The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

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JRibeiro
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by JRibeiro »

Uma coisa que reparei foi a presença de muitos actores de séries de TV em papéis secundários:

Daniel Sunjata - Rescue Me
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Nestor Carbonell - Lost
Fredric Lehne - Lost, Supernatural
Will Estes - Blue Blood
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Christopher Judge - Stargate SG1
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by Net_Holer »

JRibeiro wrote:Uma coisa que reparei foi a presença de muitos actores de séries de TV em papéis secundários:

Daniel Sunjata - Rescue Me
Aidan Gillen - The Wire, Game of Thrones
Nestor Carbonell - Lost
Fredric Lehne - Lost, Supernatural
Will Estes - Blue Blood
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DarkPhoenix
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by DarkPhoenix »

Acabo de o ver, magnífica sala 15 UCI Arrábida, pena que o áudio não estivesse bem sincronizado e... está na hora de lavarem a tela em condições...

Mais uma vez, Nolan dá um passo maior do que a perna.

A ambição do argumento é tal, que nem com 5 horas de duração conseguiria ser transposto para o filme de forma equilibrada.
Semelhante ao que sucedeu em "The Dark Knight", outro filme onde Nolan peca por excesso, não sabe onde cortar, que histórias paralelas eliminar, mostra que não consegue levar a bom porto as suas ideias por falta de sensibilidade.
Desta vez, a escala é maior, e infelizmente atinge níveis de desorientação alarmantes, com cenas atiradas em rajada contra o espectador, uma parte delas com nítidos problemas de montagem, que complicam mais do que ajudam.

O filme não respira.
A presença da Catwoman ( Anne Hathaway ) é absolutamente dispensável, serve apenas para sobrecarregar o - já de si sobrecarregado - filme, não traz qualquer valor à história, zero.
O mesmo se pode dizer do Foley ( Matthew Modine, repescado... ), que serve apenas para... gastar tempo precioso, ainda que sejam alguns segundos.
Felizmente que com o Blake ( Joseph Gordon-Levitt ), o caso é outro, a sua personagem ( embora caracterizada aos tropeções ) humaniza a história e complementa o Gordon.

Cenas fundamentais ( com o Alfred, por exemplo ) que mereceriam um tratamento adequado, são despachadas em prol de trivialidades, manifesta incompetência do argumento.

O filme só abranda na última meia-hora, ironicamente abranda quando é tempo de pirotecnia.
São as prioridades.

O argumento é o maior inimigo destes dois últimos Batman do Nolan.
Querer não significa conseguir, e os filmes são as vítimas.

Felizmente, há muito para ver e sentir, apesar da fraqueza do argumento.

Nolan desloca Gotham de Chicago para New York, de forma a atacar a alta-finança e tirar partido da ilha de Manhattan.
Aqui já não é a luta contra o crime organizado, mas sim uma revolta contra a corrupção dos abastados.
Temas recorrentes de "Batman Begins", que só não brilham intensamente porque o argumento rebuscado não deixa.
Teria sido excelente que este filme tirasse partido da conjuntura actual de crise financeira, protestos globais, desconfiança total nas instituições, aumento do fosso entre ricos e pobres. Teria....
Infelizmente, faltou coragem ou competência ( não sei qual das duas ) para chamar "os bois pelos seus nomes" e o que sobra são meias verdades e bocas envergonhadas.
"Batman comunista!" ( imagino as manchetes na land of the free... :mrgreen: )

Bane é um bom vilão, longe da incontrolável loucura do Joker, um líder controlado e controlador que sabe perfeitamente o que quer concretizar, e que não deixa de criar alguma empatia por alguns dos ideais que o próprio diz defender.
Não percebo as críticas em relação à sua voz.
Lamento que não tenha havido tempo ( pudera.... ) para explicar o porquê da sua força sobre-humana, mas já sabemos o que a casa gasta.
Acho que as cenas de luta entre ele e o Batman ficaram aquém do esperado, em termos de coreografia, mas sobretudo em termos de realização.
Esperava-se algo mais físico e brutal.

