The Village - Alguem já viu?!?!

Discussão de filmes; a arte pela arte.

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Frances
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Post by Frances »

Por acaso, quando te vi ansiosa por ir ver o filme, pensei para comigo "ela não vai gostar".
Opiniões são opiniões, mas filme parado? Mil vezes um filme assim do que uma edição nervosa que nem deixa respirar os planos. Shyamalan tem um talento como realizador de que só alguns se podem gabar, porque aliado ao talento de saber escrever, Shyamalan também sabe contar histórias.
Quanto ao twist ter ou não muito impacto, considero que isso acaba por secundário no caso do "The Village".

Aproveito o post para realçar a estreia da filhota do Ron Howard, Bryce Dallas Howard. Espero é que não caia no estigma das personagens complicadas, já que a seguir vai ser a Grace nas mãos de lars von Trier, em substituição da Nicole Kidman. Aliás, quando a vi andar nos bosques, pensei logo "já em treino para as personagens femininas do Trier" :roll:
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alquimista
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Post by alquimista »

Quanto ao twist ter ou não muito impacto, considero que isso acaba por secundário no caso do "The Village".
Completamente de acordo Frances. Em relação a isto e a tudo o que disseste também.
8)
Uma das coisas que gostei muito no filme foram os dialogos. Adorei a maneira como os personagens foram desenvolvidos e cada momento de silêncio falava mais do que qualquer linha de diálogo.
O problema dos silêncios do Shyamalan é que não foram feitos para o público actual. Para muita gente uma parte silenciosa inconscientemente quer dizer que não se esta a passar nada no filme e como não está nada a ser explicado parece que não sabem apreciar o conteudo da imagem pela imagem e a maneira como ela é usada para contar a historia e transmitir emoções. Por muitas referencias que o Shyamalan tenha no seu cinema,para mim ele está a tornar-se um mestre no que "copia" ao ponto de tal facto já se ter tornado verdadeiramente num estilo próprio maduro.
Cinco estrelas a este filme sem qualquer problema. Mesmo sem qualquer surpresa na historia.

:!: SPOILERS: Quem JÁ VIU o filme e espreite então aqui estes links. Se não viram ainda o filme não o façam pois isto vai estragar-lhes a surpresa. :!:
http://www.thetowntalk.com/html/1A1CF3F ... 155F.shtml
http://catholickey.org/index.php3?gif=n ... le_id=3042
END OF SPOILERS :!: :wink:
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Requiemaa
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Post by Requiemaa »

Fui ve-lo ontem e gostei bastante. Depois da (minha) desilusão com o Signs Shyamalan conseguiu fazer mais uma bela obra cinematográfica e um excelente exercicio sociológico e político com influencias notórias de Platão e de Jean-Jacques Rosseau.

9/10

Abraço
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onix
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Post by onix »

Desculpem, mas tenho que dizer que este filme foi para mim uma autentica bosta :oops:
Miguel T
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Post by Miguel T »

(HÁ SPOILERS, MAS NADA QUE NÃO TENHA SIDO AQUI REFERIDO)


Nem tão mau quanto esperava nem tão bom quanto gostaria!
Ou seja, as minhas expectativas já eram tão baixas que acabei por não desgostar. E se não tem a força e a qualidade d'O 6º Sentido sempre está acima do inenarravel Signs.

