Re: Tópico sobre política
Posted: October 4th, 2016, 6:35 pm
Vivam,
Em termos resumidos, estou completamente de acordo com algumas coisas já referidas, mas realçava um dita pelo Rui Santos e que penso ajuda a explicar a razão porque mesmo com as melhores intenções iniciais por vezes as coisas não funcionam, e outra dita pelo Samwise, relativa ao facto de termos que nos preocupar em melhorar o que temos, em vez de procurar soluções em radicalismos que já se provou não funcionarem.
Deste modo e em termos gerais, acrescentaria ao que referi inicialmente 2 pontos:
1) Também penso que os seres humanos são realmente e na sua esmagadora maioria mal-formados, invejosos, mesquinhos, egoístas. O "complexo R" tão bem descrito por Carl Sagan e os comportamentos primários ligados ao poder, ao sexo e ao dinheiro, por vezes tão simiescos nas práticas sociais, profissionais e ligadas ao sexo, são um inimigo difícil de combater. É caso para dizer que os seres humanos têm o seu maior inimigo dentro deles próprios. É por isso que penso que independentemente das orientações políticas, dos regimes, a ganância, mesquinhez e maldade tão simiesca dos seres humanos em geral corromperá, estragará, impedirá sempre, como tem impedido até agora, uma sociedade mais justa e mais equilibrada. Sobretudo no tempo.
Soluções? Educação, Formação, aprender mais com a História, até com o passado recente, dar mais valor às Ciências Sociais, tão desconsideradas actualmente face às gestões e às ominipotentes Finanças, Economia, Dinheiro, Empresas, Mercados. Quase vomito quando ouço falar nos mercados. Seria bom os seres humanos aprenderem efectivamente com a História, em vez de acumularem conhecimento extra-somático que, embora tenha sido uma grande conquista e nos tenha feito avançar muito, penso que é muito pouco aproveitado em termos práticos no que diz respeito por exemplo à política.
Reitero que penso que continuamos um dos povos mais atrasados da União em termos de cidadania, e apostaria que somos um dos mais corruptos relativamente aos desvios de contas públicas, de esquemas, de roubo pelo privado daquilo que é público, de más gestões, etc. Muito disto é influenciado pelo que escrevi no primeiro parágrafo. Mas é um facto que há sociedades muito piores. Mas também há muito melhores. E é esse caminho no sentido d melhoria que penso temos forçosamente que percorrer enquanto país e enquanto sociedade, sob pena de continuarmos, como andamos há tantos anos já, há espera do D. Sebastião.
2) Por norma, acho que os radicalismos são um remédio pior do que a doença. Sou contra ditaduras, ponto. Acho esquisito persistir na defesa de uma sociedade comunista, quando a História já nos mostrou várias vezes que na prática tal não funciona, sinceramente! Como é que se costuma dizer?... Fazendo exactamente o mesmo, os resultados são os mesmos, ou algo parecido! Para mim é absolutamente inquestionável o modelo democrático como o melhor de todos. O resto ou são utopias que podem ficar muito bem no papel mas não resultam na prática, nunca resultaram e continuam a resultar. E o neoliberalismo é uma forma de ditadura de Direita disfarçada de democracia, e como também já sentimos nos últimos anos, não só não funciona como torna tudo muito pior para a maioria dos cidadãos. Dos cidadãos que trabalham, não dos donos das enormes fortunas que são sempre os mesmos há gerações, ou para os grandes interesses financeiros ligados à banca privada e às grandes empresas.
Mas melhorar o que temos como?
a) Reforçando a legitimidade democrática: não deve continuar a ser possível mentir descaradamente enquanto oposição e na campanha eleitoral, como fez o PSD e Passos Coelho, para uma vez chegado ao poder fazer tudo ao contrário do que tinham prometido. Tantos os políticos como os partidos devem ser responsabilizados pelo que dizem, pelo que defendem. A vida da sociedade e das pessoas é demasiado séria para ser apenas um modo de enriquecimento e conquista de poder ganho à custa de mentirem descaradamente. Na altura infelizmente não tinhamos um Presidente, apenas um indivíduo que lá estava a ocupar o cargo. Mas o tema da legitimidade para o exercício do poder (ou da falta dela), é para mim um tema que devia ser urgentemente revisto. O PSD e o CDS mostraram nos últimos anos que se pode mentir escandalosamente quanto ao que se tenciona fazer, e continuar impunemente no poder, roubando os cidadãos e o país o mais possível com o beneplácito da criatura que ocupou vergonhosamente o cargo onde deviamos ter tido um presidente. Custou muito caro a todos e ao país também ter tal corja durante tanto tempo.