A realização de Nolan sofre com os constantes cortes de uma montagem frenética que tenta remendar a confusão e respeitar o tempo estipulado.
Ainda assim, o seu talento atrás das cameras é inegável e a sua visão em muitas cenas coloca-o ao nível dos melhores realizadores do género.

Christian Bale faz novamente de Christian Bale, Morgan Freeman dá vida a Morgan Freeman e Michael Caine interpreta Michael Caine.
Gostei de Joseph Gordon-Levitt e o Gary Oldman é sempre "aquela máquina".
Anne Hathaway e Marion Cotillard estão bem para os respectivos papéis, embora ambas traídas pelo argumento.
Da interpretação de Tom Hardy, gostei. Os maneirismos e postura ameaçadora ajudaram à composição de um Bane credível e assustador.


No geral, e sem surpresas, TDKRises é um filme altamente desequilibrado, mercê de um argumento incompetente e inconsciente das limitações de tempo e viabilidade.
Visualmente é muito bom, realização e interpretações de bom nível, banda sonora poderosa.

7/10
Net_Holer
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by Net_Holer »

Gostei bastante da tua review e faça das tuas palavras as minhas.
Apenas não concordo com estas partes:
Christian Bale faz novamente de Christian Bale,
Morgan Freeman dá vida a Morgan Freeman e
Michael Caine interpreta Michael Caine.
Gostei de Joseph Gordon-Levitt e o Gary Oldman é
sempre "aquela máquina".
Anne Hathaway e Marion Cotillard estão bem para os respectivos papéis, embora ambas traídas pelo
argumento.
Gosto bastante do Bale e acho que ele representa bastante bem o batman que tenho em mente. O Morgan Freeman é um dos melhores actores de sempre, nós é que já não conseguimos desassociar a pessoa do personagem. O Levitt é um espectáculo e é, ainda bem, o menino bonito do Nolan.

Quanto ao filme, o que me parece foi que o Nolam quis arrumar de vez o Batman na prateleira e para não ter de fazer mais nenhum filme espetou com montes de coisas neste último capítulo. Peca por ter mostrado pouco de algumas personagens (i.e catwoman, também faltou falar mais do Bane) e ter deixado muito do universo Batman de fora sem o mostrar. Como já se sabe, seriam necessários uns 5 filmes.
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DarkPhoenix
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by DarkPhoenix »

Eu simpatizo com o Bale, mas o facto é que ele tem sempre a mesma expressão em todos os filmes.
Freeman e Caine também optam regularmente pelo conforto e segurança do piloto automático na interpretação, o que não merece grandes louvores, apesar de isso bastar para que as suas presenças sejam sempre competentes e carismáticas.
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by Cabeças »

DarkPhoenix wrote:Eu simpatizo com o Bale, mas o facto é que ele tem sempre a mesma expressão em todos os filmes.
Freeman e Caine também optam regularmente pelo conforto e segurança do piloto automático na interpretação, o que não merece grandes louvores, apesar de isso bastar para que as suas presenças sejam sempre competentes e carismáticas.
Eu não simpatizo com o Bale... nunca simpatizei.

E concordo que tem sempre a mesma expressão em todos os filmes... é um tipo com quem nunca senti a mínima empatia e é raro suceder-me. É-me um tipo bastante antipático, parece que tem sempre uma máscara. Não me parece um tipo que seja verdadeiro, dá-me a impressão de que é um tipo cínico, dissimulado.

Mas posso estar enganado, claro. Possivelmente estou. Mas não vou mesmo com a cara e atitude dele, com a imagem que me transmite.
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lud81
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by lud81 »

Eu gostei muito do filme, segue exactamente a mesma onda dos outros dois. Adorei o Bane e a sua voz, wow, achei que estava mesmo espectacular a voz e a pronúncia dele! Achei de cada vez que ele falava que me lembrava alguém, mas ainda não consegui identificar quem. Até cheguei a pensar que a voz seria de outro actor e não do Tom Hardy (assim como David Prowse/James Earl Jones com Darth Vader) mas pelos vistos a voz é mesmo do Hardy. Mas faz-me lembrar algum outro actor, um gajo qualquer mais velho.