O twist final até é bastante previsivel (não o adivinhei quanto o Joaquin sobe à torre, mas não foi muito depois - os anciãos têm um tipo de discurso em relação às cidades que só faz sentido se se referir a uma epoca moderna).
Para mim o filme tem vários problemas que se centram todos em volta das opções do realizador e da maneira com ele lidou com a história.
O história funciona como uma espécie de "matrioska" (aquelas bonecas russas que são bonecas dentro de bonecas) em que cada revelação desmonta a realidade das personagens dando-lhe um novo sentido - até que a revelação final mostra que a realidade daquelas personagens é um gigantesco embuste engendradada pelos anciãos.
Enquanto que o o twist final do 6º sentido acrescentava toda uma nova dimensão ao personagem e à sua história, este filme acaba por reduzir os seus personagens a marionetas de uma peça montada por outros.
Soa-vos a familiar? as semelhanças com Eyes Wide Shut (aka Eyes Wide Sucks :twisted: ) são algumas.
Tal como em EWS a realidade não é aquilo que achávamos, é menos do que isso. Ou pelo menos menos fantástica, menos irracional, menos ameaçadora.
Apesar disto a história é interessante, é diferente, é potencialmente muito forte. E poderia dar um filme excelente.
O problema é que uma história cuja conclusão é mais "comezinha" do que as suas premissas necessitaria de uma abordagem diferente da que Shyamalan fez.
A realização de Shyamalan é toda virada para a montagem e desmontagem dos twists, como um humorista preparando-se para a "punch line" - o que quer dizer que uma vez o punch line contado nada mais há para dizer.
Onde é que vemos isso? na fotografia, por exemplo, uma espécie de pseudo-Dogma que pretende reforçar o sentimento de época, sem no entanto o conseguir (para ver o que é uma fotogradia que reforça o sentimento de época veja-se o Barry Lindon). Na escolha dos planos, nos tiques à lá Blair Witch Project, na montagem, toda virada para a criação do suspense mais do que para os sentimentos e vivencias das personagens, etc.
Ou seja o filme é um longo exercicio de estilo, por vezes visualmente bonito (embora sem ser extraordinário), com momentos de suspense, sem dúvida, mas que se esgota aí. Questões como o que é a natureza do real? escusam de procurar, não estão lá. Sobre o direito de uns manipularem a realidade de outros? idem. Sobre a transformação dos personagens ao longo do seu processo iniciático ou em consequencia dele??? ausente em parte incerta.

Para mim o Shyamalan está a tornar-se um espécie de Orson Welles sem as desculpas.
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Kyle Jaspers
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Post by Kyle Jaspers »

Olá!

*****ESTE POST CONTÉM SPOILERS******


Fui ver o filme na Segunda, e não gostei. Devo dizer que me senti até um pouco ultrajado enquanto espectador, porque M.Night Shyamalan começa a dar provas de uma soberba e duma arrogância em relação ao seu público, que não são justificadas perante o seu talento e os seus filmes. Shyamalan começa a dar mostras de decadência criativa, ainda mais evidente aqui do que em "Sinais", o que é preocupante ao fim de quatro filmes.

Deixei passar uns dias e decidi agora dar a minha opinião, já com o benefício de alguma reflexão.

"A vila" é um falhanço imenso, e é o pior filme do seu realizador. Se, tecnicamente falando, a qualidade do filme é inegável, em termos de história e de condução da mesma é um desastre. Pior ainda, é olhar, até ao momento do esfaqueamento de Lucius, o que este filme podia ter sido, e o que é, uma resolução patética e ridícula, concebida somente para manter a tradição dos twists.

De facto, com excepção do personagem de Bryce Howard Dallas (e muito por força da interpretação da actriz e do screen time que lhe é concedido e que lhe permite "construir a personagem"), os outros actores nem se vêem, o que não deixa de ser extraordinário num filme com um elenco tão forte: Joaquin Phoenix, irritante e estático, Adrien Brody, no registo do maluquinho que só diz disparates á la "Rain Man"(Bom papel para ganhar um Óscar!), William Hurt cabotino como nunca, Sigourney Weaver e Brendon Gleason despachados com duas linhas de diálogo. Alguém aqui referiu os silêncios como sendo mais reveladores que os diálogos. Pois são...reveladores de que as personagens não têm nada mais para dizer além de clichés baratos sobre a vida e o amor, apoiados em teorias ridículas New Age, que eles próprios não respeitam. Afinal de contas, eles não se interessam em saber se as pessoas que lá nasceram e vivem querem escolher esse estilo de vida, optando por o impor através de uma cultura de terror instilada desde a mais tenra idade(a cena inicial da escola é um bom exemplo disto.).

