos paises praticam.Samwise wrote: March 17th, 2018, 1:31 am
Uma coisa que acho curiosa, e que me revolta um bocadito, é que alguns defensores da Eutanásia invocam o sucesso da Lei pró-aborto para desmistificar os eventuais problemas que podem vir a ocorrer caso a lei seja aprovada, mas são também os primeiros a defender que o voto deve ser na Assembleia, quando o voto para a lei do Aborto foi em referendo popular...
(eu sou 100% a favor da possibilidade legalizada de assistência à morte/eutanásia, embora entenda que é um assunto imensamente complexo de gerir)
Eu não seria contra fazerem um referendo... por outro lado, se tivessem feito um referendo pra abolir a escravatura e a pena de morte a resposta teria sido não (claro que os tempos eram outros, vivia-se uma monarquia e não um república democrática).
Eu não gosto particularmente do modo como este comentador desenvolve os textos. Ele escreve bem, até bastante bem, mas os argumentos escasseiam onde mais são necessários. Para além disso, parece-me que frequentemente opta por não mostrar o quadro todo, decidindo deliberadamente concentrar esforços apenas naquilo que lhe convém. E até o Stephen Hawking mete ao barulho para tentar passar a ideia que lhe interessa.
https://observador.pt/opiniao/o-meu-corpo-e-meu/
https://observador.pt/opiniao/ha-um-outro-mundo/
https://observador.pt/opiniao/deus-e-o- ... sico-ateu/
Um pequeno exemplo da falta de sustentabilidade na argumentação:
O que é curioso. O próprio não tem, mas outros parecem ter sobre a existência do próprio.A ninguém é lícito dispor sobre a vida de outrem e nem o próprio tem um direito absoluto em relação à sua existência: por isso, se alguém atentar contra a sua própria vida, todos têm a obrigação moral e jurídica de impedir a concretização desse acto desesperado, mesmo que consciente e voluntário. Quem o não fizer, podendo-o fazer, incorre em responsabilidade civil e criminal, por omissão de um seu dever humanitário.
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Re: Tópico sobre política
Não me surpreende, a religião sempre foi, e é, uma forma de controlo. Controlar comportamentos, o corpo, a "alma" (se é que tal coisa existe,que nunca foi provado que existisse). O bom é que a população cada vez liga menos ao que a Igreja diz, tanto que para a Igreja o divócio, sexo antes do casamento, masturbação e um sem número de outras coisas continuam a ser pecado, e os ditos católicos portugueses as fazem sem qualquer problema.Samwise wrote: March 20th, 2018, 12:39 amHá um padre que escreve regularmente no Observador e que tem elaborado alguns artigos sobre o tema da Eutanásia, tentando justificar por que razões não devemos liberalizar essa hipótese em Portugal nos termos que são propostos. Estes artigos, como seria de esperar, estão a servir de "plataforma generalizada de comentários", e em termos de números já contam com algumas centenas de observações e "espicações".No Angel wrote: March 18th, 2018, 2:03 pmEu sou a favor da legalização da eutanásia, mas é um tema muito fraturante ainda, acho que mais até que o aborto era... o aborto quando foi legalizado por aqui (2007) já era legal nos outros paises europeus há muitos anos (e nos EUA também), a eutanásia é algo que poucos paises praticam.Samwise wrote: March 17th, 2018, 1:31 am
Uma coisa que acho curiosa, e que me revolta um bocadito, é que alguns defensores da Eutanásia invocam o sucesso da Lei pró-aborto para desmistificar os eventuais problemas que podem vir a ocorrer caso a lei seja aprovada, mas são também os primeiros a defender que o voto deve ser na Assembleia, quando o voto para a lei do Aborto foi em referendo popular...
(eu sou 100% a favor da possibilidade legalizada de assistência à morte/eutanásia, embora entenda que é um assunto imensamente complexo de gerir)
Eu não seria contra fazerem um referendo... por outro lado, se tivessem feito um referendo pra abolir a escravatura e a pena de morte a resposta teria sido não (claro que os tempos eram outros, vivia-se uma monarquia e não um república democrática).