Para mim o filme só não é tão bom como o Dark Knight porque não há maneira de bater o Joker do Heath Ledger. Adoro essa interpretação e toda a caracterização do personagem desde a roupa à música que o acompanha.

E alguém reparou que o Blake é a cara chapada do Heath Ledger? :shock:
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grayfox
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by grayfox »

pois eu sendo fã dos dois anteriores achei que neste o Nolan tentou dar um passo maior que a perna. demasiadas personagens com pouco desenvolvimento, coisas extremamente mal contadas, o Foley está lá so para acrescentar minutos (ou serão apenas segundos?) ao filme. o Bane parece em motivação e metodologia o Joker do the Dark Knight, sem ter o mesmo carisma. alias todo o filme +pareceu-me uma tentativa de ir buscar o backstory do primeiro e as perigos do segundo, acabando por não ter uma característica própria. tudo parece contado a correr, a ideia que me deu é que na tentativa de fazer um filme maior (no perigo, nas personagens) do que o segundo acabaram por introduzir tanta coisa que lhe perderam o controlo. não está de todo um mau filme, todo o ambiente dos batman do nolan está lá e é possivel apreciar o filme como um blockbuster, mas que cai por terra á menor tentativa de analise mais cuidada.

ps: continuo a achar um bom acrescento à saga, mas poderia estar muito melhor com alguns ajustes. a catwoman está muito bem.
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by Strangelove »

lud81 wrote: E alguém reparou que o Blake é a cara chapada do Heath Ledger? :shock:

Era um dos rumores que chegaram a circular, que o rapaz ia fazer de Joker no lugar do Ledger.
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DarkPhoenix
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by DarkPhoenix »

Uns dias para digerir as 3 horas de confusão, com umas tertúlias cinéfilas à mistura...
A triste conclusão é que este filme é a segunda grande desilusão do ano, juntamente com o "Prometheus".
Em ambos os casos, é o argumento que trai as expectativas, todo o trabalho e as mais valias que um grande orçamento poderia trazer.

Uma pena.
jimmy
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by jimmy »

If someone stands in the way of true justice, you simply walk up behind them and stab them in the heart.

Talvez o maior defeito do TDKR é que a sua existência tem um significado muito além da sua individualidade. Mesmo sendo uma historia confinada , é no encaixe com os outros dois que a história faz sentido. Sem essa visão , é difícil poder apreciar na totalidade os méritos do realizador. Mas isto é um defeito , que o tempo transforma em virtude. Não deixa no entanto de merecer essa ressalva. Para mim isto é uma das suas características mais fortes , mas entendo o criticismo (que vem sempre associado a uma sequela). No entanto o filme aproveita as suas fortes fundações , e assume os pontos de partida narrativos e simbólicos dos seus antecessores

Este capitulo final é tudo aquilo que eu poderia desejar …e muito mais. É uma narrativa colossal , de uma ambição sem limites. Um épico gigantesco , que em pouco menos de 3 horas , pretende deixar o espectador de rastos. É cinema de uma escala brutal , tanto do posto vista formal , como no lado temático. E na raiz de tudo é um destilar de muito dos mitos , tópicos , acções e obsessões da personagem ao longo de imensos anos de publicações.
O ponto de partida é absolutamente fascinante. O nosso herói encontra-se partido. Destroçado. A sua existência nem tem qualquer significado. Um dos temas mais interessantes que é explorado no Batman é a obsessão do Bruce com o seu alter-ego. O Dark Knight já acentua muito esse aspecto , e este filme capitaliza nisso. A não existência do Batman , traz um enorme vazio ao Bruce. O seu sacrifício em prol do Harvey é real. Mas nem tudo corre como previsto. A paz conseguida , é podre e esta prestes a desmoronar. O colapso tem origem no subsolo (a piada do killer croc :-))) ) Um mal fervilha e cresce nas fundações de Gotham , nos túneis. E as acções passadas vão regressar para atormentar a cidade. A 1ª secção do filme pretende contextualizar todo o espectro (presente e passado) da história.

