Star Wars Ep.III (2005) - George Lucas
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SPOILERS
Vi o filme ontem à noite e gostei muito, mas não quero classificá-lo ainda. Logo o classifico daqui a uns meses ou um ano. Isto porque descobri que os Episodios I e II não envelheceram bem com visionamenos repetidos e não sei se isso vai acontecer com III ou não.
Seja como for, o III é melhor que I e II, disso não há dúvidas. Desta vez, os velhos diálogos do Imperador estão de volta e numa interpretação fantástica do Ian McDiarmid. Hayden também está melhor neste filme que no outro, talvez o penteado ajude a fazê-lo parecer mais maduro.
O combate entre Anakin e Obi-Wan foi uma desilusão. Depois de tanto hype (do próprio Lucas
) é apenas um combate normal, não muito diferente do do Episódio I. Mas gostei muito da cena em que eles apenas se olham, com os sabres baixados, enquanto voam em cima daquelas coisas. E a interpretação do Ewan está muito boa.
Outra cena muito boa é a em que o Palpatine se revela a Anakin como sendo o Sith Lord. Muito fixe ver a desconfiança aumentar em Anakin.
Também achei extremamente irónico que o último passo de Anakin em direcção ao Dark Side foi uma tentativa de agir pelo código Jedi! Mace ia executar Sidious mas isso é contra o código Jedi, e Anakin estava certo. Mas ao fazê-lo caíu no Dark Side. Não se consegue perceber bem como é que Anakin se junta a Sidious, mas isso é porque não estamos na posição dele... A causa é uma mulher! Qual referência bíblica, qual quê (tal como toda a trilogia)! Mas há que ver que desde o Ep II que Anakin dança na linha que marca o Dark Side, por isso não é assim tão repentino, para quem anda a dizer que é repentino.
Gostei do design das naves, mais parecido com os filmes antigos, naves mais angulares, que já tinha feito uma aparição no Ep II. Muito melhor que as coisas redondas do I...
O meu momento preferido do filme foi um momento sem diálogos passado ao pôr do sol entre Anakin e Padmé. Excelente momento reflectivo e que nem parece ser Lucas a filmar! Surpreendeu-me muito a sensibilidade de Lucas nessa cena.
E repararam no Tarkin (do Ep IV) no final do filme? Hehehe, parecia mesmo o Peter Cushing!
Quanto à cena Cee-Threepio e Artoo Deetoo, caso não saibam isso é como o Lucas escreve e não uma invenção dos portugueses. Ora vão lá ver os DVDs que têm dos Ep. I e II e possivelmente também dos outros antigos.
Ah, e que cena é aquela do General Grievous estar treinado nas artes Jedi?? Ok, para ser justo, não me lembro dele usar a Força, propriamente dita, apenas sabia usar os sabres de luz. Apenas coisas vivas podem usar a Força, que eu saiba. O Ep I até introduziu os midi-chlorians que supostamente vivem em simbiose nas células vivas...
Vi o filme ontem à noite e gostei muito, mas não quero classificá-lo ainda. Logo o classifico daqui a uns meses ou um ano. Isto porque descobri que os Episodios I e II não envelheceram bem com visionamenos repetidos e não sei se isso vai acontecer com III ou não.
Seja como for, o III é melhor que I e II, disso não há dúvidas. Desta vez, os velhos diálogos do Imperador estão de volta e numa interpretação fantástica do Ian McDiarmid. Hayden também está melhor neste filme que no outro, talvez o penteado ajude a fazê-lo parecer mais maduro.
O combate entre Anakin e Obi-Wan foi uma desilusão. Depois de tanto hype (do próprio Lucas

Outra cena muito boa é a em que o Palpatine se revela a Anakin como sendo o Sith Lord. Muito fixe ver a desconfiança aumentar em Anakin.
Também achei extremamente irónico que o último passo de Anakin em direcção ao Dark Side foi uma tentativa de agir pelo código Jedi! Mace ia executar Sidious mas isso é contra o código Jedi, e Anakin estava certo. Mas ao fazê-lo caíu no Dark Side. Não se consegue perceber bem como é que Anakin se junta a Sidious, mas isso é porque não estamos na posição dele... A causa é uma mulher! Qual referência bíblica, qual quê (tal como toda a trilogia)! Mas há que ver que desde o Ep II que Anakin dança na linha que marca o Dark Side, por isso não é assim tão repentino, para quem anda a dizer que é repentino.
Gostei do design das naves, mais parecido com os filmes antigos, naves mais angulares, que já tinha feito uma aparição no Ep II. Muito melhor que as coisas redondas do I...
