DVD Mania

Tema: SNS português versus a barbaridade do sistema de saúde privado do tipo norte-americano.

Eu acabei de deixar a minha mãe nas urgências do Hospital de Santa Maria, não estou muito bem, mas sinto vontade de fazer aqui um desabafo e falar do Hospital privado Cuf Descobertas onde deixaram o meu pai morrer por negligência médica, em nome da ganância do lucro, há 4 anos.

Irei escrever o meu desabafo e testemunho, que será uma coisa (algo dolorosa para mim), mas depois lançarei um tema geral de discussão, digno deste tópico, que é a ideologia política norte-americana, que considera os povos europeus de "comunistas" e "socialistas", por possuírem sistemas Nacionais de Saúde gratuitos, onde um pobre tem direito a cuidados hospitalares, algo que viola e ofende a ideologia da sociedade americana, que se baseia na "Meritocracia", onde apenas os cidadãos empreendedores e de sucesso comercial deverão ter direito a cuidados hospitalares. As actuais ex-repúblicas soviéticas seguem hoje o modelo norte-americano e os cidadãos ucranianos que trabalham em Portugal, têm medo de ir a hospitais na Ucrânia, por falta de dinheiro.

Há quatro anos, na noite em que o meu faleceu, eu queria levá-lo ao Hospital de Santa Maria. O meu pai sempre foi um homem à antiga, muito autoritário, que me impunha muito respeito (e medo), eu insisti várias vezes em irmos a Santa Maria, por ser um Hospital Público, mas ele queria ir ao Cuf Descobertas, para ser atendido mais depressa. Eu disse "Ó pai, vá antes a Santa Maria, porque os hospitais privados são um negócio para ganhar dinheiro, e para as tias ricas de Cascais serem tratadas com mordomias, aquilo é esquisito."

Eu agora vou comparar o atendimento médico da minha mãe esta noite em Santa Maria (Excelente! A tal Utopia Comunista/Socialista de que a Europa é acusada pelos norte-americanos de ferir o American Way of Life), com o atendimento há 4 anos no Cuf Descobertas (ideologia norte-americana e de alguma Europa de Leste pós-soviética).

No dia em que o meu pai faleceu, ele teve uma ruptura da aorta há hora de almoço, que começou a deitar sangue para dentro do estômago e a fazer pressão no nervo da coluna. Ninguém sabia disso na altura, e ele apenas se queixava de não conseguir comer e de dores fortes nas costas. A minha mãe só me avisou à noite e quando cheguei a Lisboa, levei o meu pai ao hospital (Cuf Descobertas, contra a minha recomendação), chegámos à meia-noite e ele desmaiou logo na recepção, após sair do meu carro. Eu estive lá 4 horas à espera, e às 4 da manhã vem um médico falar comigo a dizer que estava tudo bem, que tinham apenas a tensão arterial baixa, e para eu o ir buscar as 9 da manhã. Perguntei se podia falar com o meu pai e o médico disse que sim. "Ó Pai, que exames lhe fizeram?" ele respondeu "nenhum". E eu fiquei escandalizado, por não fazerem sequer um raio x ao estômago ou à coluna. Então um homem não consegue comer e tem fortes dores nas costas, e não lhe fazem análises ou exames? Que barbaridade medieval vem a ser esta? Que ganância de modelo de negócio de hospital privado "Lucros Ubber Alles" vem a ser este?

Ele teve morte cerebral pelas 5:30 da manhã, e só depois do meu pai estar cerebralmente morto, é que resolveram fazerem uma eco ao estômago e coluna, possivelmente algum protocolo para sacarem mais dinheiro do seguro.

Eu depois recebi em casa uma factura de 4000 euros, em que o seguro pagava 90% e eu tinha de pagar 400 euros por eles deixarem o meu pai morrer. A maioria desses 4000 euros eram os tais exames caros que lhe fizeram depois de eles estar cerebralmente morto, apenas para sacar dinheiro ao seguro e à família. Quando podiam ter feito os exames para lhe salvar a vida, não o fizeram, por alguma indicação do dono ganancioso do hospital, cujo objectivo é ganhar dinheiro e não salvar a vida às pessoas.

A minha irmã pediu-me para ir lá solicitar o relatório médico, onde tinha as horas e tudo apontado, ela estava com ideias de apresentar uma queixa-crime contra o hospital, por negligência médica. Mas não o fizemos.

Agora irei relatar o tratamento médico da minha mãe hoje/ontem (ainda não dormi) no Hospital de Santa Maria.