b) Balizando o exercício do poder em termos de decisões estruturais e terminando com a promiscuidade entre a política e a finança: Acho profundamente errado governos que são eleitos por 4 anos poderem tomar decisões que afectam o país para sempre, como foi o caso das vergonhosas privatizações que foram feitas nos últimos anos, ou do roubo descarado do erário público e dos ordenados e pensões dos cidadãos para andar a encher de dinheiro a banca privada e tapar os crimes financeiros que foram cometidos por essas entidades. Se eu tiver uma empresa e eu ou um sócio meu desviar dinheiro e o meter em off-shores, o Estado paga-me as dívidas? Sinceramente, penso que a promiscuidade entre os interesses financeiros e o poder político passou todas as marcas com o penúltimo governo PSD/CDS. Roubar as pessoas para dar o dinheiro aos amigos criminosos da banca privada foi para mim um dos maiores crimes da História do nosso país. E o que se passou com tantos casos (BPN, BPP, Banif, BES, etc), arrepia-me pois faz-me pensar que, se não tivemos um presidente à altura no tempo do Passos Coelho (se tivesse sido um Jorge Sampaio ou um Eanes a festa dos chacais teria durado pouco), que em vez de zelar pelos interesses públicos zelava pelos privados, também parece no mínimo estranho o papel do Banco de Portugal enquanto entidade supervisora, pois é caso para dizer que cada tiro cada melro...quero com isto dizer que tanto o poder político como o financeiro em termos de regulação têm falhado enormemente, parecendo realmente que não servem para proteger os interesses do país, mas sim para encobrir o mais possível as negociatas privadas que se vão fazendo, alimentadas pelo erário público e à custa do nível de vida dos cidadãos. Eu encararia com muito bons olhos a existência de apenas um grande banco público. Banca privada para mim é sinónimo de promiscuidade com o poder político, de corrupção, de crimes financeiros de todos os modos possíveis. A banca privada tem-se revelado um cancro, tal como os grandes interesses financeiros nacionais e internacionais, que subverteram, subjugaram e compraram os políticos. O caso Barroso/Goldman Sachs é um bom indicador.
c) Renegociação da dívida, investimento na indústria: Penso sinceramente também que temos por uma vez de sair deste modelo esclavagista de "devedor", de "bom aluno" (papel em que nos meteu a cavacal coisa) face a uma União Europeia claramente dominada pelo mesmo tipo de gente de Passos Coelho, Relvas, Portas e afins. Sou a favor da renegociação completa da tal dívida que dizem termos! As pessoas são exploradas o mais possível, e o poder político nacional tem roubado descaradamente os cidadãos e o país para garantir o desvio de milhões para tapar os crimes financeiros na banca privada e continua além disso a pactuar com os ordenados miseráveis que os chamados "grandes empregadores" pagam, parece que ainda por favor. Assim nunca mais vamos a lado nenhum. Nenhuma economia consegue crescer quando a maioria dos cidadãos tem ordenados vergonhosos.
Somos um país onde destruiram de forma programada e propositada a indústria, as pescas e a agricultura. Fomos relegados para um pequeno país de turismo e serviços baratos, onde os fundos que entraram durante muito anos fizeram fortunas a muitos espertos, mas não criaram as infraestruturas que seria suposto. Um político, como muitos dos que tivemos, que aceita a destruição do tecido produtivo do seu país a troco de dinheiro, é uma besta que devia ser presa para o resto da vida. Lembram-se quando tinhamos a Sorefame, os Estaleiros? Temos uma ZEE que penso é a maior da UE. Devíamos estar a exportar pescado para todo o mundo, devia ser uma das nossas principais indústrias. Em vez disso, alguém recebeu dinheiro para abater a nossa frota de pesca. Para mim só há um nome para este tipo de coisas: traição à Pátria.