Eu não gosto particularmente do modo como este comentador desenvolve os textos. Ele escreve bem, até bastante bem, mas os argumentos escasseiam onde mais são necessários. Para além disso, parece-me que frequentemente opta por não mostrar o quadro todo, decidindo deliberadamente concentrar esforços apenas naquilo que lhe convém. E até o Stephen Hawking mete ao barulho para tentar passar a ideia que lhe interessa.
https://observador.pt/opiniao/o-meu-corpo-e-meu/
https://observador.pt/opiniao/ha-um-outro-mundo/
https://observador.pt/opiniao/deus-e-o- ... sico-ateu/
Um pequeno exemplo da falta de sustentabilidade na argumentação:
O que é curioso. O próprio não tem, mas outros parecem ter sobre a existência do próprio.A ninguém é lícito dispor sobre a vida de outrem e nem o próprio tem um direito absoluto em relação à sua existência: por isso, se alguém atentar contra a sua própria vida, todos têm a obrigação moral e jurídica de impedir a concretização desse acto desesperado, mesmo que consciente e voluntário. Quem o não fizer, podendo-o fazer, incorre em responsabilidade civil e criminal, por omissão de um seu dever humanitário.
Re: Tópico sobre política
Têm estado a acompanhar o escândalo de manipulação de perfis originado na plataforma Facebook?
Mais cedo ou mais tarde algo do género tinha de acontecer, mas não deixa de ser chocante e revoltante, até porque mesmo quem não tem conta e não liga a redes sociais leva por tabela com as consequências de tais possibilidades.
Mais cedo ou mais tarde algo do género tinha de acontecer, mas não deixa de ser chocante e revoltante, até porque mesmo quem não tem conta e não liga a redes sociais leva por tabela com as consequências de tais possibilidades.
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Re: Tópico sobre política
Claro.Samwise wrote: March 20th, 2018, 8:44 pm Têm estado a acompanhar o escândalo de manipulação de perfis originado na plataforma Facebook?
Mais cedo ou mais tarde algo do género tinha de acontecer, mas não deixa de ser chocante e revoltante, até porque mesmo quem não tem conta e não liga a redes sociais leva por tabela com as consequências de tais possibilidades.
Algo de muito previsível que fosse acontecer.
https://www.dinheirovivo.pt/empresas/fa ... explicada/
Ou o original.
https://www.nytimes.com/2018/03/19/tech ... tamos.html
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Re: Tópico sobre política
Bons links, Rui.
Deixo mais uns quantos artigos sobre o assunto, que valem a pena ler por quem se interessar:
https://www.publico.pt/2018/03/20/tecno ... ao-1807270
https://www.publico.pt/2018/03/20/tecno ... os-1807250
https://www.publico.pt/2018/03/20/mundo ... es-1807389
Este editorial fala nalguns aspectos chave na vertente da comunicação social: https://www.publico.pt/2018/03/20/tecno ... ok-1807273
Deixo mais uns quantos artigos sobre o assunto, que valem a pena ler por quem se interessar:
https://www.publico.pt/2018/03/20/tecno ... ao-1807270
https://www.publico.pt/2018/03/20/tecno ... os-1807250
https://www.publico.pt/2018/03/20/mundo ... es-1807389
Este editorial fala nalguns aspectos chave na vertente da comunicação social: https://www.publico.pt/2018/03/20/tecno ... ok-1807273
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Re: Tópico sobre política
Preparação psicológica para falar acerca de Espanha
Meus amigos, eu quero muito fazer aqui uma sinopse do processo espanhol que levou o país à democracia em 1982, em particular porque eu me sinto enganado (enquanto português) ao julgar que Espanha ficou democrática em 1975, aquando da morte do filho da puta assassino do ditador Franco. Perdoem a minha asneirada, mas em homenagem aos milhares de vítimas mortas por ordem do assassino Franco, o mínimo que eu posso fazer é chamar de filho da puta a esse cabrão assassino, pois eu já vi um documentário britânico de 1980, em que entrevistaram um jornalista português, que foi à arena de touros de Badajoz falar com os republicanos que seriam executados na alvorada seguinte. O jornalista português ficou de tal forma traumatizado, que não voltou a por os pés em Espanha.