Cheguei às 17:15, 15 minutos de espera para a triagem e deram-lhe uma pulseira amarela (prioridade 3 de 5, método de Manchester), 1 hora de espera na zona amarela. A minha mãe estava com sangue nas fezes, com isso a médica receitou-lhe logo um batalhão de exames e andei a correr a empurrar a cadeira de rodas dela, de sala em sala, assim que sai de um exame, chamavam logo no altifalante para o próximo, foi análises ao sangue, raio-x ao abdómen, electro-cardiograma e sala de enfermagem. Depois uma hora e meia de espera (pelos resultados) e em seguida nova consulta com uma médica, que me perguntou informações sobre o historial da minha mãe e mandou fazer mais exames (sonda ao estômago pelo nariz, e exame do ânus para ver donde vinha o sangue. Mais horas de espera e transferência para a especialidade de Gastroenterologia. Ficou internada para observação e possivelmente terá uma ruptura no intestino. Cheguei a casa às 3 da manhã, mas valeu a pena este tempo pela quantidade de exames que lhe fizeram e pela qualidade dos cuidados médicos.

Perdi o meu pai porque ele quis ir a um hospital privado, onde ficou 4 horas sentado num cadeirão, onde apenas lhe mediram a tensão (desgraçados dos médicos da Cuf Descobertas que são impedidos de salvarem vidas, para poupar custos de exames aos donos gananciosos desse "hospital"-negócio). Mas em Santa Maria os médicos portugueses fazem o seu trabalho e o belo do manguito a alguma directiva do Estado que aconselhe a poupança de dinheiro. A minha mãe está em boas mãos.

Um ano depois do meu pai morrer, pedi a um médico do centro de saúde, que me passasse credenciais para eu fazer exames de prevenção à causa da morte do meu pai (estas coisas são hereditárias, e eu tenho os mesmos vícios do meu pai), isso foi em 2015 em plena crise com cortes no orçamento para a Saúde. Sabem o que o médico velhote me respondeu? Ele disse que tinha ordens do governo para evitar pedir esse exame, porque era muito caro para o estado, mas que estava fulo e furioso com essa circular/norma do governo português e disse algo do género "eles (o estado português) que vão para o caralho, se não querem que eu receite este exame a um doente que precisa, porque é caro!" "Eu vou-lhe receitar o exame, mesmo que o estado não queria, porque acho que o senhor precisa, se depois me chamarem à atenção por eu receitar exames muito caros, eles que vão à fava!". Isto passou-se num centro de saúde numa vila ribatejana com praça de touros, e boa gente do campo, onde eu morava. Não irei precisar o nome da vila ou do médico, mas aqui está um médico como deve ser, que não aceita directivas do governo para dissuadir os médicos de passarem exames caros.

Eu estou mesmo muito cansado, estive ontem sem comer até as 3 da manhã, e agora nem consigo dormir com os nervos, mas queria deixar o meu testemunho contra o hospital privado Cuf Descobertas e a favor do Hospital de Santa Maria. Espero que o meu depoimento possa salvar a vida a algum familiar de um leitor do fórum, que esteja com ideias de ir a um hospital privado, falo seriamente.

Para além do meu testemunho, lanço o debate do porquê o nosso (Europa Ocidental e Portugal) Sistema Nacional de Saúde, que é o melhor e o mais justo do mundo, ser atacado pelos norte-americanos acusando a Europa de ser "Socialista" (uma palavra muito feia, ofensiva e acima de tudo "Unamerican") que não acham bem que um português pobre tenha direito a cuidados hospitalares gratuitos, pela razão de ele não ter ganho dinheiro suficiente para pagar algo que não deve ser grátis. Os americanos que atacam o nosso SNS, por exemplo em muito comentários de vídeos políticos no You Tube, que eu vi quando rebentou a crise em Portugal e na Grécia, não representam o Zé Povinho americano que tem inveja de Portugal e até teve falsas esperanças com a vigarice do "ObamaCare" (O Barrack Obama engrupiu o povo pobre norte-americano a julgar que algum dia os EUA poderiam ter o SNS português, valeu-lhe uns votos... ). Quem ataca o nosso SNS são o governo e os media oficiais, que impõem os ideais bárbaros do empreendedorismo e meritocracia norte americana (se não tens jeito para o negócio e não consegues ganhar dinheiro, então morre já porque és um falhado e não haverão hospitais públicos para ti), e a partir daí surgem os fascistas americanos do costume a acusarem a Europa de ser socialista ou comunista, por ter hospitais gratuitos, se algum americano pobre elogia o SNS português é logo acusado de ser anti-patriota e traidor aos ideais da pátria norte-americana, "In God We Trust" e essas cagadas fascistas lá deles, que parecem saídas do Franquismo e Salazarismo!

