Miami Vice (2006) - Michael Mann
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Re: Miami Vice (2006) - Michael Mann
Se conseguires ver um ou outro episódio vais-te admirar, como o filme consegue captar a complexidade da série, das personagens secundárias com profundidade.Samwise wrote: October 22nd, 2018, 12:09 pm Gostei muito do filme. Para mim é mesmo dos melhores do Mann.
Da série já não me lembro, mas quando era miúdo adorava...
Como bónus tens Miami on the 80's... muito bom mesmo.
Vale a pena, mas para comparar por exemplo com a genial Balade de Hill Street (hill street blues) e ver como as séries policiais não tem vindo a evoluir... e que CSI e seus clones são algo demasiado plástico.
Rui Santos - 54 Anos | 23 Anos DVDMania
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Re: Miami Vice (2006) - Michael Mann
Não gostei deste filme, acho um desperdício de talento por parte do realizador. Algo estiloso na forma, mas parco em conteúdo, recheado de clichés e redundante; considero-o mesmo um dos títulos menores do Michael Mann. Em relação à série, apesar de já não me lembrar de quase nada, sei que em miúdo gostava de a ver.
Re: Miami Vice (2006) - Michael Mann
Michael Mann é um dos meus realizadores de eleição e gosto de rever este filme de tempo a tempo, mas considero-o um inferior no seu currículo.
O que me atrai no cinema de Michael Mann é o seu estilo estóico, no bullshit. Não há lugar para comic relief no mundo de Mann. Compreendo que não podem ser assim todos os filmes do mundo, mas é necessário ter um Michael Mann a fazer filmes assim. Isso e o seu estilo visual também é muito bom e tem-se vindo a refinar a cada novo filme.
O que me atrai no cinema de Michael Mann é o seu estilo estóico, no bullshit. Não há lugar para comic relief no mundo de Mann. Compreendo que não podem ser assim todos os filmes do mundo, mas é necessário ter um Michael Mann a fazer filmes assim. Isso e o seu estilo visual também é muito bom e tem-se vindo a refinar a cada novo filme.
Re: Miami Vice (2006) - Michael Mann
Eu por acaso tenho alguma dificuldade em encontrar clichés em filmes do Michael Mann. Mais facilmente, muito mais facilmente encontro situações e comportamentos padronizados que são dele - são características e imagens de marca, do seu estilo autoral, e a que ele recorre em muitas obras. Cliché no sentido em que aparecem em tudo quanto é filmes, sinceramente, não.
Para além dos aspectos técnicos top-notch, que também já estamos à espera e exigimos nas obras dele, o que me agrada imenso no Miami Vice, e o coloca acima de filmes "normais" e realmente cliché é espírito de "bonding" entre as personagens. Os dois centrais - que vinham da série - não tem sequer de trocar uma palavra para estarem em perfeita sintonia, e mesmo quando não concordam em alguma coisa, apoiam para lá de todos os limites as decisões um do outro, sem questionar. Este espírito alarga-se depois à "família profissional" de parceiros que trabalham com eles. Aquela equipa é uma família muito próxima, que coloca as relações pessoais acima das relações profissionais entre essa e outras equipas mesmo dentro da polícia - e essa proximidade é quase tocante. Depois ainda há a outra camada - a da família-família, propriamente dita, e que também é quase sempre retratada como uma extensão-off da "família-profssional". Todos se conhecem, todos se dão bem, há uma sintonia generalizada que funciona na prática. Colocando isto tudo numa intriga policial de constante perigo e ameaça (ao mais alto nível, porque os criminosos que eles caçam são também de topo) e cria-se um ambiente que não se encontra em mais nenhum autor de acção moderno (nem sem ser moderno). O Tubbs em momento algum decide dar lições de moral ao Crockett, ou tentar meter-lhe juízo na cabeça por causa do relacionamento com a chinesa - convenhamos, num cenário daqueles, ele bem que podia estar a ser manipulado. Mas há confiança. 100% confiança, como eles dizem. No final percebe-se perfeitamente a sintonia e o apoio entre ambos quando o Crockett foge com ela. Cliché? Não me parece. É um sad-happy-ending.
No Heat tínhamos esta filosofia aplicada mais à quadrilha de assaltantes, e sempre com um grande destaque dados à vidas pessoais e a aos relacionamentos, um formato de "substanciação" e construção de carácter que insufla vida às personagens, e que nos faz torcer por quase todos eles, "bons" ou "maus".