O meu problema é psicológico, por não me sentir bem enquanto cidadão português nascido após o 25 de Abril, ao saber que em Espanha andam anormais a fazerem a saudação nazi/franquista.
Meus amigos, eu quero muito fazer aqui uma sinopse do processo espanhol que levou o país à democracia em 1982, em particular porque eu me sinto enganado (enquanto português) ao julgar que Espanha ficou democrática em 1975, aquando da morte do filho da puta assassino do ditador Franco. Perdoem a minha asneirada, mas em homenagem aos milhares de vítimas mortas por ordem do assassino Franco, o mínimo que eu posso fazer é chamar de filho da puta a esse cabrão assassino, pois eu já vi um documentário britânico de 1980, em que entrevistaram um jornalista português, que foi à arena de touros de Badajoz falar com os republicanos que seriam executados na alvorada seguinte. O jornalista português ficou de tal forma traumatizado, que não voltou a por os pés em Espanha.
O meu problema é psicológico, por não me sentir bem enquanto cidadão português nascido após o 25 de Abril, ao saber que em Espanha andam anormais a fazerem a saudação nazi/franquista.
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Re: Tópico sobre política
Os últimos dias do ditador Franco
1 de Outubro de 1975 - Vídeo traduzido em espanhol e em inglês.
O último discurso de Franco, "Morte á Europa!", tentativa de ataque à embaixada de Portugal, porque os "hijos da puta madre" portugueses (povo português = escumalha traidora à causa fascista!) rebentaram com a Embaixada de Espanha em Lisboa.
O Ditador Franco nos seus discursos, também acusava os EUA de serem um bastião do Comunismo, a senilidade do velhote ditador fanático religioso não me ofende, o que me ofende é ver o povo espanhol a fazer a saudação nazi e a gritar "Ao paredão!" (Fuzilamento dos inimigos do fascismo, Morte aos portugueses por terem tido o 25 de Abril), não me sinto bem enquanto português ao ver esta escumalha nazi a gritar morte ao meu povo, pela simples razão de termos conseguido a democracia antes dos espanhóis. Esta cena de 1975 é parecida com aqueles discursos do Hitler nos anos 30.
Neste último discurso não irão ver todos os elementos que eu descrevo acima, mas eles faziam parte do franquismo espanhol. Na parte em que as massas gritam "Ao paredão!" eles estão mesmo a desejar a morte ao povo português por causa do 25 de Abril.
Eu fico muito enervado e eticamente ofendido, sempre que tento recolher material multimédia para o artigo que pretendo escrever acerca da Transição Espanhola, que depois tenho de interromper a minha tentativa.
Na parte final deste vídeo histórico, está um fanático nazi/fascista às portas da embaixada de Portugal em Madrid, a deixar um recado para Portugal e para os portugueses: "Que morra a Europa, filhos da Puta!". Assim foi o Franquismo...
Se não fosse a protecção da polícia espanhola este animal nazi teria morto o embaixador português à paulada.
1 de Outubro de 1975 - Vídeo traduzido em espanhol e em inglês.
O último discurso de Franco, "Morte á Europa!", tentativa de ataque à embaixada de Portugal, porque os "hijos da puta madre" portugueses (povo português = escumalha traidora à causa fascista!) rebentaram com a Embaixada de Espanha em Lisboa.
O Ditador Franco nos seus discursos, também acusava os EUA de serem um bastião do Comunismo, a senilidade do velhote ditador fanático religioso não me ofende, o que me ofende é ver o povo espanhol a fazer a saudação nazi e a gritar "Ao paredão!" (Fuzilamento dos inimigos do fascismo, Morte aos portugueses por terem tido o 25 de Abril), não me sinto bem enquanto português ao ver esta escumalha nazi a gritar morte ao meu povo, pela simples razão de termos conseguido a democracia antes dos espanhóis. Esta cena de 1975 é parecida com aqueles discursos do Hitler nos anos 30.