d) Educação, Cidadania: Podia estar a escrever horas e falar de muitos outros temas que me têm preocupado ao longo dos anos, mas penso que já perceberam em termos gerais a maior parte das minhas preocupações. O caminho passa também quanto a mim, além do que escrevi nos parágrafos anteriores, por outro problema fundamental, que é o da cidadania, da educação, da informação, do esclarecimento. Custa-me dizer isto, mas já o disse anteriormente: estou convencido de que continuamos a ser um dos povos mais ignorantes da União, e a falta de responsabilidade cívica das pessoas é confrangedora. No estado em que está o país, haver 50% de abstenção nas eleições é pior do que qualquer filme de terror. É uma falta de responsabilidade, de sentido cívico verdadeiramente arrepiante. Por tudo isto é que as coisas chegaram ao ponto a que chegaram. O deixa andar, o passar a palavra de que "não vale a pena votar", que "são todos iguais" assusta-me. Conheço gente que até se gaba de não votar, o que sinceramente até me dá pena. O pior é que os anos passam e tudo parece pior. Quando as pessoas não querem, realmente não há grande coisa que se possa fazer. É como dar um gabinete de trabalho com todas as ferramentas a uma pessoa preguiçosa, mal formada, desorganizada e incompetente. O voto é das poucas coisas que temos que pode fazer a diferença. Aliás viu-se a sua importância recentemente, sendo por isso que agora temos uma aliança governativa que não é uma corja, como a anterior.
Reitero o meu pessimismo, no entanto. Portugal penso que está muito pior do que a maioria das pessoas pensa. O que temos tido ultimamente têm sido alguns balões de oxigénio, mas um país sem indústria, sem pescas ou agricultura, que foi pago para destruir o seu tecido produtivo, que no fundo era um dos garantes da sua independência,um país de impostos altíssimos, onde temos uma das gasolinas e preços de viaturas mais altos da Europa e dos rendimentos médios mais baixos, um país que teve um presidente (Cavaco) e alianças governativas (PSD/CDS) que arruinaram completamente a classe média e as perspectivas (que já não eram grande coisa) mentindo descaradamente aos cidadãos e subvertendo as prioridades do país e roubando o erário público para andar a dar milhões a criminosos que deviam estar na cadeia... é um país que dificilmente conseguirá erguer-se novamente, sobretudo se as pessoas na sua maioria continuarem a preocupar-se em discutir futebol, concursos da treta e telenovelas e não começarem também a pensar em começar a ter análise crítica do que é feito politicamente e concretizar as conclusões a que chegarem em termos de voto.
Em termos resumidos, estou completamente de acordo com algumas coisas já referidas, mas realçava um dita pelo Rui Santos e que penso ajuda a explicar a razão porque mesmo com as melhores intenções iniciais por vezes as coisas não funcionam, e outra dita pelo Samwise, relativa ao facto de termos que nos preocupar em melhorar o que temos, em vez de procurar soluções em radicalismos que já se provou não funcionarem.
Deste modo e em termos gerais, acrescentaria ao que referi inicialmente 2 pontos:
1) Também penso que os seres humanos são realmente e na sua esmagadora maioria mal-formados, invejosos, mesquinhos, egoístas. O "complexo R" tão bem descrito por Carl Sagan e os comportamentos primários ligados ao poder, ao sexo e ao dinheiro, por vezes tão simiescos nas práticas sociais, profissionais e ligadas ao sexo, são um inimigo difícil de combater. É caso para dizer que os seres humanos têm o seu maior inimigo dentro deles próprios. É por isso que penso que independentemente das orientações políticas, dos regimes, a ganância, mesquinhez e maldade tão simiesca dos seres humanos em geral corromperá, estragará, impedirá sempre, como tem impedido até agora, uma sociedade mais justa e mais equilibrada. Sobretudo no tempo.
Soluções? Educação, Formação, aprender mais com a História, até com o passado recente, dar mais valor às Ciências Sociais, tão desconsideradas actualmente face às gestões e às ominipotentes Finanças, Economia, Dinheiro, Empresas, Mercados. Quase vomito quando ouço falar nos mercados. Seria bom os seres humanos aprenderem efectivamente com a História, em vez de acumularem conhecimento extra-somático que, embora tenha sido uma grande conquista e nos tenha feito avançar muito, penso que é muito pouco aproveitado em termos práticos no que diz respeito por exemplo à política.
Reitero que penso que continuamos um dos povos mais atrasados da União em termos de cidadania, e apostaria que somos um dos mais corruptos relativamente aos desvios de contas públicas, de esquemas, de roubo pelo privado daquilo que é público, de más gestões, etc. Muito disto é influenciado pelo que escrevi no primeiro parágrafo. Mas é um facto que há sociedades muito piores. Mas também há muito melhores. E é esse caminho no sentido d melhoria que penso temos forçosamente que percorrer enquanto país e enquanto sociedade, sob pena de continuarmos, como andamos há tantos anos já, há espera do D. Sebastião.
