Qual foi o último filme que viram ?

[Argaroth01]

No "300", dotado de um fascismo "esplendoroso", a narrativa é claramente contada a partir de um Espartano.
Aí sim, podemos fazer de conta que o filme até nem tenta atacar determinada cultura em prol de outra.

Se "300" é deliberadamente maniqueísta como é que podemos "fazer de conta que o filme até nem tenta atacar determinada cultura" ? O filme é uma longa narrativa de propaganda anti-persa.

E quanto ao "Braveheart", deixei de gostar do filme há muito tempo mas dá-me a impressão que o problema não é tanto o filme em si mas o facto de ter sido realizado por um "católico fanático, racista e intolerante". Tanto quanto me lembro, se não me falha a memória, não são só ingleses os maus da fita. Não havia uns 3 chefes, escoceses e/ou irlandeses, que traíram o Wallace e que depois são executados por ele ? E mesmo assim, a tradição dos ingleses como maus da fita já é longínqua: quantos filmes não têm ingleses a interpretarem vilões (tudo bem que nem sempre como representantes da sua identidade, mas não deixa de ser curioso serem quase sempre eles a fazê-lo) ?

[DarkPhoenix]

Argaroth, estamos de acordo...
O "fazer de conta" é estar confortavelmente sentado no sofá e nem ligar à parvalheira da propaganda...

[Argaroth01]

Argaroth, estamos de acordo...
O "fazer de conta" é estar confortavelmente sentado no sofá e nem ligar à parvalheira da propaganda...

Então o mesmo poderia ser possível de fazer com o "Braveheart". Eu deixei de gostar do filme há muito tempo porque já não tenho pachorra para narrativas de libertação em estilo épico-romântico. E o papel principal fica mal ao Gibson, que faz um péssimo sotaque escocês.

A piada do "300" para mim (apesar de ser outro filme que não desejo rever proximamente) é o facto de ser uma espécie de exercício de metaficção: uma história dentro de uma história. É narrada por um soldado espartano enquanto propaganda anti-persa, para desumanizar o inimigo e facilitar moralmente a sua derrota.

[DarkPhoenix]

Não é possível desculparem-se ambos da mesma forma.

"Braveheart" assume-se como algo que não é. Pretensioso e desonesto, mascarado de épico histórico.

"300" não é nem quer ser mais do que um vulgar filme de acção, adaptação de um graphic novel.
Ainda por cima, é narrado do ponto de vista de um Espartano.

[lud81]

Atenção a este, pouca gente o conhece, mas é muito bom!

Eu conheço, vi há muitos, muitos anos na RTP (acho que ainda nem havia Sic nem TVI). Esse poster é fantástico e acho que reflecte muito bem o tom do filme.

Este não é bem sobre viagens no tempo, mas dentro da Ficção Científica é do melhor que se fez este século:

The Man From Earth





Quanto ao Braveheart, na minha opinião é uma dramatização histórica (que não se tenta passar por historicamente correcto, que eu saiba, o próprio Gibson fala disso no comentário audio) contada do ponto de vista dos escoceses, que como sabem não morrem de amores pelos ingleses. E tem cenas muito bem encenadas por Mel Gibson como realizador.

[kubrick]

Amigo Cabeças, conheço alguns dos que colocaste.



E este, já viste? É fenomenal. O Brad Pitt dá-lhe nas horas, fazer aquele papel, só mesmo o Jack Nicholson seria capaz de o fazer também.

[Enigma]

Quanto ao Braveheart, na minha opinião é uma dramatização histórica (que não se tenta passar por historicamente correcto, que eu saiba, o próprio Gibson fala disso no comentário audio) contada do ponto de vista dos escoceses, que como sabem não morrem de amores pelos ingleses.

Exactamente. Juro que ainda não percebi bem todo este imenso celeuma em volta do Braveheart. Mas respeito gostos e opiniões.

E sim, o 300 é narrado pela voz de um soldado espartano... mas, pois bem... tal como o Braveheart é narrado por um guerreiro escocês, após uma rivalidade centenária e guerras sanguinárias! Revejam o final (incriveis semelhanças com o fim do 300 anyway)... Relembrem logo o seu inicio... primeiras palavras do filme, após a câmara voar sobre as Highlands:

"I shall tell you of William Wallace. Historians from England will say I am a liar, but history is written by those who have hanged heroes."

by... Robert the Bruce (Angus McFadyen). King of Scotland.