Para além dos aspectos técnicos top-notch, que também já estamos à espera e exigimos nas obras dele, o que me agrada imenso no Miami Vice, e o coloca acima de filmes "normais" e realmente cliché é espírito de "bonding" entre as personagens. Os dois centrais - que vinham da série - não tem sequer de trocar uma palavra para estarem em perfeita sintonia, e mesmo quando não concordam em alguma coisa, apoiam para lá de todos os limites as decisões um do outro, sem questionar. Este espírito alarga-se depois à "família profissional" de parceiros que trabalham com eles. Aquela equipa é uma família muito próxima, que coloca as relações pessoais acima das relações profissionais entre essa e outras equipas mesmo dentro da polícia - e essa proximidade é quase tocante. Depois ainda há a outra camada - a da família-família, propriamente dita, e que também é quase sempre retratada como uma extensão-off da "família-profssional". Todos se conhecem, todos se dão bem, há uma sintonia generalizada que funciona na prática. Colocando isto tudo numa intriga policial de constante perigo e ameaça (ao mais alto nível, porque os criminosos que eles caçam são também de topo) e cria-se um ambiente que não se encontra em mais nenhum autor de acção moderno (nem sem ser moderno). O Tubbs em momento algum decide dar lições de moral ao Crockett, ou tentar meter-lhe juízo na cabeça por causa do relacionamento com a chinesa - convenhamos, num cenário daqueles, ele bem que podia estar a ser manipulado. Mas há confiança. 100% confiança, como eles dizem. No final percebe-se perfeitamente a sintonia e o apoio entre ambos quando o Crockett foge com ela. Cliché? Não me parece. É um sad-happy-ending.
No Heat tínhamos esta filosofia aplicada mais à quadrilha de assaltantes, e sempre com um grande destaque dados à vidas pessoais e a aos relacionamentos, um formato de "substanciação" e construção de carácter que insufla vida às personagens, e que nos faz torcer por quase todos eles, "bons" ou "maus".
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Re: Miami Vice (2006) - Michael Mann
Para mim e o ultimo filme de jeito deste realizador que muito admiro.
Concordo com o lud e o sam, que ja apontaram algumas das caracteristicas fundamentais: um lado estoico, de uma personagem quebrar em vez de dobrar, capaz de deixar a vida para tras num minuto e um espirito de camaradagem que nao tem paralelo em mais nenhum realizador de momento.
E grande parte das vezes e algo de circunstsncial, como o max e o vincent do collateral. E contudo, consegue sempre impingir uma organica e uma naturalidade recheada de pequenos detalhes que me fazem gostar muito do seu estilo. Mesmo em casos de lados opostos da lei, ha um respeito mutuo e as personagens sao sempre escritas de modo inteligente e com pouca exposicao.
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Concordo com o lud e o sam, que ja apontaram algumas das caracteristicas fundamentais: um lado estoico, de uma personagem quebrar em vez de dobrar, capaz de deixar a vida para tras num minuto e um espirito de camaradagem que nao tem paralelo em mais nenhum realizador de momento.
E grande parte das vezes e algo de circunstsncial, como o max e o vincent do collateral. E contudo, consegue sempre impingir uma organica e uma naturalidade recheada de pequenos detalhes que me fazem gostar muito do seu estilo. Mesmo em casos de lados opostos da lei, ha um respeito mutuo e as personagens sao sempre escritas de modo inteligente e com pouca exposicao.
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Re: Miami Vice (2006) - Michael Mann
Exacto. Não é necessária muita exposição pois a essência das personagens está no seu comportamento. Há poucos meses vi pela primeira vez o primeiro filme de Mann, Thief. Não é um filme que queira necessariamente adicionar à minha colecção mas o estilo Mann já lá está plenamente desenvolvido. Mas plenamente! Não está em estado embrionário nem em desenvolvimento, a relação entre as personagens, o comportamento, a sintonia dentro do grupo sem ser necessário muita conversa e os códigos de honra. Está tudo já lá, no seu primeiro filme.paupau wrote: October 22nd, 2018, 9:14 pm Mesmo em casos de lados opostos da lei, ha um respeito mutuo e as personagens sao sempre escritas de modo inteligente e com pouca exposicao.
Logo no início, um telefonema de Jim Belushi para James Caan lança o plot do filme e todas essas trademarks estão nessa cena. A linguagem corporal de Belushi e as poucas palavras que usa, e idem do lado de James Caan. É uma cena que nos diz logo "isto é um filme de Michael Mann".
Re: Miami Vice (2006) - Michael Mann
Ou a cena do restaurante que cria totalmente a relacao com a mulher. Zero palha mesmo.
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Re: Miami Vice (2006) - Michael Mann
Estava com saudades do Mann e como estavaa passar no AMC la o revi.
Vendo o post anterior nao vejo onde o Sonny fugiu com a chinesa, mesmo sendo uma cena ambigua, bem ao estilo do realizador.
Interpreto ele a voltar para junto do colega e nao a avisar que vai fugir. Contudo, existem sinais suficientes para ser tambem um final credivel.
E ja passaram 13 anos desde aquele que considero o ultimo grande filme do Mann. Ja tenho saudades...
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Vendo o post anterior nao vejo onde o Sonny fugiu com a chinesa, mesmo sendo uma cena ambigua, bem ao estilo do realizador.
Interpreto ele a voltar para junto do colega e nao a avisar que vai fugir. Contudo, existem sinais suficientes para ser tambem um final credivel.
E ja passaram 13 anos desde aquele que considero o ultimo grande filme do Mann. Ja tenho saudades...
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