Mas já antes somos brindados com um prólogo fascinante (e muito james bondiano…a influência é claríssima). O golpe do Joker é muito engenhoso , mas isto é todo um outro nível de acções (como tudo o que se segue no filme). O Bane apresenta-se como um monstro , num espectáculo maravilhosamente dirigido e incrivelmente assente em efeitos práticos. É toda uma outra diferente realidade nos filmes do Nolan. Num mundo do digital , ainda existe quem vá aos limites daquilo que é prático. E os resultados são estrondosos (uma das coisas que mais me impressionou nos extras do inception foi esta incessante procura de encontrar sempre uma forma de se fazer , em vez de se recorrer ao cgi de imediato) .

Quando o filme se lança , acompanhamos uma autentica montanha de emoções e acções. Talvez os seus objectivos sejam difíceis de atingir. Sim o filme merecia mais tempo. Sim pretende explorar imenso em curta duração. Mas fazer um filme de 4 horas com uma intermission não é uma coisa dos nossos tempos. E é agradável ver um realizador que está tão fora daquilo que hoje parecem ser regras. Ainda recentemente se viu um projecto de 2 filmes transformar-se milagrosamente em 3 em plena produção. Ou histórias que omitem elementos propositadamente para sequelas. Aqui está tudo á mostra , numa tentativa clara de dar em cada o filme que se tem. Por certo que a WB hoje estava a esfregar as mãos se o Nolan tivesse dividido o filme em dois .

A minha grande surpresa , é que o Nolan não sendo de todo um especialista a compor acção , num filme que vive com tanta , ele sai-se com uma nota altíssima em praticamente todos os momentos. É elaborada , operática. Nunca perdemos a noção das coisas , do movimento. É interessante ver a evolução dele . O destaque natural é a luta do Bane vs Batman , que é talvez a melhor do filme (e da saga). Desde os primeiros momentos do Begins , que apenas conhecemos o Batman como uma locomotiva que ninguém pára e faz frente. Neste filme vemo-lo regressar e confrontar imediatamente centenas de policias e novamente a sair por cima. Até que encontra o Bane. E faz-se silêncio . É como uma luta contra uma muralha. Ele não sai apenas derrotado. É completamente humilhado. A edição e o som dessa cena é estonteante. Os seguidores do Bane acompanham a luta sem qualquer duvida da superioridade do seu líder. Culmina numa das imagens mais icónicas das storylines do Bane.

Falando do Bane , é inevitável a comparação com o Joker. A presença do Heath Ledger é inigualável. É uma interpretação lendária. Mas isso não impede o Hardy de brilhar. O contraste da voz (talvez com baixo a mais no som) resulta numa sensação estranhíssima , e muito intimidante. A sua figura também ela é monstruosa. Não é um gajo com músculos definidos. É um animal gigante. Na cena com o Oldman o Hardy está gigante em todos os aspectos. Aquilo não é saudável :lol: . Quem esteve atento apercebeu-se seguramente que ele foi encolhendo um pouco durante o filme ( dai também ser importante o lado mais fashion dos casacos dele :mrgreen: ). Compreensível já que manter aquele aspecto é muito difícil , ainda para mais durante filmagens longuíssimas como «foi o caso. Mas ele quando se apresenta em todo o seu esplendor , a sua figura é perfeita para a personagem.