2) Por norma, acho que os radicalismos são um remédio pior do que a doença. Sou contra ditaduras, ponto. Acho esquisito persistir na defesa de uma sociedade comunista, quando a História já nos mostrou várias vezes que na prática tal não funciona, sinceramente! Como é que se costuma dizer?... Fazendo exactamente o mesmo, os resultados são os mesmos, ou algo parecido! Para mim é absolutamente inquestionável o modelo democrático como o melhor de todos. O resto ou são utopias que podem ficar muito bem no papel mas não resultam na prática, nunca resultaram e continuam a resultar. E o neoliberalismo é uma forma de ditadura de Direita disfarçada de democracia, e como também já sentimos nos últimos anos, não só não funciona como torna tudo muito pior para a maioria dos cidadãos. Dos cidadãos que trabalham, não dos donos das enormes fortunas que são sempre os mesmos há gerações, ou para os grandes interesses financeiros ligados à banca privada e às grandes empresas.
Mas melhorar o que temos como?
a) Reforçando a legitimidade democrática: não deve continuar a ser possível mentir descaradamente enquanto oposição e na campanha eleitoral, como fez o PSD e Passos Coelho, para uma vez chegado ao poder fazer tudo ao contrário do que tinham prometido. Tantos os políticos como os partidos devem ser responsabilizados pelo que dizem, pelo que defendem. A vida da sociedade e das pessoas é demasiado séria para ser apenas um modo de enriquecimento e conquista de poder ganho à custa de mentirem descaradamente. Na altura infelizmente não tinhamos um Presidente, apenas um indivíduo que lá estava a ocupar o cargo. Mas o tema da legitimidade para o exercício do poder (ou da falta dela), é para mim um tema que devia ser urgentemente revisto. O PSD e o CDS mostraram nos últimos anos que se pode mentir escandalosamente quanto ao que se tenciona fazer, e continuar impunemente no poder, roubando os cidadãos e o país o mais possível com o beneplácito da criatura que ocupou vergonhosamente o cargo onde deviamos ter tido um presidente. Custou muito caro a todos e ao país também ter tal corja durante tanto tempo.
b) Balizando o exercício do poder em termos de decisões estruturais e terminando com a promiscuidade entre a política e a finança: Acho profundamente errado governos que são eleitos por 4 anos poderem tomar decisões que afectam o país para sempre, como foi o caso das vergonhosas privatizações que foram feitas nos últimos anos, ou do roubo descarado do erário público e dos ordenados e pensões dos cidadãos para andar a encher de dinheiro a banca privada e tapar os crimes financeiros que foram cometidos por essas entidades. Se eu tiver uma empresa e eu ou um sócio meu desviar dinheiro e o meter em off-shores, o Estado paga-me as dívidas? Sinceramente, penso que a promiscuidade entre os interesses financeiros e o poder político passou todas as marcas com o penúltimo governo PSD/CDS. Roubar as pessoas para dar o dinheiro aos amigos criminosos da banca privada foi para mim um dos maiores crimes da História do nosso país. E o que se passou com tantos casos (BPN, BPP, Banif, BES, etc), arrepia-me pois faz-me pensar que, se não tivemos um presidente à altura no tempo do Passos Coelho (se tivesse sido um Jorge Sampaio ou um Eanes a festa dos chacais teria durado pouco), que em vez de zelar pelos interesses públicos zelava pelos privados, também parece no mínimo estranho o papel do Banco de Portugal enquanto entidade supervisora, pois é caso para dizer que cada tiro cada melro...quero com isto dizer que tanto o poder político como o financeiro em termos de regulação têm falhado enormemente, parecendo realmente que não servem para proteger os interesses do país, mas sim para encobrir o mais possível as negociatas privadas que se vão fazendo, alimentadas pelo erário público e à custa do nível de vida dos cidadãos. Eu encararia com muito bons olhos a existência de apenas um grande banco público. Banca privada para mim é sinónimo de promiscuidade com o poder político, de corrupção, de crimes financeiros de todos os modos possíveis. A banca privada tem-se revelado um cancro, tal como os grandes interesses financeiros nacionais e internacionais, que subverteram, subjugaram e compraram os políticos. O caso Barroso/Goldman Sachs é um bom indicador.