[vinsanity]

Li uns comentários de pessoal escocês que viram o Braveheart, e o que criticam mais no filme é, além de não ser historicamente 100% accurate, foi a forma como retrataram Robert the Bruce, como alguém medroso, cobarde, algo que na realidade era o oposto que é no filme, e outra ponto que criticam também é a cena da tinta azul que o Wallace pinta na cara.

[kubrick]

Li uns comentários de pessoal escocês que viram o Braveheart, e o que criticam mais no filme é, além de não ser historicamente 100% accurate, foi a forma como retrataram Robert the Bruce, como alguém medroso, cobarde, algo que na realidade era o oposto que é no filme, e outra ponto que criticam também é a cena da tinta azul que o Wallace pinta na cara.

Olha o Vinsanity da AVDA. Eheh

Não digas essas calunias.

[Samwise]

A caracterização da homosexualidade é primária e nojenta.
Manipula ao ponto de agradecermos quando o Rei -carniceiro insaciável de sangue ( e Inglês ) - atira um deles pela janela.

O que eu não acho é que haja um "caracterização da homosexualidade" no filme, assim como não há uma "caracterização da heterosexualidade". O que há são personagens e mais as suas qualidade e defeitos, sendo que a homosexualidade não condiciona nenhuma destas. Dos dois homossexuais do filme, um tem uma aparência frágil e não se consegue impor perante a personalidade dominadora do pai, mas outro não é pintado dessa forma - tanto que não tem medo, tenta incutir ao príncipe amante a necessidade de uma confrontação mais forte perante o pai, e chega até a falar com o Rei a propósito de planos militares (acabando por morrer pela ousadia).

Também não vejo uma representação pro-catolicista (fanática) no filme, e aqui então os teus argumentos entram em conflito uns com os outros: à conta da ideia de haver uma crítica à homosexualidade, cria-se uma situação de intolerância extrema (num rei católico - apesar de inglês - e perante o próprio filho) e outra de infidelidade conjugal - tudo comportamentos aceites segundo os bons valores morais do catolicismo...

Agradecermos a defenestração? Como assim? Ficamos contentes? E o contentamento deriva de ter sido um homosexual a ser mandado pela janela?
Se for este o raciocínio, acho-o um bocado rebuscado - eu não me revi nada nessa situação quando vi a cena (nem senti contentamento, nem senti nenhuma tentativa de manipulação no sentido de ficar contente pela morte de um homosexual).

Por acaso o Wallace, na sua senda de vingança, também passa a determinada altura por carniceiro insaciável de sangue, só que esse não é inglês.

Afinal, teve que ser o GRANDE HERÓI William Wallace a satisfazer os prazeres carnais da princesinha Francesa, dada a incompetência máscula do Príncipe ( Inglês...)
O mesmo que depois renega o pai às portas da morte. Estes Ingleses são mesmo diabólicos, fo*a-se!

Qualquer dia não pode haver defeitos nas personagens, senão tu vai dizer que esses defeitos são representativos de todo um povo, ou de todo um grupo religioso, ou de toda uma orientação sexual.

Segundo a tua perspectiva, que outro atitude poderia ter o príncipe perante o rei nessa altura? (tenho a impressão de que qualquer que esta fosse, tu irias criticar a mal, pois de trás já vinha ideia de ser uma má representação da homosexualidade)

Quanto ao Escocês traidor ( o tal do herdeiro ), há uma notória tentativa do filme em desculpar a sua traição, porque coitadinho era fraco e estava de mãos atadas.
Ahh, e também queria - à sua maneira - o melhor para o seu povo.

Mas essa é a mesma situação em que estava o príncipe homosexual do lado dos ingleses (fraco e de mão atadas perante o pai), mas ao escocês não te vejo criticar a orientação "heterosexual". A situação de ambos têm um paralelismo evidente (um dia poderiam vir ser reis, e estão os dois completamente dominados pela vontade dos respectivos pais), apesar da diferença na orientação sexual.

[Samwise]

Este não é bem sobre viagens no tempo, mas dentro da Ficção Científica é do melhor que se fez este século:

The Man From Earth

Ehehehe... este por acaso foi das coisas piorzitas que vi este ano. Ok, Ok, respeito opiniões, mas achei tudo mau no filme, desde o argumento até às interpretações. Tudo muito amador - quase nem para telefilme serve.

[DarkPhoenix]

Samwise, não estamos a falar do mesmo filme...
Tais são as diferenças na interpretação, que é difícil esgrimir argumentos.
Embora ainda houvesse material para mais uma dezena de páginas, a discussão teria que subir de nível, ser sustentada com um revisionamento da "obra" em análise, devidamente dissecada...
Infelizmente não tenho tempo, muito menos qualquer vontade de o fazer.

