Closer (2004) - Mike Nichols

Discussão de filmes; a arte pela arte.

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Gollum
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Post by Gollum »

Para começar, o monólogo só é iniciado quando um dos intervenientes da discussão deixa de procurar novos elementos e formas de explicar o seu ponto de vista e insiste nos mesmos pontos incessantemente.

Agora, e não sentindo o mesmo pelo filme que o ricardo, há que respeitar opiniões e apreciar o facto de o filme conseguir-nos transmitir algo a nós. Eu já expliquei o que o filme me transmite da melhor maneira que consigo, mas o post não está encerrado, portanto venham daí essas ideias.

PS:Falo por todos aqueles que concordam comigo(..antes que alguém pergunte).
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Grande Guru
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Post by Grande Guru »

Pois este filme para mim tb é um perfeito disparate, uma completa manta de retalhos. Se n fosse a coisinha fofa da Natalie Portman eu tinha desistido disto a meio. Mas sempre na esperança de a ver uma e mais uma vez, consegui levar o filme até ao fim.
Donnie Darko
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Post by Donnie Darko »

Já expusemos ambos os nossos argumentos para gostar ou não do filme. Eu li os teus, tu leste os meus, cada um manteve a sua opinião. A partir daqui nada a fazer :wink:
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Ricardo Ribeiro
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Post by Ricardo Ribeiro »

Donnie, é isso pá. Mas que venham de lá esses argumentos (já vieram, são pertinentes, são outra opinião e outro ponto de vista). Desagrada-me mesmo muito é quando se vem a terreiro e não se argumenta nada, não se explica. Resume-se a um: "é bom" ou "é mau". Eu não gostei e expliquei porquê. Tu gostaste e explicaste porquê. Houve debate, que acabou, como tudo acaba.
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Malick
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Post by Malick »

Bem para quem ainda não tinha percebido, não estou com grande tempo (nem paciência) para escrever uma crítica ao filme, pois quando as fazia tinha de dedicar bastante tempo ás mesmas e não atirar meia-dúzia de patacoadas para o ar. Posso tentar deixar aqui um breve comentário ao filme Closer que ele merece. Para quem conhece o realizador Mike Nichols e a sua obra (por exemplo o fantástico "who´s affraid of virginia woolf?") não pode deixar de esboçar um sorriso ao ver este filme, pois parte do mesmo princípio: os actores são o pilar de todo o filme, encontrando-se geralmente num espaço confinado. Aqui convém salientar a íntima relação de Nichols com o teatro, algo a que já nos habituou há muito tempo, e que tem dado resultados excelentes (quem não se lembra por exemplo de "The Glass Menagerie" de Paul Newman, com a Joanne Woodward brilhante). De volta ao filme em questão, temos 4 personagens basilares que sim, estão praticamente despidas de qualquer construção "académica" e linear, pois o objectico de Nichols não é o de fazer uma qualquer novela "dramalhão" mas sim o de mostrar o âmago das relações entre Alice, Dan, Anna e Larry. Ele não perde tempo em justificar e racionalizar todas as emoções e reacções das personagens envolvidas, vai directo ao "assunto", ás relações em si mesmas, aos confrontos, conflitos, actos que de choque em choque nos levam pela vida fora. Quem não deu por si a tentar racionalizar uma relação, um acto, um sentimento e acabar por desisitir pois constata que é impossível? O que estas personagens ilustram é essa "incapacidade" que todos temos para justificar actos que muitas vezes são auto-destructivos, ou para justificar relações que pura e simplesmente acontecem, por instinto, por hedonismo, por egoísmo ou quem sabe por amor! O que Nichols consegue de forma arrepiante é apontar-nos um espelho e fazer-nos olhar para dentro de nós...E muitas vezes as pessoas não gostam do que vêem...
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Ricardo Ribeiro
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Post by Ricardo Ribeiro »

Bom texto. Vocês viram um Falling in Love, se a memória não me falha de 1984, com Robert de Niro e Meryl Streep? É um filme que me impressiona pelo realismo da história. Brutalmente simples: dois casamentos, um elemento de cada um deles envolve-se com o outro. Agrada-me a vulgaridade da situação e a forma igualmente vulgar (não no sentido depreciativo do termo) com que tudo é colocado na película. Muitos de nós já passaram por situações complicadas na nossa vida ou da dos que nos estão próximos. Eu já. E este Falling in Love impressiona-me sempre por parecer sair da tela e passear-se diante de mim como se tratasse de uma história real. A forma como aquelas pessoas estabelecem uma primeira ligação, que evolui para uma relação, que termina numa obsessão... é assim, é assim mesmo que as coisas sucedem às pessoas reais. E não estou habituado em vez uma trasnscrição fiel para cinema. Há sempre algo. A adaptação para resultar em filme, o aperaltar de diálogos, a beleza estética das personagens, etc, etc.