Neste último discurso não irão ver todos os elementos que eu descrevo acima, mas eles faziam parte do franquismo espanhol. Na parte em que as massas gritam "Ao paredão!" eles estão mesmo a desejar a morte ao povo português por causa do 25 de Abril.
Eu fico muito enervado e eticamente ofendido, sempre que tento recolher material multimédia para o artigo que pretendo escrever acerca da Transição Espanhola, que depois tenho de interromper a minha tentativa.

Na parte final deste vídeo histórico, está um fanático nazi/fascista às portas da embaixada de Portugal em Madrid, a deixar um recado para Portugal e para os portugueses: "Que morra a Europa, filhos da Puta!". Assim foi o Franquismo...

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Re: Tópico sobre política
Dois documentários sobre a guerra civil espanhola
Enquanto ganho coragem para abordar a transição do fascismo para a democracia (1975-1982), vou falar um pouco acerca da guerra civil espanhola.
Em seguida está a parte 1 de 6 de um mega-documentário britânico, feito pela produtora Granada em 1983 para o Channel 4 do Reino Unido (as restantes partes também estão no You Tube).

https://www.imdb.com/title/tt1720797/
http://docuwiki.net/index.php?title=The ... _Civil_War
É neste documentário que entrevistam um jornalista português, já velhote, que foi a Badajoz nos anos 1930 ver os soldados republicanos na jaula da praça de touros, a aguardar fuzilamento na alvorada seguinte, o jornalista português entrevistou o comandante do exército fascista rebelde do Franco, que justificou à imprensa portuguesa, que tinha de matar todos os soldados capturados inimigos, por motivo de eficiência militar, porque não queriam deixar tropas para guardar os prisioneiros, enquanto avançavam para exterminar a próxima vila espanhola, e praticar o genocídio ideológico, saído da ideologia nazi.
O jornalista português, conta ao repórter inglês em 1983, que ficou tão traumatizado que nunca mais foi capaz de ir a Espanha, depois do que viu na década de 1930.
O golpe de estado do Franco, que derrubou a democracia espanhola, apenas foi possível com ajuda militar massiva do 3º Reich, com forte empenho pessoal do Adolf Hitler. No documentário acima surge uma entrevista em 1970, na TV da RFA (Alemanha Ocidental) do piloto e comandante de esquadrão nazi alemão da Luftwaffe que bombardeou Guérnica, ao serviço do 3º Reich (famoso quadro do Picasso), o malandro é mesmo nazi e não estava preso por crimes contra a humanidade, fiquei mal-disposto quando ele diz às câmaras que estava orgulhoso em matar crianças espanholas ao serviço da sua Fatherland (Alemanha Nazi) e Fuhrer.
A URSS foi dos poucos países que ajudou a Espanha Democrática a defender-se do criminoso assassino do Franco, uma das ajudas foi enviar barcos para salvar e evacuar crianças espanholas, que caso contrário teriam morrido à bomba ou de fome, abaixo está um vídeo com o depoimento pelas crianças espanholas evacuadas para a União Soviética.
Ainda só espreitei, mas ri-me quando um dos entrevistados diz que os russos lhes tentaram dar caviar para comer, e que acharam uma porcaria. Um menino espanhol gosta de presunto e chouriço, não de ovas de peixe.
O documentário de 1983 contém um assunto muito poderoso, em termos políticos, que foi a implementação do "anarquismo" na Catalunha, por "anarquismo" não me refiro a desordem nem a canções punk, mas algo muito próximo à utopia social do Star Trek, pela primeira vez implementada no nosso planeta, tentarei escrever um texto sobre o "anarquismo" na Catalunha.
Enquanto ganho coragem para abordar a transição do fascismo para a democracia (1975-1982), vou falar um pouco acerca da guerra civil espanhola.
Em seguida está a parte 1 de 6 de um mega-documentário britânico, feito pela produtora Granada em 1983 para o Channel 4 do Reino Unido (as restantes partes também estão no You Tube).