O desenvolvimento do filme acaba por trair a ânsia do realizador em manter os seus famosos twists, sem se preocupar com a integridade da história. Mais do que em "O sexto sentido", que tem personagens e uma história dignas desse nome e é coerente, este é um gimmick movie, mas que tenta uma manipulação grosseira e insultuosa da inteligência do espectador. Um exemplo: a perseguição á rapariga cega na floresta por um suposto monstro. Já tinha sido revelado que as criaturas eram um embuste, foi mostrado o fato que os anciãos usavam, e o realizador ainda nos quer fazer engolir que o que perseguia a rapariga poderia ser um monstro autêntico(Ouve-se, no inicio da cena, William Hurt em off a dizer que as criaturas foram baseadas em boatos que poderiam ter sido verdadeiros). É claro que não o consegue, pois era óbvio que quem estava no fato era o Noah, que acabou por morrer como castigo por ter sido mau e ter esfaqueado Lucius(como se ele tivesse noção do que andava a fazer...), e percebe-se que esta cena foi metida á pressão no argumento para dar algum suspense á viagem da rapariga. O próprio valor do sacríficio que ela faz e da sua coragem é diminuido pela circunstância de ela saber que a caminhada não oferecia grandes perigos, uma vez que as criaturas não existiam. Todo o poder, a carga emocional da história de amor entre os dois desaparece perante a cretinice do final, cretinice essa sublinhada pela ridícula e surreal cena entre a rapariga e o guarda florestal.

Muitos aspectos da história ficam por explorar(a relação de Hurt e Weaver, o motivo da mutilação dos animais, que é despachado numa linha:"Foi um ancião que andou a fazer isso, mas não se irá repetir"...), fazendo-me crer que a história foi iniciada num sentido que depois teve de ser bruscamente abandonado porque o final foi revelado na Net e teve de ser alterado, já em filmagens e ás três pancadas, para se manter a surpresa.

Que desilusão, ver um filme que começa numa direcção tão interessante transformar-se numa palhaçada sem sentido nenhum...
Seria preferível manter o tom de drama sobrenatural, um conto de fadas misturado com dark fantasy, conferindo ás criaturas a qualidade mitíca que elas possuem de início, e não existirem twists, do que criar uma fábula moralizadora, mas sem moral, sobre o valor da nossa sociedade, o medo, o amor, ou seja lá que teoria social da treta que Shymalan nos quer impigir. Lamento, mas não tenho paciência para as testemunhas de Jeová!

3/10 (pela primeira hora, o resto é lixo!)

Tchau!
Last edited by Kyle Jaspers on October 2nd, 2004, 9:46 pm, edited 4 times in total.
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Post by lud81 »

*****ESTE POST CONTÉM SPOILERS******

Kyle Jaspers wrote:Olá!

*****ESTE POST CONTÉM SPOILERS******


Um exemplo: a perseguição á rapariga cega na floresta por um suposto monstro. Já tinha sido revelado que as criaturas eram um embuste, foi mostrado o fato que os anciãos usavam, e o realizador ainda nos quer fazer engolir que o que perseguia a rapariga poderia ser um monstro autêntico(Ouve-se, no inicio da cena, William Hurt em off a dizer que as criaturas foram baseadas em boatos que poderiam ter sido verdadeiros). É claro que não o consegue, pois era óbvio que quem estava no fato era o Noah, que acabou por morrer como castigo por ter sido mau e ter esfaqueado Lucius(como se ele tivesse noção do que andava a fazer...), e percebe-se que esta cena foi metida á pressão no argumento para dar algum suspense á viagem da rapariga.
Pois bem, isto para mim é um exemplo de alguém que não quer jogar o jogo dos filmes. Assim é claro que nunca sentirás suspense! Quer fosse o Noah ou não, a cena é de uma angústia total, MAS apenas para quem quiser entregar-se aos prazeres de um filme, claro! Quem vai para um filme a dizer "isto é só um filme, ele safa-se", "eu já sei isto e aquilo é previsível", etc, etc, já tem a experiência de ver um filme (qualquer filme, não apenas este) estragada a priori.
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Miguel T
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Post by Miguel T »