O meu momento preferido do filme foi um momento sem diálogos passado ao pôr do sol entre Anakin e Padmé. Excelente momento reflectivo e que nem parece ser Lucas a filmar! Surpreendeu-me muito a sensibilidade de Lucas nessa cena.
E repararam no Tarkin (do Ep IV) no final do filme? Hehehe, parecia mesmo o Peter Cushing!

Quanto à cena Cee-Threepio e Artoo Deetoo, caso não saibam isso é como o Lucas escreve e não uma invenção dos portugueses. Ora vão lá ver os DVDs que têm dos Ep. I e II e possivelmente também dos outros antigos.
Ah, e que cena é aquela do General Grievous estar treinado nas artes Jedi?? Ok, para ser justo, não me lembro dele usar a Força, propriamente dita, apenas sabia usar os sabres de luz. Apenas coisas vivas podem usar a Força, que eu saiba. O Ep I até introduziu os midi-chlorians que supostamente vivem em simbiose nas células vivas...
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Julgo que este episódio III está bom.
Tenho como opinião que os dois primeiros filmes desta segunda trilogia são excrementários. Revelam-se como uma tentativa desatrada do Lucas de arranjar novos fãs, que ainda achem piada a comprar canecas e T-shirts. É triste mas os dois primeiros, para mim, são puro merchandising. A provar esta lógica mercenária do Lucas está a triste participação neste fim-de-semana na Fórmula 1, com carros "Powered by the Dark Side" e equipa com capacetes de stormtrooper e um Chewie a olhar para os tempos cronometrados...enfim, aquele lado "tótó de boné americanado a la Lucas e Spielberg e a gritarem no fim YEEEAHH".
No entanto, e para minha grande alegria, neste terceiro filme revela-se correcta a minha teoria. O Lucas tinha apenas história, e material credível com capacidade de incutir o velho espírito de Western Sci-fi, para uma única prequela. Toda a história está, objectivamente, concentrada neste filme. Os dois anteriores foi encher chouriços.
Os paralelismos com a trilogia original estão lá, previsíveis sim, mas poderiam apenas ser previsíveis num filme do qual já sabemos o fim desde o início. Há bons momentos de aventura, piscadelas de olho fenomenais ao fã mais atento, os diálogos são aceitáveis (embora secundários), a acção é demasiado frenética, mas cativante (exceptuando a lacuna em termos de dog fight espacial) e o casal acéfalo consegue, pela primeira vez, entrar mais ou menos no papel e não magoar muito a inteligência do espectador (ao nível do Luke e Leia da primeira trilogia que, ao serem interpretados por Mark Hamill e Carrie Fisher, temos de concordar que também não eram grande espiga como actores). Falta obviamente a alma de toda esta coisa a que se chama Starwars que é, e sempre será, o fabuloso Han Solo. Diga-se o que se disser, esta foi a personagem que catapultou esta série e, sem Harrison Ford, acredito profundamente que Lucas nunca teria conseguido ganhar o que ganhou com isto tudo.
Em suma, não me deu vontade de pegar na minha nave e ir percorrer a galáxia em busca de aventura e emoção, como me acontecia com a primeira trilogia, mas imaginando que desconhecia o que se passa a seguir, este filme tem o valor de me dar vontade de descobrir. O que me leva a dar-lhe o maior elogio possível, que é considerar que uma trilogia se transformou agora em Quadrilogia. Na minha prateleira lá estarão os DVDs números III, IV, V e VI, para levantar voo deste pequeno e previsível mundo e sonhar um bocadinho.
Tenho como opinião que os dois primeiros filmes desta segunda trilogia são excrementários. Revelam-se como uma tentativa desatrada do Lucas de arranjar novos fãs, que ainda achem piada a comprar canecas e T-shirts. É triste mas os dois primeiros, para mim, são puro merchandising. A provar esta lógica mercenária do Lucas está a triste participação neste fim-de-semana na Fórmula 1, com carros "Powered by the Dark Side" e equipa com capacetes de stormtrooper e um Chewie a olhar para os tempos cronometrados...enfim, aquele lado "tótó de boné americanado a la Lucas e Spielberg e a gritarem no fim YEEEAHH".
No entanto, e para minha grande alegria, neste terceiro filme revela-se correcta a minha teoria. O Lucas tinha apenas história, e material credível com capacidade de incutir o velho espírito de Western Sci-fi, para uma única prequela. Toda a história está, objectivamente, concentrada neste filme. Os dois anteriores foi encher chouriços.