Samwise wrote: April 27th, 2018, 12:09 am

drakes wrote: April 26th, 2018, 3:33 pm Só um adendo, é muito estranho em todos locais onde a corrupção que o problema sejam juízes, promotores e imprensa que investiga os crimes, sempre aparece alguém procurando algum pelo em ovo e nunca discute o conteúdo dos crimes, por isso não me estranha quando leio ataques a imprensa investigativa como a do Sr. Vicente Jorge Silva.

Drakes, o último texto dele sobre a Operação Marquês está aqui: link.

Por acaso não considero que ele esteja propriamente a atacar a imprensa de investigação, mas apenas manifestar o desagrado perante a forma como divulgaram algumas imagens e escutas neste caso que envolve o nosso Ex-Primeiro Ministro José Sócrates, por considerar que é populismo "dramatizado". Talvez que o caso lhe seja particularmente próximo em termos de "cor política", mas ele é uma pessoa com obra feita em orgãos de comunicação social de relevo e referência em Portugal, alguém que percebe a importância da imprensa independente (liberta do poder político, isto é) e do (bom) jornalismo de investigação.

Existe um roteiro básico em vários países sobre como é minimizado os estragos que trazem as investigações sobre corrupção e sua divulgação, são eles:
1) culpar a imprensa por dar espaço a “vazamentos seletivos”, um clássico absoluto;
2) pedir investigação do ministério público sobre a Polícia; se a investigação estiver muita avançada pede-se para investigar o juiz;
3) reclamar das tentativas de se atingir a honra e/ou a família;
4) dizer que os investigadores querem manchar a imagem do país no exterior e,
5) dizer que os ataques atingem a instituição da política do país.

De preferência se corrobore com alguém de tenha credibilidade esses ataques, não sei se é o caso em Portugal, mas sim na Itália, Angola, Japão, Coreia, Argentina, Peru e Brasil.

obs: depois que escrevi o texto, o atual "presidento" do Brasil fez um pronunciamento onde todo o roteiro foi usado para defender de novas denúncias.

@José Miguel depois passarei por aqui com calma, mas queria só mandar-te uma abraço e as melhoras da tua mãe.
Tenho seguro de saúde, e sempre sempre que acho que é algo grave prefiro sempre um hospital público. Sempre que alguém tem um problema cancerígeno pergunto sempre se foi acompanhado no IPO...
Não é que façam milagres os serviços públicos em Portugal, mas em termos de saúde sinto sempre mais segurança nestes.

Conheço várias histórias, mas lembro apenas uma. A minha filha mais velha engoliu uma moeda, e eu tinha a certeza disso. Liguei para o Pediatra que me aconselhou Hospital de Estefania...
Quando lá cheguei, e depois de uma / duas horas a maior segurança que tive foi de uma enfermeira que me perguntou apenas qual o valor da moeda, e depois acabou por contar que o médico da urgência só nesse dia já tinha tirado umas quatro por endoscopia... Este tipo de segurança que vem de procedimentos repetidos... nunca um privado o terá, por melhores médicos que tenham.

Mas a Europa tem vários tipos de sistemas de saúde, sendo todos a oposição do americano... O nosso é muito baseado no francês... e nisso tivemos sorte.
Claro que sei que há experiências negativas em hospitais públicos... que positivas em privados. A minha opinião no entanto mantêm-se após ouvir dezenas de exemplos.

Quando fui pai... pensamos muitas vezes em se iríamos ter a criança no privado ou na MAC (Maternidade Alfredo da Costa)... uma amiga nossa infelizmente perdeu o bebé no oitavo mês... depois veio de urgência para a MAC...
Não sei se foi por falta de experiência, se por tentativa desesperada... mas a simples ideia de que o melhor seria a MAC... fez-nos pensar... que se dane o conforto de dois dias, prefiro ter ao dispor uma equipa profissional e super habituada a lidar com cenários complexos.

Mas é um tema complexo a saúde e o €€€... quanto vale a vida de um homem, quanto vale prolongar a vida de um homem, vale a pena pagar x para dar seis meses a uma pessoa, quando x dá para pagar o tratamento a 200 doentes? Quem fixa o X...

Eu tenho sentimentos mistos em relação ao SNS vs Privado, acho que os 2 devem funcionar em simultâneo. O SNS é sem dúvida mais barato mas tem muita burocracia e demoras.
A minha experiência quando tive o problema cardíaco foi assim, assim para o SNS.

Tinha uma válvula aórtica biscuspide (2 cavidades em vez das 3 habituais no coração), uma doença congénita que afecta menos de 2% da população. Quando chega aos 40 anos ou mais pode provocar a calcificação da válvula devido ao esforço extra.
Nunca foi diagnosticada nas minhas consultas habituais do médico de família - também nunca me tinha queixado de nada.