SPOILER
o motivo da mutilação dos animais, que é despachado numa linha:"Foi um ancião que andou a fazer isso, mas não se irá repetir"...)
Tinha ficado com a ideia que no filme se chegava à conclusão que tinha sido Noah.
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Frances
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Post by Frances »

lud81 wrote:Pois bem, isto para mim é um exemplo de alguém que não quer jogar o jogo dos filmes. Assim é claro que nunca sentirás suspense! Quem vai para um filme a dizer "isto é só um filme, ele safa-se", "eu já sei isto e aquilo é previsível", etc, etc, já tem a experiência de ver um filme (qualquer filme, não apenas este) estragada a priori.
Concordo... claro! :wink:

Já o disse antes em relação ao "The Terminal" e digo-o agora: só acredita quem quer.

Penso que há pessoas que simplesmente se deviam remeter aos noticiários e aos documentários da National Geographic. :roll:
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Miguel Duarte
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Post by Miguel Duarte »

************SPOILER*************
Até compreendo o desejo dos anciões de fugir da cidade, adoptar aquele estilo de vida. Agora fazer aquelas cenas aos animais e amedrontar daquela forma toda a gente!? Pelo amor de Deus!!
Miguel T wrote:SPOILER
o motivo da mutilação dos animais, que é despachado numa linha:"Foi um ancião que andou a fazer isso, mas não se irá repetir"...)
Tinha ficado com a ideia que no filme se chegava à conclusão que tinha sido Noah.
Eu também fiquei com ideia que tinha sido o Noah e não os anciões.

Reparei num pormenor que me intrigou e gostava de saber se mais alguém reparou: Quando a Ivy está na floresta, julgo que quando sai do buraco, reparei no canto inferior esquerdo do ecrã num objecto metálico. Na altura pensei que fosse um erro, mas no final fiquei com ideia que era uma escada igual à que o guarda tráz.
Será que foi propositado?

************SPOILER*************
Last edited by Miguel Duarte on October 1st, 2004, 1:01 am, edited 1 time in total.
Kyle Jaspers
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Post by Kyle Jaspers »

Pois bem, isto para mim é um exemplo de alguém que não quer jogar o jogo dos filmes. Assim é claro que nunca sentirás suspense! Quer fosse o Noah ou não, a cena é de uma angústia total, MAS apenas para quem quiser entregar-se aos prazeres de um filme, claro! Quem vai para um filme a dizer "isto é só um filme, ele safa-se", "eu já sei isto e aquilo é previsível", etc, etc, já tem a experiência de ver um filme (qualquer filme, não apenas este) estragada a priori.
Olá!

Lamento, mas interpretastes o sentido das minhas palavras de forma totalmente errada. Já tinha afirmado, algures neste fórum a propósito do filme "Sinais", que nada tenho contra o sistema da suspensão da descrença no cinema, desde que se respeite uma lógica interna própria da história que se está a narrar. Caso contrário, o sentido da narrativa deixa de ser coerente e credível, mesmo que estejamos a falar de extraterrestres ou vampiros.

Já vejo filmes há muitos anos, e em grandes quantidades, sendo que os meus géneros favoritos incluem filmes fantásticos, de terror, de suspense. Logo sei muito bem deixar-me levar por uma narrativa, e é isso que busco quando vejo um filme. Mas isso não é possível quando a história está notoriamente mal construída.Se tu tivesses lido o meu post com atenção até ao fim, terias visto isto:
Seria preferível manter o tom de drama sobrenatural, um conto de fadas misturado com dark fantasy, conferindo ás criaturas a qualidade mitíca que elas possuem de início, e não existirem twists, do que criar uma fábula moralizadora, mas sem moral, sobre o valor da nossa sociedade,(...)
Esta afirmação contradiz em absoluto a tua interpretação das minhas palavras.O que me aborrece no filme não é a sua previsibilidade, mas sim o total desacerto dramático e narrativo do mesmo, traduzido pela cena que usei como exemplo.Que sentido faz usar a criatura de uma forma mitíca depois de a desmisticar, e pedir assim ao espectador que assuma que "Olha as criaturas são um embuste mas,espera aí, afinal se calhar até existem?".Só se fossemos cegos como a protagonista...
A estrutura da lógica interna da história, que suporta a suspensão da descrença, desaba totalmente.