Os paralelismos com a trilogia original estão lá, previsíveis sim, mas poderiam apenas ser previsíveis num filme do qual já sabemos o fim desde o início. Há bons momentos de aventura, piscadelas de olho fenomenais ao fã mais atento, os diálogos são aceitáveis (embora secundários), a acção é demasiado frenética, mas cativante (exceptuando a lacuna em termos de dog fight espacial) e o casal acéfalo consegue, pela primeira vez, entrar mais ou menos no papel e não magoar muito a inteligência do espectador (ao nível do Luke e Leia da primeira trilogia que, ao serem interpretados por Mark Hamill e Carrie Fisher, temos de concordar que também não eram grande espiga como actores). Falta obviamente a alma de toda esta coisa a que se chama Starwars que é, e sempre será, o fabuloso Han Solo. Diga-se o que se disser, esta foi a personagem que catapultou esta série e, sem Harrison Ford, acredito profundamente que Lucas nunca teria conseguido ganhar o que ganhou com isto tudo.
Em suma, não me deu vontade de pegar na minha nave e ir percorrer a galáxia em busca de aventura e emoção, como me acontecia com a primeira trilogia, mas imaginando que desconhecia o que se passa a seguir, este filme tem o valor de me dar vontade de descobrir. O que me leva a dar-lhe o maior elogio possível, que é considerar que uma trilogia se transformou agora em Quadrilogia. Na minha prateleira lá estarão os DVDs números III, IV, V e VI, para levantar voo deste pequeno e previsível mundo e sonhar um bocadinho.
Como já disse anteriormente, o que está aqui em causa não são os motivos para ele abraçar o lado negro.lud81 wrote:Mas há que ver que desde o Ep II que Anakin dança na linha que marca o Dark Side, por isso não é assim tão repentino, para quem anda a dizer que é repentino.
O que é repentino é que ele, embora confuso, até era um Jedi decente que tentava a todo o custo melhorar como pessoa e Jedi e de um momento para o outro, persegue e chacina milhares de Jedi, para não falar dos miúdos, que viam nele uma figura protectora.
Se isto não é repentino, não sei o que é.
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lud81 wrote:SPOILERS
O meu momento preferido do filme foi um momento sem diálogos passado ao pôr do sol entre Anakin e Padmé. Excelente momento reflectivo e que nem parece ser Lucas a filmar! Surpreendeu-me muito a sensibilidade de Lucas nessa cena.
Absolutamente.
E vou morder a língua e não voltar a tentar contrariar a ideia da forma repentina como se chega ao Lado Negro da Força.
Last edited by Nuno Antunes on May 22nd, 2005, 11:47 pm, edited 1 time in total.
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Mais um aqui!O meu momento preferido do filme foi um momento sem diálogos passado ao pôr do sol entre Anakin e Padmé. Excelente momento reflectivo e que nem parece ser Lucas a filmar! Surpreendeu-me muito a sensibilidade de Lucas nessa cena.
A prova de que o Lucas estraga tudo com os seus diálogos infantis.
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Bom, juntando-me novamente à discussão, vou destoar um pouco do consenso generalizado e vou admitir que, para mim, as prequelas estão perfeitas para a trilogia original (e serei também dos poucos a achar que o Episódio I é melhor que o Episódio II). O "problema" que as prequelas têm (em relação a questões de realização, argumento, actores, FX, cada um se queixa daquilo que menos gostou), é essencialmente, um "problema" de estrutura que seria, para mim, incontornável.
A trilogia original, dentro de si, criou uma mitologia que tem aguçado a imaginação de muitos. Era a Guerra dos Clones, a forma como Anakin se tornou Darth Vader ou como o Imperador subiu ao poder e derrubou a República. Este tipo de eventos contrasta com o mundo da trilogia original, que é mais estável e menos dúbio (a ameaça ao Império é um corpo reconhecido, não existem manobras de bastidores), o que deixa caminho livre aos personagens para fazerem progredir a acção. No fundo, os episódios IV, V e VI são, como dizem os nossos amigos anglo-saxões, "character-driven". E não esqueçamos os intervalos cronológicos entre os filmes: a trilogia original é menos espaçada entre episódios o que origina uma história mais coesa, mais consistente e fluída. Existe possibilidade do espectador poder empatizar com os personagens porque temos uma evolução no seu desenvolvimento que não é abrupta.
Agora, dando um salto para as "malignadas" prequelas, havia duas formas de as abordar: 1) Contar a história de Anakin Skywalker; 2) Contar a ascensão do Império.