https://www.imdb.com/title/tt1720797/
http://docuwiki.net/index.php?title=The ... _Civil_War
É neste documentário que entrevistam um jornalista português, já velhote, que foi a Badajoz nos anos 1930 ver os soldados republicanos na jaula da praça de touros, a aguardar fuzilamento na alvorada seguinte, o jornalista português entrevistou o comandante do exército fascista rebelde do Franco, que justificou à imprensa portuguesa, que tinha de matar todos os soldados capturados inimigos, por motivo de eficiência militar, porque não queriam deixar tropas para guardar os prisioneiros, enquanto avançavam para exterminar a próxima vila espanhola, e praticar o genocídio ideológico, saído da ideologia nazi.
O jornalista português, conta ao repórter inglês em 1983, que ficou tão traumatizado que nunca mais foi capaz de ir a Espanha, depois do que viu na década de 1930.
O golpe de estado do Franco, que derrubou a democracia espanhola, apenas foi possível com ajuda militar massiva do 3º Reich, com forte empenho pessoal do Adolf Hitler. No documentário acima surge uma entrevista em 1970, na TV da RFA (Alemanha Ocidental) do piloto e comandante de esquadrão nazi alemão da Luftwaffe que bombardeou Guérnica, ao serviço do 3º Reich (famoso quadro do Picasso), o malandro é mesmo nazi e não estava preso por crimes contra a humanidade, fiquei mal-disposto quando ele diz às câmaras que estava orgulhoso em matar crianças espanholas ao serviço da sua Fatherland (Alemanha Nazi) e Fuhrer.
A URSS foi dos poucos países que ajudou a Espanha Democrática a defender-se do criminoso assassino do Franco, uma das ajudas foi enviar barcos para salvar e evacuar crianças espanholas, que caso contrário teriam morrido à bomba ou de fome, abaixo está um vídeo com o depoimento pelas crianças espanholas evacuadas para a União Soviética.
Ainda só espreitei, mas ri-me quando um dos entrevistados diz que os russos lhes tentaram dar caviar para comer, e que acharam uma porcaria. Um menino espanhol gosta de presunto e chouriço, não de ovas de peixe.

O documentário de 1983 contém um assunto muito poderoso, em termos políticos, que foi a implementação do "anarquismo" na Catalunha, por "anarquismo" não me refiro a desordem nem a canções punk, mas algo muito próximo à utopia social do Star Trek, pela primeira vez implementada no nosso planeta, tentarei escrever um texto sobre o "anarquismo" na Catalunha.
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Re: Tópico sobre política
A última ordem militar de Franco
Quando o Franco estava a morrer, havia uma guerra contra Espanha em África, não tive tempo de pesquisar os detalhes. Um tal de Rei Hassan (seria o rei de Marrocos?) ordenou ao seu povo uma "marcha pacífica" contra o território africano espanhol, com famílias e crianças. Que não haja dúvida de que o Franco era um estratega militar brilhante, pela solução político-militar que ele ordenou, que já direi qual foi.
O dilema político-militar com que o Franco se deparou, foi que iria existir uma invasão por homens, mulheres e crianças árabes desarmadas, ao território de uma colónia africana espanhola, a reclamarem o território para os árabes. Algo que parece saído da cabeça do Gandhi. O Franco tinha um grande contingente militar espanhol nessa fronteira, bem armado, mas havia o dilema ético de ele abrir fogo sobre mulheres e crianças árabes desarmadas.
Obviamente se o Franco não fosse um estratega militar brilhante, não teria conseguido derrubar o governo democrático de Espanha na década de 1930, mas nessa altura ele praticava extermínio e genocídio em nome de Deus e "por graça de Deus", em 1975 ele já não se atrevia a fazer isso.
Qual a solução (brilhante) do ditador?
Resposta:
Um campo de minas, com sinalização de que estava lá um campo de minas. Assim se as crianças e mulheres fanáticas religiosas árabes, se quisessem suicidar em nome de Alá, o Franco tinha a consciência tranquila, mas ele sabia que as minas não detinham os árabes todos e ordenou o posicionamento das tropas espanholas, com metralhadoras pesadas, prontas a abater qualquer mulher ou criança árabe suicida, que passasse o campo de minas e pisasse solo espanhol, também com a graça de Deus, mas desta feita o Deus dos Cristãos. Fanático religioso do clube A contra fanático religioso do clube B.