c) Renegociação da dívida, investimento na indústria: Penso sinceramente também que temos por uma vez de sair deste modelo esclavagista de "devedor", de "bom aluno" (papel em que nos meteu a cavacal coisa) face a uma União Europeia claramente dominada pelo mesmo tipo de gente de Passos Coelho, Relvas, Portas e afins. Sou a favor da renegociação completa da tal dívida que dizem termos! As pessoas são exploradas o mais possível, e o poder político nacional tem roubado descaradamente os cidadãos e o país para garantir o desvio de milhões para tapar os crimes financeiros na banca privada e continua além disso a pactuar com os ordenados miseráveis que os chamados "grandes empregadores" pagam, parece que ainda por favor. Assim nunca mais vamos a lado nenhum. Nenhuma economia consegue crescer quando a maioria dos cidadãos tem ordenados vergonhosos.
Somos um país onde destruiram de forma programada e propositada a indústria, as pescas e a agricultura. Fomos relegados para um pequeno país de turismo e serviços baratos, onde os fundos que entraram durante muito anos fizeram fortunas a muitos espertos, mas não criaram as infraestruturas que seria suposto. Um político, como muitos dos que tivemos, que aceita a destruição do tecido produtivo do seu país a troco de dinheiro, é uma besta que devia ser presa para o resto da vida. Lembram-se quando tinhamos a Sorefame, os Estaleiros? Temos uma ZEE que penso é a maior da UE. Devíamos estar a exportar pescado para todo o mundo, devia ser uma das nossas principais indústrias. Em vez disso, alguém recebeu dinheiro para abater a nossa frota de pesca. Para mim só há um nome para este tipo de coisas: traição à Pátria.
d) Educação, Cidadania: Podia estar a escrever horas e falar de muitos outros temas que me têm preocupado ao longo dos anos, mas penso que já perceberam em termos gerais a maior parte das minhas preocupações. O caminho passa também quanto a mim, além do que escrevi nos parágrafos anteriores, por outro problema fundamental, que é o da cidadania, da educação, da informação, do esclarecimento. Custa-me dizer isto, mas já o disse anteriormente: estou convencido de que continuamos a ser um dos povos mais ignorantes da União, e a falta de responsabilidade cívica das pessoas é confrangedora. No estado em que está o país, haver 50% de abstenção nas eleições é pior do que qualquer filme de terror. É uma falta de responsabilidade, de sentido cívico verdadeiramente arrepiante. Por tudo isto é que as coisas chegaram ao ponto a que chegaram. O deixa andar, o passar a palavra de que "não vale a pena votar", que "são todos iguais" assusta-me. Conheço gente que até se gaba de não votar, o que sinceramente até me dá pena. O pior é que os anos passam e tudo parece pior. Quando as pessoas não querem, realmente não há grande coisa que se possa fazer. É como dar um gabinete de trabalho com todas as ferramentas a uma pessoa preguiçosa, mal formada, desorganizada e incompetente. O voto é das poucas coisas que temos que pode fazer a diferença. Aliás viu-se a sua importância recentemente, sendo por isso que agora temos uma aliança governativa que não é uma corja, como a anterior.
Reitero o meu pessimismo, no entanto. Portugal penso que está muito pior do que a maioria das pessoas pensa. O que temos tido ultimamente têm sido alguns balões de oxigénio, mas um país sem indústria, sem pescas ou agricultura, que foi pago para destruir o seu tecido produtivo, que no fundo era um dos garantes da sua independência,um país de impostos altíssimos, onde temos uma das gasolinas e preços de viaturas mais altos da Europa e dos rendimentos médios mais baixos, um país que teve um presidente (Cavaco) e alianças governativas (PSD/CDS) que arruinaram completamente a classe média e as perspectivas (que já não eram grande coisa) mentindo descaradamente aos cidadãos e subvertendo as prioridades do país e roubando o erário público para andar a dar milhões a criminosos que deviam estar na cadeia... é um país que dificilmente conseguirá erguer-se novamente, sobretudo se as pessoas na sua maioria continuarem a preocupar-se em discutir futebol, concursos da treta e telenovelas e não começarem também a pensar em começar a ter análise crítica do que é feito politicamente e concretizar as conclusões a que chegarem em termos de voto.