A primeira hipótese, poderia criar uma história mais próxima da trilogia original. Enfatisando a jornada do pequeno Anakin, desde a ascensão até à sua queda, passando pela sua relação com Obi-Wan e Padmé. Um filme mais intimista do que espectacular, tal como David Lynch fez em "Dune". É claro que temos vislumbres disto nos filmes, mas o espaçamento cronológico entre filmes é demasiado longo (pelo menos, entre o Episódio I e o Episódio II, que são 10 anos) para podermos empatizar com os personagens, porque a sua evolução é demasiado abrupta: saltamos de um puto de 9 anos para um adolescente de 19 e depois temos um rapaz de 21-22 anos. Não há coesão, não há fluidez e tudo acaba por evoluir simplesmente para explicar que na trilogia original, isto ou aquilo é assim. É um problema de todas as prequelas que têm de estabelecer as fundações de um universo que já tem o seu futuro delineado. A série "Enterprise", por exemplo, sofreu do mesmo problema, porque por mais elaboradas que fossem as tramas da história, o desenlace perde o seu impacto, porque já se sabe que a acção tem que coincidir com um desfecho já estabelecido.
E isto acontece porque estamos a lidar com uma história que está firmemente assente na segunda hipótese: esta é a história, acima de tudo, da queda da República e da formação do Império. Os personagens não são mais do que joguetes, marionetas no teatro de Palpatine, que acaba por ser, o único personagem consistente desta trilogia, porque é ele o grande orquestrador, é ele que está por detrás de tudo. Ao contrário da trilogia original, esta é, utilizando mais um termo querido dos nossos amigos anglo-saxões, "plot-driven". No fundo, é a história que faz avançar os personagens.
O Episódio I lança as fundações, cria um clima de instabilidade, mas mantém uma inocência infantil para coincidir com a maturidade do seu protagonista, todavia a história acaba por se centrar na forma como Palpatine sobe ao poder.
O Episódio II dá um salto de gigante e toma tons mais sombrios, mas também mais românticos (a quimica entre Anakin e Amidala é algo que cada um julga por si). Novamente, tinge a personalidade do jovem Anakin, aqui inseguro e instável, mas determinado, contudo esta é a história de como se orquestra a Guerra dos Clones. É a história de como Palpatine consolida o seu poder.
E chegamos assim ao Episódio III. É o mais trágico e negro das prequelas, concluindo a evolução dos acontecimentos e o culminar do destino de Anakin. Torna-se sem dúvidas, mais pessoal e intimista, porque está assente num tempo onde os maiores conflitos já tiveram resolução, mas mesmo assim ainda falta o golpe final de Palpatine: a queda da República e o inicio do Império. E sendo assim, os personagens percipitam-se para um desenlace que não lhes compete dirigir, mas que os dirige a eles. Contudo, e realçando o que já disse, é mais pessoal.
Concluindo, não fico minimamente arrependido pelo resultado final das prequelas. Certamente que uma ou outra coisa podiam ser polidas, mas ainda bem que o Lucas não cedeu à pressão da especulação dos fãs e manteve a sua visão pessoal das coisas. E num mundo onde a sorte de muitos filmes se dita em "test-screenings", é bom saber isso.
A trilogia original, dentro de si, criou uma mitologia que tem aguçado a imaginação de muitos. Era a Guerra dos Clones, a forma como Anakin se tornou Darth Vader ou como o Imperador subiu ao poder e derrubou a República. Este tipo de eventos contrasta com o mundo da trilogia original, que é mais estável e menos dúbio (a ameaça ao Império é um corpo reconhecido, não existem manobras de bastidores), o que deixa caminho livre aos personagens para fazerem progredir a acção. No fundo, os episódios IV, V e VI são, como dizem os nossos amigos anglo-saxões, "character-driven". E não esqueçamos os intervalos cronológicos entre os filmes: a trilogia original é menos espaçada entre episódios o que origina uma história mais coesa, mais consistente e fluída. Existe possibilidade do espectador poder empatizar com os personagens porque temos uma evolução no seu desenvolvimento que não é abrupta.
Agora, dando um salto para as "malignadas" prequelas, havia duas formas de as abordar: 1) Contar a história de Anakin Skywalker; 2) Contar a ascensão do Império.