Vou dar mais um exemplo: Acho muito mais angustiante a cena da incursão inicial das "criaturas" á vila, essa sim plena de angústia e suspense, do que a perseguição de Noah á rapariga. O clima de sobrenatural, de incerteza e de temor é que cria o suspense nessa altura, e era por esse caminho que o filme se devia ter mantido, em vez de optar por explicações ridículas, que ainda, por cima, são dadas numa altura totalmente desajustada.

Logo, o meu problema não é "não jogar o jogo" do cinema, e sim recusar-me a venerar certas "vacas sagradas" na crença que nada podem fazer de errado, como alguns fazem por aqui. Já o disse, volto a dizê-lo, Shyamalan não está a conseguir traduzir nos seus filmes o talento que lhe atríbuem, sendo que "A vila" é o exemplo notório desse facto. Talvez, se em vez de ceder á tentação de produzir "a formula do twist", ele procurasse contar uma história com pés e cabeça, o filme tivesse saído melhor.

Tchau!
Last edited by Kyle Jaspers on October 2nd, 2004, 9:49 pm, edited 1 time in total.
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Post by Frances »

Kyle Jaspers wrote:Obrigado pela tua opinião de cinéfila elevada a um plano superior ao dos comuns mortais, plano esse que permite que alguém decida sobre os gostos dos outros e sobre o que devem ou não ver. É claro que os pobres desgraçados, cujos gostos diferem dos dessa soberba casta, não têm direito a mais do que ficarem em casa a acompanhar a evolução da economia ou o relato das expedições de Jacques Costeau...
:-? :-?

Agora fui eu que fui mal-interpretada e, subquentemente, ofendida. Se é essa a tua opinião sobre mim e essa é a leitura que fazes sobre o que disse (que nem era dirigido exclusivamente a ti, apenas uma generalização), lamento alguma vez ter-te incomodado.
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Victor Melo
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Post by Victor Melo »

SPOILERS EVERYWHERE


Frances wrote:
considero Shyamalan um artista das imagens, dono de uma grande classe na arte de filmar e de criar ambientes. Em "The Village" cada plano é como um quadro, desde a pequena vila perdida no meio do nada que nos devolve a outros tempos até aos bosques ("the woods" estava previsto para ser o título do filme) misteriosos, onde o silêncio é quebrado por estranhos sons e onde estão "aqueles de que não se fala".

Esta brilhante passagem da Frances exprime totalmente a minha opinião sobre o filme e o cineasta. :-)
É fantástico como através de um conceito simples e natural (uma aldeia e um bosque) o Shyamalan consegue transmitir uma atmosfera tão intensa, tão sinistra e acima de tudo, tão credível …

Apenas com um simples ângulo de filmagem o realizador consegue dotar aqueles bosques de formas fantasmagóricas … e consegue angustiar o espectador com as mesmas.
A neblina à noite, o silêncio violado pelo estalar dos ramos, os archotes a iluminar o negrume, com as chamas a balançar ao sabor do vento … tudo arrepia.
A simples referência dos anciões às criaturas, em plena luz do dia nos almoços “em família”, lança alguns ataques epidérmicos inevitáveis. :p


Também me agradou bastante o processo de desenvolvimento do filme e o ritmo adoptado para esse efeito. Percebo e respeito que muitos espectadores possam interpretar isso como “lentidão” e que possam ficar aborrecidos com os mesmos. Comigo verificou-se o contrário. Acho que acentuou ainda mais a atmosfera pretendida e até o “efeito de época” que se pretendia transmitir. Adorei digerir cada pormenor, cada ângulo, cada artefacto arcaico, cada expressão, cada diálogo dos habitantes.