A certa altura deixei de conseguir dormir bem - acordava com falta de ar e apenas conseguia dormir algumas horas por noite. Era Verão e as minhas tentativa de marcar uma consulta no médico de família era demorada pois ele estava de férias e a seguir já tinha muitas marcações. Só conseguia consulta para daí a 3 meses - notem que não mencionei que era urgente pois não sabia o que se passava.

Em vez de esperar os 3 meses fui a um médico privado que me atendeu ao fim de 2 dias. Depois de explicar o que se passava ele auscultou-me e disse logo que eu tinha uma insuficiência cardíaca. Deu indicações para fazer urgentemente uma série de exames e não fazer esforços.
Se fosse no SNS estava mais uns tempos à espera para fazer os exames. Fui à CUF e tive os resultados em menos de 1 semana. Com o resultado dos exames o médico diagnosticou o problema e recomendou para consultar um especialista pois deveria ter de ser operado.

Como ainda não conseguia a consulta no médico de família decidi ir ao Hospital da minha área, já que era uma situação urgente. Depois de passar 8 horas nas urgências lá me atenderam confirmaram o disgnóstico e indicaram que estava bem dentro dos limites para ser operado, mas como das salas de operação apenas havia uma disponível pois a outra estava em obras, não fui considerado como prioritário e mandado para casa para repousar sem fazer esforços.
Para colocar baixa no trabalho não chegava a declaração do hospital, precisava da baixa do médico de família o que me levou mais umas semanas. Entretanto continuava a não haver vaga e fiquei 3 meses à espera para ser operado. E mesmo assim fui operado porque fui novamente às urgências (mais umas horas de espera) e um médico indicou que fosse internado noutro hospital porque depois era fácil proceder à transferência interna entre hospitais e aí já podia ser operado.

Depois disso já não tenho razão de queixas. A operação correu bem bem como a recuperação. O custo total no SNS foi mais das consultas de urgência que da operação, ou seja foi quase de graça.

Como digo tenho sentimentos mistos. Se tivesse só ido ao SNS provavelmente tinha morrido antes de ser operado, ou mesmo diagnosticado. A burocracia e as demoras foram francamente más. Por outro lado o custo foi baixíssimo em relação aos privados e uma vez tudo encaminhado fui tratado de forma excelente.

Como os demais, tenho estórias pessoais e familiares na memória sobre experiências decorridas no sistema de saúde público e privado e não posso, tal como o Pedro, fazer pender a balança para um lado ou para o outro. Em algumas ocasiões a coisa correu melhor no público, noutras foi no privado. A mais grave de todas, que salvou uma vida, foi resolvida no privado (no público, por conta dos tempos de espera, essa pessoa teria morrido), e com a ajuda de um seguro de saúde que por acaso cobria a situação, e a segunda mais grave, que envolveu uma possibilidade de morte, foi resolvida no público (porque tinham os médicos mais habilitados), mas não quero e NÃO POSSO generalizar a partir destes casos o que acho dos dois sistemas.

Penso que devem coabitar lado a lado e permitr a cada um escolher segundo a sua preferência, situação específica e condições que oferecem à partida. A variedade de escolha será sempre a situação que dá mais possibilidades e liberdade aos utentes.

Penso também que quer num lado como no outro há a situação muito concreta da SORTE em ser atendido por alguém que se preocupe de facto com o estado do doente, investigue a fundo o que se passa, e que faça os possíveis para orientar correctamente as operaçãoes, independentemente dos meios de que o local dispõe - e este factor, mais do que todos os outros, é determinante para o resultado da questão.

Obrigado ao Rui Santos, Pedro Carvalho e Samwise pelas vossas respostas.

Este tópico sobre o SNS que lancei, continha vários assuntos.

Eu escrevi o tópico quando estava muito mal, depois de estar 9 horas no hospital de Santa Maria com a minha mãe (a propósito, paguei 25 euros de estacionamento, wtf? ).

Senti grande necessidade de fazer um desabafo pessoal e fiquei muito contente ao ler hoje as três respostas, também com testemunhos sobre o sistema hospital público português versus o privado, especificamente na parte crítica de uma pessoa morrer ou não, que é a que mais dói.

Esse assunto será o mais importante para nós, os portugueses.

Mas no nosso fórum também temos o Drakes do Brasil, que se calhar olha para esta discussão e fica arreliado ao ver o povo português a queixar-se de barriga cheia. Vi uma reportagem no telejornal, sobre os hospitais brasileiros (durante os jogos olímpicos de 2016) e aquilo metia pena.

Mas mais pena mete o sistema de saúde dos EUA, um país "cara de pau" (sem vergonha na cara) que invade militarmente outros países em nome do bem, e que derruba à força democracias na América do Sul, colocando ditadores sanguinários pró-USA no governo.