A primeira hipótese, poderia criar uma história mais próxima da trilogia original. Enfatisando a jornada do pequeno Anakin, desde a ascensão até à sua queda, passando pela sua relação com Obi-Wan e Padmé. Um filme mais intimista do que espectacular, tal como David Lynch fez em "Dune". É claro que temos vislumbres disto nos filmes, mas o espaçamento cronológico entre filmes é demasiado longo (pelo menos, entre o Episódio I e o Episódio II, que são 10 anos) para podermos empatizar com os personagens, porque a sua evolução é demasiado abrupta: saltamos de um puto de 9 anos para um adolescente de 19 e depois temos um rapaz de 21-22 anos. Não há coesão, não há fluidez e tudo acaba por evoluir simplesmente para explicar que na trilogia original, isto ou aquilo é assim. É um problema de todas as prequelas que têm de estabelecer as fundações de um universo que já tem o seu futuro delineado. A série "Enterprise", por exemplo, sofreu do mesmo problema, porque por mais elaboradas que fossem as tramas da história, o desenlace perde o seu impacto, porque já se sabe que a acção tem que coincidir com um desfecho já estabelecido.
E isto acontece porque estamos a lidar com uma história que está firmemente assente na segunda hipótese: esta é a história, acima de tudo, da queda da República e da formação do Império. Os personagens não são mais do que joguetes, marionetas no teatro de Palpatine, que acaba por ser, o único personagem consistente desta trilogia, porque é ele o grande orquestrador, é ele que está por detrás de tudo. Ao contrário da trilogia original, esta é, utilizando mais um termo querido dos nossos amigos anglo-saxões, "plot-driven". No fundo, é a história que faz avançar os personagens.
O Episódio I lança as fundações, cria um clima de instabilidade, mas mantém uma inocência infantil para coincidir com a maturidade do seu protagonista, todavia a história acaba por se centrar na forma como Palpatine sobe ao poder.
O Episódio II dá um salto de gigante e toma tons mais sombrios, mas também mais românticos (a quimica entre Anakin e Amidala é algo que cada um julga por si). Novamente, tinge a personalidade do jovem Anakin, aqui inseguro e instável, mas determinado, contudo esta é a história de como se orquestra a Guerra dos Clones. É a história de como Palpatine consolida o seu poder.
E chegamos assim ao Episódio III. É o mais trágico e negro das prequelas, concluindo a evolução dos acontecimentos e o culminar do destino de Anakin. Torna-se sem dúvidas, mais pessoal e intimista, porque está assente num tempo onde os maiores conflitos já tiveram resolução, mas mesmo assim ainda falta o golpe final de Palpatine: a queda da República e o inicio do Império. E sendo assim, os personagens percipitam-se para um desenlace que não lhes compete dirigir, mas que os dirige a eles. Contudo, e realçando o que já disse, é mais pessoal.
Concluindo, não fico minimamente arrependido pelo resultado final das prequelas. Certamente que uma ou outra coisa podiam ser polidas, mas ainda bem que o Lucas não cedeu à pressão da especulação dos fãs e manteve a sua visão pessoal das coisas. E num mundo onde a sorte de muitos filmes se dita em "test-screenings", é bom saber isso.
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Também admito que um dos meus momentos preferidos do filme é esse momento onde a única coisa que "fala" é a música de John Williams. A outra cena, e essa sim é mesmo a minha preferida, é a da ópera, entre Palpatine e Anakin. E o mais arrepiante, é que praticamente tudo o que Palpatine diz faz sentido.
E estive aqui a pensar numa coisa e penso que há um ligeiro equívoco na forma como as pessoas encaram a queda de Anakin: a queda não se consuma com a sua prostração a Palpatine e juramento de confiança, mas quando ataca Padmé. Eu bem tentava encaixar a cena da lágrima em Mustafar com aquilo que o Nuno Antunes dizia, mas parece que agora entendi: isso significa que ele ainda está em conflito com as suas acções. Essa é outra cena que gosto muito, porque mostra que a consumação ainda não se concretizou. Se é o ataque a Padmé que o leva finalmente ao lado negro, então é a sua morte que o torna definitivamente Darth Vader.
Em relação ao duelo final, gostei bastante, mas continuo a preferir o duelo entre Darth Vader e Luke Skywalker no Regresso de Jedi. De realçar que embora a devoção de Obi-Wan em querer aniquilar Anakin seja aparente, a forma como o duelo é combatido (nota-se claramente que Obi-Wan é mais defensivo, porque resiste ao impulso de matar Anakin) nega em parte, esse propósito.
E estive aqui a pensar numa coisa e penso que há um ligeiro equívoco na forma como as pessoas encaram a queda de Anakin: a queda não se consuma com a sua prostração a Palpatine e juramento de confiança, mas quando ataca Padmé. Eu bem tentava encaixar a cena da lágrima em Mustafar com aquilo que o Nuno Antunes dizia, mas parece que agora entendi: isso significa que ele ainda está em conflito com as suas acções. Essa é outra cena que gosto muito, porque mostra que a consumação ainda não se concretizou. Se é o ataque a Padmé que o leva finalmente ao lado negro, então é a sua morte que o torna definitivamente Darth Vader.