Mas isto é um filme do Bruce , ele domina tudo. É a sua história. Não funciona tanto como reação aos intervenientes , mas sim define todos os momentos. É a sua procura incessante por se libertar do Batman , e finalmente inspirar a cidade , e o seu espírito colectivo. E o Nolan com balls os steel , mata o Batman por uma grande causa . É arrojoado , mas finalmente a personagem cumpre o seu destino. Claro que isto é um spin do DKR do Miller , onde o Batma”morre” , mas o Bruce forma um grupo de vigilantes para continuar a controlar a cidade. O Nolan não envereda por um caminho tão trágico. Pelo contrário. Liberta o Bruce e Gotham.

O Robin no final é apenas um pequeno piscar de olhos pelo mito. A personagem do John Blake é apenas a realização da própria missão do Bruce. É insipirar os cidadãos , que devem agir juntos por uma causa melhor. E o Robin é um produto do trabalho do Batman. É também essa a ascenção a que o titulo alude. Não só do símbolo do Batman , como também o levantamento dos cidadãos de Gotham. O Blake é uma das suas faces. E por sinal , é também uma representação literal disso mesmo (e de um dos desejos do Bruce , alguém que o pudesse suceder nesse papel , não expressamente como vigilante , mas de inspirador e ideal).

O Nolan concebe estas histórias percorrendo imensos aspectos da bd. As suas adaptações nunca são literais e não bebem de uma única fonte . Veja-se como a caracterização do Bane cresce imediatamente com a revelação da Talia. É uma pequena história que praticamente muda a face da personagem , e acrescenta um significado diferente ás acções. Mas é também um momento que vai ao encontro com muita das historias que a bd faz alusão. A relação da Talia com o Bane , e o desprezo do Ra’s por ele (em detrimento do sue melhor aprendiz). Um pequeno momento que expande a situação , mas nunca esquecendo a própria raiz das história (e isso dá-me um gozo tremendo). A própria prisão sugere uma representação simbólica do Lazaru's Pit.

A Talia regressa usando os mesmos truques do seu pai. Theatricality and deception . Tenho pena que o twist tivesse barbas para mim (é o problema da internet !! , mas também assim que se começa a falar dos descendentes do Ra’s , qualquer fã do Batman terá feito a associação). Mas o truque faz todo o sentido. E é uma representação de um dos ensinamentos do Ra’s , que volta a trair um Bruce desatento e afectuoso. O sacrifico da Talia na dualidade da sua identidade também é expressivo (mas lá está é um dos pormenores que fica no ar em detrimento do ritmo e duração da história)

O Wally Pfister despede-se das colaborações com o Nolan , com uma trabalho de grande destaque. Só tenho tristeza de não poder ver isto em Imax como fiz com o TDK. Os filmes do Nolan têm uma estética muito características , os trabalhos do Batman são muito homogéneos , e será interessante perceber o que se seguirá.

A musica do Zimmer..não sou grande fã do compositor. Mas como recicla quase tudo de um dos seus melhores trabalhos (a colaboração com o Howard no Begins) , a coisa acaba a ser positiva.

Aquilo que sofre da duração é a relação do Batman com a Catwoman , com uma Anne Hathaway numa interpretação engraçadissima e sensual.

Ao longo da produção , uma das perguntas e especulações mais recorrentes na net era quem ia de vela neste terceiro . O bruce? O gordon ? fox ? caine ? ....Nenhum. Uma opção que me agradou imenso , até porque é drama fácil , e depois do destino da Rachel deixava de fazer grande sentido.

É uma trilogia majestosa , e um trabalho do Nolan que mete tudo o que é adaptações de comics americano a um canto (mas assim bem longe). É a realização de uma história completa , formada por 3 filmes , que se apresentam todos eles com uma individualidade mas que formam agora um arco narrativo interessantíssimo de se acompanhar. É por isso um trabalho raríssimo na cultura popular americana. Nota máxima para um projecto que começou em 2005 (antes até) e tem o seu final em 2012. Foi fascinante acompanhar a adaptação (condizente) de uma personagem que percorreu a minha infância.