Aqui está um depoimento de um turista americano que adoeceu na Europa, e que ficou chocado com o SNS europeu:

É para isto que servem as novas tecnologias! Para vermos um homem californiano a relatar o sistema hospitalar da União Europeia, e a denunciar a miséria dos EUA, país de merda do 3º mundo, de uma maneira que chegue ao povo norte-americano, para que eles comecem a pensar e a questionar essas ideologias fascistas-capitalistas dos "States".



Em relação à ex-União Soviética hoje:

Epá! Uma das senhoras que cuidam da minha mãe há muitos anos, é uma mulher ucraniana da minha idade. Ela é muito boa pessoa e em 1991 quando se desintegrou a URSS, também era adolescente como eu. Sobre política e cinema não consigo falar com ela, já lhe mostrei alguns clips que eu fiz para o DVD Mania de filmes do país dela e ela não gosta nada desse tipo de cinema, acho que ela apenas vê filmes russos românticos, com uma antena parabólica no prédio de Lisboa. No fundo esta grande senhora que cuida da minha mãezinha, era uma camponesa adolescente, na escola secundária da aldeia, quando se desintegra a URSS e a Ucrânia fica com 90% de taxa de desemprego.

Ela depois veio com o marido para Portugal trabalhar (situação clássica que todos conhecemos). Actualmente o marido sofre de uma doença grave cujo tratamento custa uma fortuna na Ucrânia, mas é grátis em Portugal com o nosso SNS. Ela contou-me que num hospital da Ucrânia gasta entre 300-500 euros quando o marido vai a uma consulta, que ela apenas pode pagar porque esteve a trabalhar décadas em Portugal, como cozinheira, mulher a dias e cuidadora de idosos. Em tempos a URSS deteve o prestígio do melhor sistema hospitalar do mundo, em nome do Comunismo. Agora é esta bela merda...

A filha desta senhora está a tirar o curso de Medicina na Ucrânia, nós em Portugal sabemos que esse curso é sagrado e só é válido em faculdades públicas do Estado, tal como a Engenharia só é válida do IST, ISEL, ISEP, ISEC e afins, não sendo aceite "Engenharia do Chocolate" em faculdades de engenharia privadas a gozar na cara do povo português e a fazer pouco dos alunos de engenharia do IST, ISEL e afins. Ela conta-me que tem de subornar os professores duas vezes por ano (suborno de 100 dólares) para ela passar de semestre. Corrupção de merda! Uma médica ucraniana tem de pagar 100 dólares duas vezes por ano, para passar de semestre! Esta nova geração de médicos de leste, já não serão os famosos médicos soviéticos muito competentes, que emigraram para Portugal, esta geração é a do ministro José Sócrates que compra cursos de Engenharia.

Ataque pelo povo português à embaixada de Espanha em 1975



Isto vem a propósito de eu ter acabado finalmente de ver os mais de 300 episódios da série espanhola Cuéntame cómo pasó, é que descobri a série num hotel espanhol em Outubro passado, e fiquei fascinado quando vi filmagens reais do ditador Franco muito triste a lamentar-se dos irmãos portugueses já não serem fascistas.

Irei investigar melhor o evento (não sei nada acerca dele) e quero mesmo fazer um vídeo com as imagens reais do Franco muito triste por o povo português ser livre, porque sei que irá agradar à maioria dos leitores do DVD Mania.

O meu tópico desta maravilhosa série espanhola (os espanhóis não são cineastas corruptos, incompetentes, tristes e mentecaptos como a maioria dos cineastas portugueses) na secção de TV do DVD Mania:

viewtopic.php?f=40&t=52424&p=635834

EDIT: Quando eu criei este post, chamei nazi ao autor do vídeo, mas cometi uma imprecisão, pois ele é apenas um fascista que pretende o retorno da ditadura de Salazar. Isso é para mim muito grave, mas o sujeito português que criou o vídeo está no seu direito de o fazer, por não conter nazismo, pois isso seria punível com prisão. A democracia serve para os fascistas terem liberdade de expressão e temos de respeitar isso, embora o vídeo ofenda os meus valores pessoais. Sendo assim editei a mensagem e fica apenas a descrição do vídeo criado pelo fascista português.

Fascismo português hoje

Quando eu estava à procura de material audiovisual acerca do fim do fascismo em Espanha, encontrei este vídeo português.



Esta é descrição que o autor português faz ao vídeo:

"O Generalissimo Francisco Franco agradece a Portugal a valiosa ajuda prestada durante a Guerra Civil Espanhola. Dois países irmãos e rivais que se uniram para vencer um inimigo comum: O veneno marxista. Viva Portugal! Viva Espanha!"