Em relação ao duelo final, gostei bastante, mas continuo a preferir o duelo entre Darth Vader e Luke Skywalker no Regresso de Jedi. De realçar que embora a devoção de Obi-Wan em querer aniquilar Anakin seja aparente, a forma como o duelo é combatido (nota-se claramente que Obi-Wan é mais defensivo, porque resiste ao impulso de matar Anakin) nega em parte, esse propósito.
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SPOILER
Concordando com tudo o que escreveste, gostaria aqui de destacar o que sublinhei. Efectivamente, Anakin é responsável indirecto pela sua morte (o que corresponde à clássica ideia de tragédia: tentando salvar quem ama, acaba no fim por destruí-la), mas o relato de Palpatine sobre as circunstâncias da morte de Padmé, atribuindo a Anakin a responsabilidade total, representa a manipulação suprema. Os remorsos pela responsabilidade total pela morte de Padmé fazem-no perder qualquer laço afectivo que o pudesse resgatar do Lado Negro, até chegarmos ao sexto filme.
Argaroth01 wrote:E estive aqui a pensar numa coisa e penso que há um ligeiro equívoco na forma como as pessoas encaram a queda de Anakin: a queda não se consuma com a sua prostração a Palpatine e juramento de confiança, mas quando ataca Padmé. Eu bem tentava encaixar a cena da lágrima em Mustafar com aquilo que o Nuno Antunes dizia, mas parece que agora entendi: isso significa que ele ainda está em conflito com as suas acções. Essa é outra cena que gosto muito, porque mostra que a consumação ainda não se concretizou. Se é o ataque a Padmé que o leva finalmente ao lado negro, então é a sua morte que o torna definitivamente Darth Vader.
Concordando com tudo o que escreveste, gostaria aqui de destacar o que sublinhei. Efectivamente, Anakin é responsável indirecto pela sua morte (o que corresponde à clássica ideia de tragédia: tentando salvar quem ama, acaba no fim por destruí-la), mas o relato de Palpatine sobre as circunstâncias da morte de Padmé, atribuindo a Anakin a responsabilidade total, representa a manipulação suprema. Os remorsos pela responsabilidade total pela morte de Padmé fazem-no perder qualquer laço afectivo que o pudesse resgatar do Lado Negro, até chegarmos ao sexto filme.
Err... não foi isso que eu quis dizer...DarkPhoenix wrote:Mais um aqui!O meu momento preferido do filme foi um momento sem diálogos passado ao pôr do sol entre Anakin e Padmé. Excelente momento reflectivo e que nem parece ser Lucas a filmar! Surpreendeu-me muito a sensibilidade de Lucas nessa cena.
A prova de que o Lucas estraga tudo com os seus diálogos infantis.

Quanto à dita cena, mesmo a música de Williams está muito discreta, é mesmo uma cena reflectiva e muito carregada mas de coisas discretas, é como se fosse a calma antes da tempestade.
Ah, e uma coisa que me esqueci de dizer antes. O Jar Jar Binks tem uma fala neste filme ao contrário do que disse o Avenger aí atrás. Logo no início, ouve-se a voz dele a dizer qualquer que não me lembro.
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SPOILERS!!! SPOILERS!!!Nuno Antunes wrote:Concordando com tudo o que escreveste, gostaria aqui de destacar o que sublinhei. Efectivamente, Anakin é responsável indirecto pela sua morte (o que corresponde à clássica ideia de tragédia: tentando salvar quem ama, acaba no fim por destruí-la), mas o relato de Palpatine sobre as circunstâncias da morte de Padmé, atribuindo a Anakin a responsabilidade total, representa a manipulação suprema. Os remorsos pela responsabilidade total pela morte de Padmé fazem-no perder qualquer laço afectivo que o pudesse resgatar do Lado Negro, até chegarmos ao sexto filme.
Exactamente. Até a forma atabalhoada de Darth Vader sair da mesa de operações (acho que aqui está um piscar de olho ao monstro de Frankenstein) e gritar "NOOOOOOO!!!", que tanto anda a constrangir o público americano (pelo menos, a ver por alguns tópicos dos fóruns do IMDB), mostra a inadequação inicial de Anakin à sua nova situação. Um momento final de humanidade.