Já dei a minha opinião, que é obviamente produto da minha interpretação pessoal.

Percebo perfeitamente que se goste do tom heróico, grandes planos das Highlands e OST épica, mas para mim a manipulação torna Braveheart intragável.

[alan_smithee]

Este não é bem sobre viagens no tempo, mas dentro da Ficção Científica é do melhor que se fez este século:

The Man From Earth

Ehehehe... este por acaso foi das coisas piorzitas que vi este ano. Ok, Ok, respeito opiniões, mas achei tudo mau no filme, desde o argumento até às interpretações. Tudo muito amador - quase nem para telefilme serve.

Somo dois. Desisti ao fim de meia hora.

Felizmente para cada "The Man From Earth" existe um "Pickpocket".



Pickpocket é muiro provavelmente a obra-prima de Robert Bresson. E digo muito provavelmente porque ainda não vi “Un condamné à mort s'est échappé”. Da restante obra de Bresson, não gosto de “Lancelot du Lac”, “Le diable probablement”, “L'argent”; gosto, mas longe do deslumbramento de “Quatre nuits d'un rêveur”, “Procès de Jeanne d'Arc” e “Mouchette”. Os outros são muito bons, “Au hasard Balthazar”, “Journal d'un curé de campagne” e “Pickpocket”. Mas este último é para mim o melhor de todos.

Convém, antes de falar de Pickpocket, dedicar duas linhas a Bresson. É um realizador sui generis, que utilizava frequentemente actores amadores e que evitava expressões faciais. O seu cinema é marcado por uma passividade tanto dos actores como da própria câmara, pois os movimentos desta são raros, (embora Bresson use uma multiplicidade de planos, e a montagem seja dinámica). Sendo assim, os seus filmes transmitem uma sensação de algum distanciamentoface ao objecto filmado.

Digamos que Pickpocket, tem algo de ““Crime e Castigo”, de Dostoievski, e de “O Estrangeiro” de Albert Camus. Michel, o protagonista, é uma personagem de uma compléxidade notável. É um jovem inteligente e culto que não trabalha e dedica-se ao roubo de carteiras. Embora sinta alguns remorsos, nada faz para mudar o seu estilo de vida. Com o sucesso dos seus primeiros furtos, desenvolve uma espécie superioridade moral, que o leva a cometer furtos cada vez mais ousados.

Tudo no filme é minimalista, com uma realização quase invisível. A fotografia é extraordinária, com destaque para as variações de luz nos interiores. Apesar de os actores serem inexpressivos, simpatizamos com eles. Basta o seu olhar (por exemplo Michel, passa pelo olhar, toda uma carga de desespero, todo um vazio existencial e toda uma luta contra o vício, sem precisar quase de palavras), e os planos dos seus rostos e mãos. As mãos então, têm vida própria neste filme. Estão sempre a fazer algo, numa incessante coreografia, num constante balé.

A longa sequência na estação de comboios sintetiza o filme de forma brilhante. Não há um comentário, uma explicação para aquela acção. Não há psicologia barata. A sequência é uma verdadeira aula de como filmar de modo claro e objetivo, sem usar palavras. Felizmente não existe neste filme concessoes ao fácil e ao superficial.

O filme e tão naturalista, que a polícia francesa proibiu a sua exibição durante dois anos.

A cena final é outra aula de cinema, fugindo a todos os lugares comuns. Não existe pieguice, apenas a constatação, que na vida, tomamos a maior parte das vezes os caminhos errados.

Pickpocket é aquilo que podemos chamar de “o filme de uma vida”.

[rui sousa]

Gostava de ver o pickpocket. A ver se ainda apanho a edição da colecção do Público.

É impressão minha, ou esse do «man from earth» é um homem que tem milhões de anos de idade, ou coisa parecida?

[kubrick]

Gostava de ver o pickpocket. A ver se ainda apanho a edição da colecção do Público.

É impressão minha, ou esse do «man from earth» é um homem que tem milhões de anos de idade, ou coisa parecida?

Basta (se for possível) ires ao Colombo e tens lá esse entre outros.
Eu deixei escapar uns, vou lá em Janeiro e levo logo uns 20.

Não tenho tido paciência para ver coisas novas, tenho revisto bastante...

Desde já aviso que é um filme manipulador...



... Coitado do tipo que perseguia o génio do Mozart.



Mais um manipulado, o realizador faz-nos sentir muita pena do rapaz pelos crimes que não cometeu.