Um vídeo brasileiro muito interessante (concordo com tudo o que o narrador diz), que explica a pouca vergonha de haverem dois países fascistas na Europa (Portugal e Espanha) até aos anos 1970. Um Salazar e um Franco "muito inteligentes" que lixaram os povos ibéricos durante 30 anos após a derrota do fascismo na 2ª guerra.

JoséMiguel wrote: April 29th, 2018, 11:52 pm Em tempos a URSS deteve o prestígio do melhor sistema hospitalar do mundo, em nome do Comunismo. Agora é esta bela merda...

Devia ser um consolo para a população, pelo menos para aqueles que conseguiam sobreviver ao regime sanguinário.

Rui Santos wrote: April 22nd, 2018, 1:52 pm @José Miguel, honestamente penso que tivemos um homem muito parecido em Portugal ao Rei JC, o Presidente de Republica General Ramalho Eanes, acredita que entre a esquerda radical pós 25 abril e os amantes de Salazar, passando pelos militares sedentos de poder... foi o único com uma visão de futuro correta, e um verdadeiro democrata no meio do caldeirão de confusão que foi Portugal, quer no verão quente de 75 quer até à revisão da constituição salvo erro de 1982.
Apenas errou quando se deixou enganar pelo PRD, mas foi o primeiro a saltar fora quando percebeu que era um erro.
Depois disso, está calmamente calado, e ainda recentemente numa entrevista ao expresso mostro como é um tipo às direitas... como poucos.
As entrevistas que o expresso fez a ex-PR depois do 25/04... ver Ramalho Eanes, Jorge Sampaio...e depois ler Cavaco Silva

Rui Santos, devido à nossa diferença de idades e por eu ser mais novo, apesar de eu conhecer esses eventos-chave portugueses dos anos 1970, faltam-me as noções de eu saber quem foram os vigaristas após 1974. Por exemplo entre 1999-2001 a Imprensa norte-americana lançou em duas ocasiões artigos de Primeira Página acerca de Portugal, a primeira ocasião foi aquando da desclassificação dos arquivos secretos da KGB soviética, pela Federação Russa, acerca do 25 de Abril. A segunda ocasião foi aquando a desclassificação de documentos da CIA acerca do 25 de Abril. Ambos os arquivos declassificados da KGB e CIA batiam certo um com o outro e explicavam que o Partido Socialista (um partido de Direita que utiliza o termo "socialista" para gozar na cara do povo português) foi financiado pela CIA e que o Mário Soares era uma marioneta comandada pelo governo norte-americano.

Como eu não consigo encontrar os arquivos on-line dessas notícias, façam de conta de que já cá não está quem falou, não vá algum político fazer uma queixa de difamação contra mim. Nesse caso, se calhar eu tive alguma falha de memória e não me recordo bem da notícia que li no "Yahoo News" há 20 anos atrás.

O que ambos os documentos americanos e soviéticos explicavam, era que Portugal iria tornar-se um país Comunista alinhado com a URSS, mas o Nixon foi à China e assustou o "Premiere" da União Soviética com a "questão" de Portugal. Segundo os arquivos desclassificados pela CIA e KGB, o Nixon disse ao líder soviético algo parecido com o seguinte:

Nixon - Ó Rapaz! Nós com o Vietname já mostrámos estar dispostos a mandar os jovens americanos para a morte, numa guerra impossível de ganhar, por um pedaço de selva na Conchichina (designação portuguesa para o Vietname, no tempo dos Descobrimentos). Isso foi uma brincadeira... Com Portugal nós não brincamos e iremos invadir Portugal com todo o poderio do exército americano, não aceitamos um país comunista aliado com a URSS na Europa Ocidental. Por isso dêem a ordem à vossa marioneta do PCP (Álvaro Cunhal) para baixar a bolinha, não levantar ondas, e permitir a eleição da nossa marioneta americana (Mário Soares) do PS.

Ambos os artigos desclassificados da CIA e KGB terminavam aí.

Segundo estes dados Portugal nunca teve um governo socialista, ao passo que em 1982, em Espanha o PSOE foi eleito. O PSOE espanhol é um partido de Esquerda-Marxista com mais de 100 anos de existência, que não contém marionetas americanas da CIA como o PS português, ao mesmo tempo a URSS fez "muita merda" no século XX, pois todos os países comunistas eram também ditaduras, quase todos vassalos da Rússia. Por isso só quando o PSOE abandona a ideologia marxista é que ganha as eleições em Espanha em 1982, evento que marca o início da democracia espanhola (até 1982 estavam os homens do regime franquista no governo).