E voltando a falar de cenas favoritas, esquecia-me da cena onde colocam a máscara e o elmo a Anakin. Primeiro o assobio do elmo a assentar, depois um pequeno silêncio e finalmente, a temível respiração. Ui, que arrepio.
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Não sei se realmente será assim que ele vê. A mim deu-me a sensação de que a máscara estava a correr uma espécie de diagnóstico, como se tivesse sido ligada pela primeira vez.lud81 wrote:Já que falas nessa cena, não gostei muito de ficarmos a saber como é que Darth Vader vê através da sua máscara... parecia a visão do Terminator...Não devia ter sido mostrado.
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SPOILERS
Claro que gosto muito do filme, por isso tenho várias cenas favoritas.
Existe efectivamente um piscar de olho a Frankenstein, perto do fim. Fiz uma reflexão sobre as reacções dé algum público a essa cena. Reparem, Darth Vader não aparece, não é ouvido há 22 anos.
Porém, algumas das frases que ele diz são completamente inesperadas, não são nada do que estávamos habituados daquele que é um dos grandes vilões da história do cinema. Após o "Yes, Master", surge uma preocupação ainda muito humana...
Acho que há muito mais subtileza do que nos filmes anteriores, embora estes, mais bem ou mal sucedidos, diga-se também, também contribuem para uma envolvência mais emocional que «A Vingança dos Sith» teve para mim.
Daí pensar, mas naturalmente há pontos de vista de gosto e expectativas que não se podem ultrapassar, que este filme merece uma grande reflexão e não ser apenas tomado pelo seu valor mais aparente. Por exemplo, para mim um exemplo desse cuidado em juntar as pontas e de subtileza, é ver Padmé ser enterrada como se tivesse morrido ainda grávida, para assim enganar o imperador.
Argaroth01 wrote:Até a forma atabalhoada de Darth Vader sair da mesa de operações (acho que aqui está um piscar de olho ao monstro de Frankenstein) e gritar "NOOOOOOO!!!", que tanto anda a constrangir o público americano (pelo menos, a ver por alguns tópicos dos fóruns do IMDB), mostra a inadequação inicial de Anakin à sua nova situação. Um momento final de humanidade.
E voltando a falar de cenas favoritas, esquecia-me da cena onde colocam a máscara e o elmo a Anakin. Primeiro o assobio do elmo a assentar, depois um pequeno silêncio e finalmente, a temível respiração. Ui, que arrepio.
Claro que gosto muito do filme, por isso tenho várias cenas favoritas.
Existe efectivamente um piscar de olho a Frankenstein, perto do fim. Fiz uma reflexão sobre as reacções dé algum público a essa cena. Reparem, Darth Vader não aparece, não é ouvido há 22 anos.
Porém, algumas das frases que ele diz são completamente inesperadas, não são nada do que estávamos habituados daquele que é um dos grandes vilões da história do cinema. Após o "Yes, Master", surge uma preocupação ainda muito humana...
Acho que há muito mais subtileza do que nos filmes anteriores, embora estes, mais bem ou mal sucedidos, diga-se também, também contribuem para uma envolvência mais emocional que «A Vingança dos Sith» teve para mim.
Daí pensar, mas naturalmente há pontos de vista de gosto e expectativas que não se podem ultrapassar, que este filme merece uma grande reflexão e não ser apenas tomado pelo seu valor mais aparente. Por exemplo, para mim um exemplo desse cuidado em juntar as pontas e de subtileza, é ver Padmé ser enterrada como se tivesse morrido ainda grávida, para assim enganar o imperador.
Bom, devo estar com a idade a perder definitivamente a capacidade de encantamento...
Sinceramente, achei um bocado seca. Também sou dos muito poucos que achou melhor o episódio 1 (A Ameaça Fantasma) em relação a esta trilogia. Sempre gostei do Jar Jar Binks, gostei imenso do Anakin em miúdo e das corridas, adorei a cidade submarina e os monstros subaquáticos e a Padmé como Raínha.
O segundo, não gostei mesmo quase nada, achei enfadonho e aborrecido. Nem me lembro dele quase nada.
Este achei entediante, juntamente com a impressão de que realmente houve certas situações muito forçadas. A passagem do Anakin para a submissão ao Sith é a martelo, na minha opinião. O desenvolvimento da relação dele com a Padmé é quase inexistente. A "queda" do Anakin foi o que me chocou mais: ou a história tem grandes buracos, ou muita coisa me escapou, ou então o tipo era mesmo estúpido de todo.