Fiz questão de evitar qualquer trailer ou teaser do filme, não li nada sobre o mesmo.
Durante árduos meses de espera, embora inúmeras vezes assombrado por espectros de curiosidade, ainda bem que consegui resistir, exorcizando-os com grande esforço e mantendo essa espécie de invólucro mental inviolável. teimoso-)
Não sabia nada de nada em relação ao filme. Foi como aventurar-me numa floresta indesvendada, sem bússola, sem mapa, sem nada… e que bem que me soube perder a orientação tantas vezes … :biggrin:

Fui enganado e manipulado de forma brilhante por diversas vezes e (masoquismo à parte) adorei a sensação.

O filme não se resume ao impacto do twist final, (seria extremamente injusto minimizá-lo dessa forma) mas considero que o efeito surpresa do mesmo é de extrema importância para o desfecho final, tendo em conta o efeito emocional que visa despertar no espectador.
Frances wrote:
acabei por descobrir sem querer o final do "The Village" há cerca de um mês
Como é que isso aconteceu? :shock:




Acho que não há grande espaço para argumentar falta de coerência no desenvolvimento e desfecho do filme.
Afinal de contas o espectador é manipulado exactamente da mesma forma que as personagens do filme (com a excepção dos detentores da verdade, os anciões) foram em todas as situações.

Começamos por acreditar que realmente existem criaturas sobrenaturais naqueles bosques, tal como a maioria dos habitantes. Sucede-se um período de dúvida, tal como acontece à Ivy (o enigma é-lhe esclarecido embora o seu pai faça questão de deixar bem claro que os rumores sempre tinham existido).

Surge o “encontro imediato” com a criatura (Noah disfarçado) e esse período de dúvida é relançado … no espectador e na personagem ….

Acho que os twists do argumento se enquadram de forma harmoniosa na relação espectador / personagem e parecem-me coerentes e perfeitamente sustentáveis.


Last but not least, tal como vocês já referiram atrás, o cameo do Shyamalan é qualquer coisa de espectacular.

Fico ansioso à espera do próximo projecto … :-)))
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lud81
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Post by lud81 »

Kyle Jaspers wrote:Que sentido faz usar a criatura de uma forma mitíca depois de a desmisticar, e pedir assim ao espectador que assuma que "Olha as criaturas são um embuste mas,espera aí, afinal se calhar até existem?".Só se fossemos cegos como a protagonista...

Então eu sou completamente cego e feliz por sê-lo, já que a minha cegueira me permitiu apreciar o filme, enquanto que tu, por teres o dom da visão, não tiveste esse prazer. :-)
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Victor Melo
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Post by Victor Melo »

lud81 wrote: Pois bem, isto para mim é um exemplo de alguém que não quer jogar o jogo dos filmes. Assim é claro que nunca sentirás suspense! Quer fosse o Noah ou não, a cena é de uma angústia total, MAS apenas para quem quiser entregar-se aos prazeres de um filme, claro! Quem vai para um filme a dizer "isto é só um filme, ele safa-se", "eu já sei isto e aquilo é previsível", etc, etc, já tem a experiência de ver um filme (qualquer filme, não apenas este) estragada a priori.

Percebo perfeitamente o que queres dizer.
Tenho um amigo que se esforça ao máximo para desmistificar e antever todas as situações enigmáticas que lhe surgem pela frente nos filmes, sem ter consciência do quanto isso é prejudicial para a sua própria experiência cinematográfica.
Para além disso tem a tendência de partilhar essa desmistificação e essas previsões em voz alta … evil-)

Eu adoro ser ingénuo nos desfechos deste tipo de filmes. Nunca adivinho nada (nem me esforço por o fazer) e sou sempre surpreendido. :-)))
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