In their 27th congress in May 1979, González resigned because the party would not abandon its Marxist character. In September of that year, the extraordinary 28th congress was called in which González was re-elected when the party agreed to move away from Marxism. European social-democratic parties supported González's stand, and the Social Democratic Party of Germany granted them money. PSOE party symbol was changed from the anvil with the book to the social-democratic rose in the fist, as used by the French Socialist Party. In the referendum of 1978, PSOE supported the Spanish Constitution, which was approved. In the 1979 Spanish general election PSOE gained 30.5% of the vote and 121 seats, remaining the main opposition party. On 28 October 1982 Spanish general election, PSOE was victorious, with 48.1% of the vote (10,127,392 total). Felipe González became Prime Minister of Spain on 2 December, a position he held until May 1996.

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Spanish_S ... s%27_Party

Estas eleições espanholas de 1982, ocorrem após o corte total de fundos pela União Soviética por volta de 1979/1980 ao Partido Comunista Português, Partido Comunista Espanhol, etc. que antecede a Glasnost e a Perestroika. Mas o 25 de Abril de 1974 ocorre dentro do período de forte Guerra Fria, quando a Rússia ainda financiava os partidos comunistas em todo o mundo (para combater em pé de igualdade a influência americana da CIA).

PS: Procurei um curto vídeo para ilustrar a vitória do PSOE em 1982, com grande cuidado para não tomar partido político ou fazer propaganda, não sou espanhol e fico um pouco à toa, mas este pequeno vídeo pareceu--me bem:

JoséMiguel wrote: May 5th, 2018, 12:06 am
Rui Santos, devido à nossa diferença de idades e por eu ser mais novo, apesar de eu conhecer esses eventos-chave portugueses dos anos 1970, faltam-me as noções de eu saber quem foram os vigaristas após 1974. Por exemplo entre 1999-2001 a Imprensa norte-americana lançou em duas ocasiões artigos de Primeira Página acerca de Portugal, a primeira ocasião foi aquando da desclassificação dos arquivos secretos da KGB soviética, pela Federação Russa, acerca do 25 de Abril. A segunda ocasião foi aquando a desclassificação de documentos da CIA acerca do 25 de Abril. Ambos os arquivos declassificados da KGB e CIA batiam certo um com o outro e explicavam que o Partido Socialista (um partido de Direita que utiliza o termo "socialista" para gozar na cara do povo português) foi financiado pela CIA e que o Mário Soares era uma marioneta comandada pelo governo norte-americano.

Fora a opinião sobre o partido de "direita", o "gozar na cara dos portugueses", e a "marioneta", o resto é factual e penso que seja do conhecimento público de forma alargada. É caso para dizer, "graças a deus", porque a alternativa teria significado a continuação do nosso atraso civilizacional, escravidão e submissão ao totalitarismo (desta feita por conta de forças do espectro político oposto).

Como eu não consigo encontrar os arquivos on-line dessas notícias, façam de conta de que já cá não está quem falou, não vá algum político fazer uma queixa de difamação contra mim. Nesse caso, se calhar eu tive alguma falha de memória e não me recordo bem da notícia que li no "Yahoo News" há 20 anos atrás.

Difamação por conta de quê? (não entendi).

Se tiveres mesmo interesse em conhecer a história, há vários livros publicados sobre o assunto, como por exemplo este, bem recente: https://www.dn.pt/artes/interior/livro- ... 18856.html

José Miguel, à tua atenção:

https://www.publico.pt/2008/09/22/polit ... 75-1343564

Partilho um excerto, apenas para falar de uma obra onde o assunto do envolvimento dos Estados Unidos na política portuguesa durante o PREC é mesmo central, e pela qual poderás ter interesse. Eu, pessoalmente, prefiro mil vezes consultar obras escritas por historiadores credenciados (várias, de preferência, para poder cruzar fontes), do que basear as minhas opiniões em "sabedoria de Internet", e em consultas à wikipedia, onde muitas vezes os textos são escritos de forma "oblíqua" e depois lidos na "diagonal".

A revelação é feita no livro "Carlucci vs. Kissinger - Os EUA e a Revolução Portuguesa", de Bernardino Gomes e Tiago Moreira de Sá (Ed. D. Quixote) que, com recurso a documentos desclassificados dos arquivos norte-americanos, reconstitui em cerca de 500 páginas a forma como os Estados Unidos acompanharam a situação em Portugal de 1974 a 1976.