Achei aquilo do Grievous lutar com 4 espadas à la Jedi uma parvoíce. Achei os ladridos da lagartixa ridículos (os que se queixaram tanto do Jar Jar (ganda general!) que no meu entender foi imensamente injustiçado, "qué q'acharam" daquela coisa aos saltos e aos latidos tipo cão maluco? Era para rir, aquilo?
Acho que muito do que se diz dos filmes e das extrapolações que se fazem, e das explicações que se tentam encontrar não tapam, no meu entender a realidade: a "mística" do Star Wars apenas em meu entender perdura devido ao monstruoso trabalho de marketing a nível global que o sustenta e que se mantém há imensos anos. Perguntem-se se estreasse agora a "Ameaça Fantasma", sem terem visto os outros filmes, e sem ter havido a primeira trilogia, se o projecto começasse agora, com o episódio IV apresentado como o primeiro, o que aconteceria...
As conversas sobre o que significa o quê e sobre as coisas escondidas que explicam outras coisas, etc, etc, dá-me sonoe faz-me pena. Para mim isto é uma máquina de fazer dinheiro, montada por um especialista em ganhá-lo, apoiado por uma máquina ainda maior e que tem sugado muitos milhares de euros dos fãs.
No conjunto dos filmes, há 2 ou 3 giros, agora isto não é a epopeia épica que pretendem que seja, nem nunca foi. A maioria dos actores são sofríveis, vive dos efeitos especiais a 90%, o argumento tem buracos por todo o lado e o Lucas até teve a lata de mexer nos primeiros filmes para "compor" a coisa!
Claro que vou comprar este filme também e ficar com as 2 trilogias. Mas no meu coração a Star Wars são os 3 primeiros filmes. Os originais, sem as tretas que lhes fizeram depois. E espero que seja mesmo verdade que o homem tenha mesmo abandonado a ideia de fazer os 9 filmes. Já chega!

Sinceramente, achei um bocado seca. Também sou dos muito poucos que achou melhor o episódio 1 (A Ameaça Fantasma) em relação a esta trilogia. Sempre gostei do Jar Jar Binks, gostei imenso do Anakin em miúdo e das corridas, adorei a cidade submarina e os monstros subaquáticos e a Padmé como Raínha.
O segundo, não gostei mesmo quase nada, achei enfadonho e aborrecido. Nem me lembro dele quase nada.
Este achei entediante, juntamente com a impressão de que realmente houve certas situações muito forçadas. A passagem do Anakin para a submissão ao Sith é a martelo, na minha opinião. O desenvolvimento da relação dele com a Padmé é quase inexistente. A "queda" do Anakin foi o que me chocou mais: ou a história tem grandes buracos, ou muita coisa me escapou, ou então o tipo era mesmo estúpido de todo.
Achei aquilo do Grievous lutar com 4 espadas à la Jedi uma parvoíce. Achei os ladridos da lagartixa ridículos (os que se queixaram tanto do Jar Jar (ganda general!) que no meu entender foi imensamente injustiçado, "qué q'acharam" daquela coisa aos saltos e aos latidos tipo cão maluco? Era para rir, aquilo?
Acho que muito do que se diz dos filmes e das extrapolações que se fazem, e das explicações que se tentam encontrar não tapam, no meu entender a realidade: a "mística" do Star Wars apenas em meu entender perdura devido ao monstruoso trabalho de marketing a nível global que o sustenta e que se mantém há imensos anos. Perguntem-se se estreasse agora a "Ameaça Fantasma", sem terem visto os outros filmes, e sem ter havido a primeira trilogia, se o projecto começasse agora, com o episódio IV apresentado como o primeiro, o que aconteceria...
As conversas sobre o que significa o quê e sobre as coisas escondidas que explicam outras coisas, etc, etc, dá-me sonoe faz-me pena. Para mim isto é uma máquina de fazer dinheiro, montada por um especialista em ganhá-lo, apoiado por uma máquina ainda maior e que tem sugado muitos milhares de euros dos fãs.
No conjunto dos filmes, há 2 ou 3 giros, agora isto não é a epopeia épica que pretendem que seja, nem nunca foi. A maioria dos actores são sofríveis, vive dos efeitos especiais a 90%, o argumento tem buracos por todo o lado e o Lucas até teve a lata de mexer nos primeiros filmes para "compor" a coisa!
Claro que vou comprar este filme também e ficar com as 2 trilogias. Mas no meu coração a Star Wars são os 3 primeiros filmes. Os originais, sem as tretas que lhes fizeram depois. E espero que seja mesmo verdade que o homem tenha mesmo abandonado a ideia de fazer os 9 filmes. Já chega!
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