De certa forma, Closer fez-me lembrar este Falling in Love. É do rectângulo ou quadrado amoroso. É de uma certa nota realista, menos contudo que em Falling in Love, mas mesmo assim realista, apesar dos comentários elaborados que para mim não são tão elaborados que se tornem improváveis.
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Donnie Darko
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Post by Donnie Darko »

Gosto de ver que este fórum ainda sabe discutir cinema yes-) e que não vive apenas de listas de filmes e correcções de títulos.

Não vi o filme que mencionas, Ricardo. Há edição portuguesa? O "Who´s Affraid of Virginia Woolf?" vi e esbocei esse sorriso de que falas, Malick, quando vi o "Closer" no cinema.
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Malick
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Post by Malick »

Fico contente por cada um de nós encontrar neste filme algo que nos aproxima e que nos faz partilhar sentimentos e experiências. É raro mas ainda acontece! E de certa forma gostei desta parte final da "conversa" mais calma e positiva. Ricardo o filme que referes diz-me algo mas está muito longe na memória, vou tentar encontrá-lo quando tiver oportunidade! :wink: Donnie : keep similing! :mrgreen:
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Ricardo Ribeiro
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Post by Ricardo Ribeiro »

Edição Portuguesa de Falling in Love: http://www.dvdpt.com/e/encontro_com_o_amor.php

À venda na DVD Go por €7,95 (a mesma edição com capa espanhola). Se quiserem e quiserem poupar os portes SEUR, eu estou para fazer uma encomenda lá e posso mandar depois por 2 Euros ou isso para quem quiser.
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Gollum
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Post by Gollum »

Malick wrote:temos 4 personagens basilares que sim, estão praticamente despidas de qualquer construção "académica" e linear, pois o objectico de Nichols não é o de fazer uma qualquer novela "dramalhão" mas sim o de mostrar o âmago das relações entre Alice, Dan, Anna e Larry. Ele não perde tempo em justificar e racionalizar todas as emoções e reacções das personagens envolvidas, vai directo ao "assunto", ás relações em si mesmas, aos confrontos, conflitos, actos que de choque em choque nos levam pela vida fora.
Tudo isto são características do que é teatro e que é raramente colocado em cinema, mas que funciona muito bem, principalmente se trocarmos actuações teatrais para actuações mais realistas. Uma mistura interessante, que a meu ver poderia ser muito aproveitado como modelo para muitos dos realizadores nacionais, que ainda não sabem(com raras excepções) conduzir os actores para uma actuação não-teatral.
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César Ribeiro
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Post by César Ribeiro »

Como ainda não tinha visto este filme, aluguei-o ontem... e não achei piada nenhuma. Achei-o chato, surrealista, com diálogos sem nexo, com situações improváveis, com demasiadas "trocas e baldrocas" e acima de tudo com uma pretensão incrível a tentar abordar estas histórias como algo "normal" numa relação.


---------------------------SPOILERS---------------------

Dan conhece Alice, numa situação estranha. Parece um bom rapaz, muito educado e leva-a ao hospital.
O Dan trabalha com Anna pela primeira vez na cena seguinte e já é outra pessoa, (porquê???) ou seja, um tipo engatatão, machista e atiradiço. De repente diz" Anda cá" e beija Anna vindo do nada e diz "Já me estragaste a vida". ?????

Não há nenhuma informação acerca das personagens, não se conhece nada, nem de onde vieram, nada.

Larry conhece Alice na exposição e começam uma conversa bastante intimista ao ponto de no fim ele "ameaçar" que a beijava ao passar-lhe a mão na cara. Incrível, para 2 minutos de conversa, uma exposição cheia de gente e a namorada mesmo ao lado.

As perguntas do Larry à Anna são ridículas. Não acredito que se um tipo (ou uma tipa) fosse encornado fizesse perguntas como "Vieste-te quntas vezes?" e coisas do estilo.


O diálogo do Dan com o Larry no consultório deste último é ridículo... aliás não compreendo como é que os apelidam de "geniais" e "adultos". Mas alguém fala assim??? Mais outro momento fantástico de diálogo: quando Larry vai ao bar de strip e dá com Alice...


Depois de tantas "trocas e baldrocas" (já nem podia com tantas traições) e de Alice voltar para Dan (mesmo depois de este lhe ter posto os palitos), abandona-o (segundo ela, "deixa de amá-lo naquele momento") porque ele lhe pediu que ela dissesse a verdade acerca da sua relação fortuita com Larry. Perdoa uma traição, mas não uma pergunta...


-------------------------- FIM SPOILERS----------------------

Enfim, e podia citar pelo menos mais 20/25 situações absurdas num filme que (supostamente) tentar abordar as relações entre homem/mulher de uma forma minimamente realista.
Até a minha mulher (e sabe-se que geralmente as mulheres têm uma maior apetência por este tipo de filmes que falam de desencontros e relações românticas) já não conseguia ver isto...
Para mim vale por 2 coisas: pelo já citado diálogo pelo chat e pelos actores, que mesmo assim ainda conseguem segurar bem o filme tendo em conta a história.