Quanto ao livro:
https://www.wook.pt/livro/carlucci-vs-k ... mes/219150

http://expresso.sapo.pt/actualidade/fra ... gs.NpNYEFc

Artigo de opinião (que eu subscrevo na totalidade) por Pedro Filipe Soares, do BE, sobre o sigilo bancário e a factura que andamos todos a pagar...

https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/pe ... 25050.html

Sigilo bancário, o abrigo da corrupção

Conhecer os grandes caloteiros dos nossos bancos? Jamais, disse Carlos Costa, governador do Banco de Portugal. A afirmação terá sido indignada - credo! - e levou logo à utilização do argumento nuclear do "enquadramento legislativo europeu, incluindo o regulamento do mecanismo único de supervisão".

Para Carlos Costa é aceitável a banca pedir dinheiro às pessoas para tapar os seus buracos. Na Caixa Geral de Depósitos foram injetados 2 mil e 800 milhões de euros; a fatura do BPN já vai em mais de 5 mil e 500 milhões de dinheiro público e o fim ainda não está à vista; a falência do BES já nos custou mais de 5 mil milhões de euros e, novamente, a conta ainda está por fechar; para o Banif, já contribuímos com 4 mil e 800 milhões de euros de dinheiro de todos nós; BCP e BPI levaram de empréstimos mais de 4 mil milhões de euros no período da troika, enquanto salários e pensões estavam a ser cortados.

O impensável para o governador do Banco de Portugal é conhecerem-se os protagonistas dos negócios ruinosos que criaram os buracos nas contas dos bancos. O buraco financeiro é público, a responsabilidade é incógnita. Pagamos e não bufamos, sem saber porquê, defende Carlos Costa. Creio que o absurdo desta afirmação indigna a grande parte da população que foi sacrificada para que aos bancos nunca faltasse dinheiro.

É sabido que os grandes incumpridores de créditos bancários, que somam centenas de milhões em negócios ruinosos, beneficiaram muitas vezes de favores políticos de quem dirigia o banco. O BPN, por exemplo, não deixa dúvidas, dado o seu conselho de administração facilmente poder ser confundido com um conselho de ministros de um governo do PSD. O BES, sabemos cada vez melhor, esteve envolvido até à medula no escândalo de José Sócrates e era gerido pelo Dono Disto Tudo Ricardo Salgado, cujos tentáculos chegavam a todos os governos dos últimos 25 anos. O Millennium BCP foi, na década passada, caso de polícia na disputa do seu controlo.

Alguns exemplos conhecidos, alguns segredos que ainda estarão escondidos, mas a verdade é que a relação entre a política e os negócios foi sempre intermediada pela banca. Manter o segredo dos grandes devedores é manter no anonimato os negócios que afundaram a banca nacional e que sacrificaram as contas públicas. Carlos Costa pode ser o seu advogado de defesa, mas não tem aprovação pública para a manutenção desse privilégio.

Tornar público quem são os grandes devedores é um primeiro passo para garantir um escrutínio popular aos desmandos da banca e um motivo para maior exigência na atuação do sistema financeiro. O combate à corrupção também passa por aqui.

O segundo passo para reforçar o combate à corrupção é o levantamento do sigilo bancário. Esta medida não serve para promover o voyeurismo fiscal, antes é um pilar essencial para combater a fraude e a evasão fiscais - que tanto dinheiro rouba aos serviços públicos - e garantir que se pode seguir o rasto do dinheiro para prevenir rendimentos indevidos e ilícitos.

Há quase dois anos o Presidente da República vetou uma iniciativa do governo para levantamento do sigilo bancário. Na altura, Marcelo Rebelo de Sousa disse que se vivia uma instabilidade financeira que tornava "inoportuna" esta mudança legislativa. Foi uma opção que considero errada. Se não o tivesse feito, estaríamos hoje em melhor posição para combater a corrupção e a evasão fiscal. Contudo, como o tempo não anda para trás, acautele-se o futuro.

A proposta de levantamento do sigilo bancário é para contas bancárias com valor superior a 50 mil euros, permitindo à Autoridade Tributária cruzar dados com os rendimentos declarados e detetar oscilações de património inexplicáveis. Porque é essencial combater a corrupção e a evasão fiscal, o Bloco de Esquerda anunciou que levará o tema a debate e votação no próximo dia 17 de maio. Em boa hora foi feito esse anúncio, dado que o Presidente da República rapidamente veio admitir que os tempos são outros e demonstrou abertura para esse processo.

No debate parlamentar, António Costa desafiou o Bloco de Esquerda a convencer o Presidente da República. A facilidade da resposta presidencial torna difícil compreender o ceticismo do primeiro-ministro. Em todo o caso, se a dúvida existia, está ultrapassada.

O repto está agora lançado aos partidos na Assembleia da República: estão disponíveis para acabar com o sigilo bancário e dar um passo fundamental no combate à corrupção e à evasão ​​​​​​​fiscal? Ou querem continuar a dar cobertura à corrupção?