E pegando neste aspecto que queria referir outra coisa. Apesar de ter adorado o filme , existiu algo que ainda me deu mais gozo. Tendo o tempo das férias , e apercebendo-me do enorme interesse dos mais novos pelo filme , fiz questão de organizar e acompanhar entre sobrinhos , primos e respectivos amigos , uma ida ao cinema de um enorme grupo de rapaziada heterogénea dos 10 anos para cima . No final deu-me um gozo tremendo ouvir as reacções deles , e o enorme entusiasmo pelo filme (lembrou-me o tempo que eu via os filmes de seguida e acabava por os decorar). Foi algo de completamente novo e diferente para eles. Saíram do filme marcados por ele. E transportou-me a mim para o tempo em que ir ao cinema era um evento. Não pelo convívio, mas pela possibilidade de embarcar numa realidade alternativa durante um curto período. Eu tinha um bichinho na barriga antes de ir ver um filme. Era uma experiência única e que eu ansiava religiosamente. E uma das minhas maiores memorias das idas ao cinema são os créditos iniciais…o globo da Universal a girar , a senhora da Columbia Pictures ou os trompetes do 20th Century Fox. Era uma espécie de pré-aviso que a sensação ia começar. Era difícil suster o entusiasmo. E quando estava a ver o TDKR , quando apareceu os créditos da Syncopy (a empresa de produções do Nolan) eu imediatamente relembrei-me desses pequenos momentos. No final do filme , estava com um rasgado sorriso. E ter á minha volta imensas crianças loucas pelo que tinham acabado de ver , acho que permitiu exponenciar ainda mais o meu sentimento. E pensei , é por filmes como este que eu adoro vir ao Cinema. Obrigado ao Nolan por me transportar novamente para esse mundo.

Para finalizar (que o post já vai longo e provavelmente maçudo :-D ) , uma carta que ele escreveu para os fãs da saga e que me pareceu um texto muito elegante.
Alfred. Gordon. Lucius. Bruce . . . Wayne. Names that have come to mean so much to me. Today, I’m three weeks from saying a final good-bye to these characters and their world. It’s my son’s ninth birthday. He was born as the Tumbler was being glued together in my garage from random parts of model kits. Much time, many changes. A shift from sets where some gunplay or a helicopter were extraordinary events to working days where crowds of extras, building demolitions, or mayhem thousands of feet in the air have become familiar.
People ask if we’d always planned a trilogy. This is like being asked whether you had planned on growing up, getting married, having kids. The answer is complicated. When David and I first started cracking open Bruce’s story, we flirted with what might come after, then backed away, not wanting to look too deep into the future. I didn’t want to know everything that Bruce couldn’t; I wanted to live it with him. I told David and Jonah to put everything they knew into each film as we made it. The entire cast and crew put all they had into the first film.
Nothing held back. Nothing saved for next time. They built an entire city. Then Christian and Michael and Gary and Morgan and Liam and Cillian started living in it. Christian bit off a big chunk of Bruce Wayne’s life and made it utterly compelling. He took us into a pop icon’s mind and never let us notice for an instant the fanciful nature of Bruce’s methods. I never thought we’d do a second—how many good sequels are there? Why roll those dice? But once I knew where it would take Bruce, and when I started to see glimpses of the antagonist, it became essential. We re-assembled the team and went back to Gotham. It had changed in three years.
Bigger. More real. More modern. And a new force of chaos was coming to the fore. The ultimate scary clown, as brought to terrifying life by Heath. We’d held nothing back, but there were things we hadn’t been able to do the first time out—a Batsuit with a flexible neck, shooting on Imax. And things we’d chickened out on—destroying the Batmobile, burning up the villain’s blood money to show a complete disregard for conventional motivation. We took the supposed security of a sequel as license to throw caution to the wind and headed for the darkest corners of Gotham.
I never thought we’d do a third—are there any great second sequels? But I kept wondering about the end of Bruce’s journey, and once David and I discovered it, I had to see it for myself. We had come back to what we had barely dared whisper about in those first days in my garage. We had been making a trilogy. I called everyone back together for another tour of Gotham. Four years later, it was still there. It even seemed a little cleaner, a little more polished. Wayne Manor had been rebuilt. Familiar faces were back—a little older, a little wiser . . . but not all was as it seemed.
Gotham was rotting away at its foundations. A new evil bubbling up from beneath. Bruce had thought Batman was not needed anymore, but Bruce was wrong, just as I had been wrong. The Batman had to come back. I suppose he always will.
Michael, Morgan, Gary, Cillian, Liam, Heath, Christian . . . Bale. Names that have come to mean so much to me. My time in Gotham, looking after one of the greatest and most enduring figures in pop culture, has been the most challenging and rewarding experience a filmmaker could hope for. I will miss the Batman. I like to think that he’ll miss me, but he’s never been particularly sentimental.
" Listen, you fuckers, you screwheads. Here is a man who would not take it anymore. A man who stood up against the scum, the cunts, the dogs, the filth, the shit. Here is a man who stood up." Travis Bickle in Taxi Driver
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DarkPhoenix
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by DarkPhoenix »