Nesse momento o Franco entra em coma, e apenas o Rei de Espanha, sucessor legítimo do regime de Franco tinha poderes para dar ordens no meio desta crise militar diplomática. Esse Rei que herdou todos os poderes da ditadura foi muito inteligente, recusou-se a dar ordens (por uma explicação política do arco da velha, mas muito lógica de que falarei noutra altura) e foi ele que permitiu que Espanha se tornasse democrática, sobre ele falarei noutro post e será a primeira vez que eu vou elogiar um Rei, mas o homem merece.
Podem ver a reconstituição disto, no filme seguinte, ao minuto 55 (é um filme chamado "20 N - Los ultimos dias de Franco" da Antena 3, um canal de TV espanhol):
Já vi este filme e recomendo bastante para quem tenha interesse neste tema que eu ando a debater.
Quando o Franco estava a morrer, havia uma guerra contra Espanha em África, não tive tempo de pesquisar os detalhes. Um tal de Rei Hassan (seria o rei de Marrocos?) ordenou ao seu povo uma "marcha pacífica" contra o território africano espanhol, com famílias e crianças. Que não haja dúvida de que o Franco era um estratega militar brilhante, pela solução político-militar que ele ordenou, que já direi qual foi.
O dilema político-militar com que o Franco se deparou, foi que iria existir uma invasão por homens, mulheres e crianças árabes desarmadas, ao território de uma colónia africana espanhola, a reclamarem o território para os árabes. Algo que parece saído da cabeça do Gandhi. O Franco tinha um grande contingente militar espanhol nessa fronteira, bem armado, mas havia o dilema ético de ele abrir fogo sobre mulheres e crianças árabes desarmadas.
Obviamente se o Franco não fosse um estratega militar brilhante, não teria conseguido derrubar o governo democrático de Espanha na década de 1930, mas nessa altura ele praticava extermínio e genocídio em nome de Deus e "por graça de Deus", em 1975 ele já não se atrevia a fazer isso.
Qual a solução (brilhante) do ditador?
Resposta:
Um campo de minas, com sinalização de que estava lá um campo de minas. Assim se as crianças e mulheres fanáticas religiosas árabes, se quisessem suicidar em nome de Alá, o Franco tinha a consciência tranquila, mas ele sabia que as minas não detinham os árabes todos e ordenou o posicionamento das tropas espanholas, com metralhadoras pesadas, prontas a abater qualquer mulher ou criança árabe suicida, que passasse o campo de minas e pisasse solo espanhol, também com a graça de Deus, mas desta feita o Deus dos Cristãos. Fanático religioso do clube A contra fanático religioso do clube B.
Nesse momento o Franco entra em coma, e apenas o Rei de Espanha, sucessor legítimo do regime de Franco tinha poderes para dar ordens no meio desta crise militar diplomática. Esse Rei que herdou todos os poderes da ditadura foi muito inteligente, recusou-se a dar ordens (por uma explicação política do arco da velha, mas muito lógica de que falarei noutra altura) e foi ele que permitiu que Espanha se tornasse democrática, sobre ele falarei noutro post e será a primeira vez que eu vou elogiar um Rei, mas o homem merece.
Podem ver a reconstituição disto, no filme seguinte, ao minuto 55 (é um filme chamado "20 N - Los ultimos dias de Franco" da Antena 3, um canal de TV espanhol):
Já vi este filme e recomendo bastante para quem tenha interesse neste tema que eu ando a debater.
Re: Tópico sobre política
José Miguel, estou a ler com atenção, mas já vi para algumas linhas, a propósito da Catalunha e do envolvimento da URSS na guerra civil espanhola, que me fizerem torcer bastante o nariz, essencialmente porque me pareceram parciais e facciosistas. Vou aguardar por desenvolvimentos para depois comentar.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Re: Tópico sobre política
Estou a ver o documentário sobre as crianças enviadas para a URSS. É impressionante, por muitos motivos. Boa partilha, José Miguel.
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