2/5
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Ricardo Ribeiro
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Post by Ricardo Ribeiro »

Parece que o César Ribeiro e eu somos clones, se se olhar apenas às nossas opiniões sobre este filme. Fabulosa empatia. Ele disse por outras palavras exactamente tudo o que apontei. De resto, uma das críticas que o César faz, creio que mesmo os defensores mais acérrimos de Closer a reconhecem, ou seja, o surrealismo dos diálogos, explicados - mal ou bem - pelo facto de tudo isto se inspirar numa obra de teatro (como se não pudesse uma boa peça de teatro ser apenas isso mesmo: uma peça de teatro).
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Re:

Post by nimzabo »

Thanatos wrote: January 26th, 2005, 9:33 am (...)

Um filme totalmente oco, vazio de sentido e direcção, enredado no lamaçal dos becos sem saída, com pretensões a algo que nunca chega a alcançar, faltando-lhe o golpe de asa para o elevar acima dos clichés estafados do melodrama televisivo de Domingo.

Um bocejo do príncipio ao fim.
Também achei mauzinho.
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Rui Santos
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Re: Closer (2004) - Mike Nichols

Post by Rui Santos »

Um quote com 16 anos :mrgreen: tal só é possível no dvdmania salut-)
Não estou a ser irónico... um fórum existe exatamente para isto... ser um repositório estruturado de informação....
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Re: Closer (2004) - Mike Nichols

Post by José »

Rui Santos wrote: August 19th, 2021, 2:00 am Um quote com 16 anos :mrgreen: tal só é possível no dvdmania salut-)
Não estou a ser irónico... um fórum existe exatamente para isto... ser um repositório estruturado de informação....
Uma das deliciosas particularidades de um espaço fascinante como este fórum! :-)))

Quanto ao filme, amo-o! Cheguei inclusive a falar dele de forma apaixonadíssima no meu extinto blog, o Cataclismo Cerebral, há muitos anos.


"Hello, stranger!

Ela caminha na rua e olha para ele. Mal sabe ela o jogo em que está a entrar. Um acidente intervém e eles conhecem-se! A partir daqui somos convidados a observar a vida de quatro pessoas que tentam desesperadamente encontrar o amor. São eles Anna, Alice, Dan e Larry. Dan e Alice formam um casal. Anna e Larry, outro. Mas a instabilidade amorosa é uma das características destas personagens, que não conseguem decidir muito bem o que querem, ou quem querem, para as suas próprias vidas. Ocorre a inevitável troca de parceiros e desenrolam-se inúmeras manipulações e jogos de traições. É por isso que, mais do que o amor, o que está em causa é o poder, o controlo de si mesmo e dos outros!
E nisto, Larry (Clive Owen) é o melhor, um manipulador nato e perito em jogadas arriscadas. É médico de profissão, mas tal cargo de prestígio não evita que ele seja moralmente corrupto e, assim sendo, o mais "sujo" de todos. No pólo oposto encontramos Alice (Natalie Portman), uma stripper cuja profissão é imediatamente associada ao deboche, mas que no entanto é a única personagem que conserva alguns valores morais e que bem tenta manter forte as bases da sua relação. O seu companheiro é o frágil Dan (Jude Law), um escritor de obituários, que não consegue enfrentar as complicações do coração e que é assim o mais fraco e manipulável dos quatro (repare-se que as únicas vezes em que ele se apercebe totalmente do que se está a passar é quando se vê reflectido nos espelhos, seja na casa de banho ou no elevador). Por fim, Anna (Julia Roberts), esposa de Larry e objecto de afeição por parte de Dan, é uma talentosa fotógrafa que se apresenta como sendo uma mulher independente e segura da sua personalidade e convicções, mas na realidade não é mais que um joguete nas mãos dos homens, acabando no fim por revelar o seu handicap: a submissão (face a Larry, quer na cena do restaurante, quer no final do filme, ao tapar o marido na cama).

Depois do caos, Alice caminha novamente na rua, mais madura e confiante na sua verdadeira identidade, conseguindo assim sair do perigoso "jogo"... Não, de facto o amor não morou aqui!
Estamos perante aquele que é um perfeito filme sobre as relações adultas, radicalmente diferente dos outros modelos românticos propagados por Hollywood. Embora aqui os adultos se comportem muitas vezes como crianças, a verdade é que não se está muito longe da realidade. O filme não esconde a sua célebre origem teatral (da responsabilidade de Patrick Marber, que assina aqui o argumento) e ainda bem que assim é, pois os diálogos ganham uma dimensão (leia-se brutalidade) inesquecível. As interpretações deste quarteto de actores iluminados são perfeitas e cada um consegue descolar-se da sua vincada 'imagem de marca'. Mike Nichols (autor do emblemático The Graduate), soube gerir bem o rumo desta história de encontros, envolvimentos e traições, apostando numa realização serena e repleta de planos verdadeiramente belos que não hesitam em captar a intimidade das suas personagens. Uma nota final para a linda mas perturbadora canção de Damien Rice, The Blower's Daughter, que inicia e finaliza este Closer. Uma obra-prima contemporânea!"

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