Apesar de obviamente não concordar com a tua apreciação, felicito-te pela paixão que demonstras no teu comentário.
Strangelove
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by Strangelove »

DarkPhoenix wrote:Uns dias para digerir as 3 horas de confusão, com umas tertúlias cinéfilas à mistura...
A triste conclusão é que este filme é a segunda grande desilusão do ano, juntamente com o "Prometheus".
Em ambos os casos, é o argumento que trai as expectativas, todo o trabalho e as mais valias que um grande orçamento poderia trazer.

Uma pena.

Eu retiraria o desilusão desse texto para o poder subscrever.
É que, por esta altura, já não esperava nada de jeito nem de um nem de outro.
shadow_phoenix
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by shadow_phoenix »

Por várias e, aqui, irrelevantes razões, já há mais de um ano que não entrava numa sala de cinema. Porém, estou agradecido que me tenham convencido a quebrar esse período de jejum para ir ver este último episódio da trilogia do Batman de Nolam.

Pode não ter uma personagem tão memorável ou marcante como o Joker, mas ainda assim é o meu favorito dos três filmes (embora os outros dois não fiquem muito longe). A história, fora uma ou outra decisão mais discutível, está bem escrita e possui um fio condutor mais sólido que o do filme anterior, o que ajuda o público a sentir-se mais envolvido e faz com que as mudanças de acto (em especial a mudança do primeiro para o segundo) tenham um maior impacto emocional. As interpretações são também interessantes, em especial a Catwoman de Hathaway e o Bane de Hardy (esta última uma das personagens mais memoráveis da série, mas que o consegue sem roubar todo o filme, como o Joker). Como competia ao filme que fecha a trilogia, este é o mais épico dos três, da história, à banda sonora, à escala de algumas cenas e até aos detalhes da cidade (vemos mais de Gotham no Cavaleiro das Trevas Renasce que nos outros dois filmes juntos).

Como não podia deixar de ser, existem aqui várias referências à banda desenhada, em particular às sagas "Knightfall" e "The Dark Knight Returns", até porque o guião incorpora elementos de ambos.

Este será, na minha opinião, um filme que agradará tantos a fãs da BD como a como a não fãs. Um dos filmes indispensáveis de 2012.
Publicado originalmente no meu blogue.
_RaDiOaCtIvE_
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan

Post by _RaDiOaCtIvE_ »

Vemos mais Gotham neste filme por nos ser mostrada a cidade de NY ao invés da de Chicago (salvo erro) dos dois filmes anteriores, a razão disto é a indirecta do Nolan presente no filme aos grandes grupos financeiros da Wall Street. Isso e por ser uma ilha, isolando a cidade ao destruir as pontes.
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Quase a completar a colecção de digipacks nacionais...
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