Qual foi o último filme que viram ?

[drive]

13/20

O filme vê-se bem mas o final é desastroso. Achei a cena tão pouco credível, que chega a ser cómica.

[Rui Santos]

Tentem sempre escrever uma opinião sobre o filme. Não são precisas 20 linhas, mas 2 ou 3 não custa nada e serve para percebermos melhor a vossa opinião.

[rui sousa]

Num ambiente de instabilidade e de crise como é este que, na atualidade, a sociedade tem de se confrontar, torna-se urgente manter vivos os valores morais e éticos que nos foram ensinados e que devem continuar a ser preservados para as próximas gerações, tentando que talvez as pessoas se apercebam que pode haver uma luz no meio da escuridão, para mudar um mundo que, em variadas situações do quotidiano, me faz pensar que esses valores, simplesmente, não existem.
«Peço a palavra», no original «Mr Smith Goes to Washington», é um filme que tenta mostrar ao espetador que, apesar de toda a maldade e injustiça que abunda na sociedade do século XXI, há sempre alguém que, no meio de uma grande multidão, se destaca por querer mudar o seu espaço ou a mentalidade do Homem.
O filme, realizado por Frank Capra ("Do céu caiu uma estrela") conta-nos a história de Jefferson Smith, um indivíduo da província que é convidado para o cargo de senador por Washington D.C, mas cujo papel vai ser, para muitos políticos do Senado, o de uma marioneta ao seu serviço, pronta a ser manipulada e a entrar no jogo de Jim Taylor, o líder de toda uma máquina política montada, onde reina a corrupção e a mentira. Smith vai tentar criar uma lei para ser aprovada no Senado, com a ajuda da sua assistente, Clarissa Saunders, que mais tarde o irá informar do negócio obscuro que não irá permitir que o inocente senador consiga levar a sua lei sobre a criação de um campo para jovens no local onde pretendia para o bom caminho, levando Smith a despertar e aperceber-se da grande teia de corrupção em que se está a meter, onde está nela incluído o senador Joseph Paine, um dos capatazes de Jim Taylor, e que o fará ser armadilhado para que o dito negócio obscuro não seja revelado no Senado.
«Mr Smith Goes to Washington» é uma das grandes obras-primas do cinema americano e um filme notável por continuar (infelizmente) atual, e por isso torna-se um filme importante para compreender o submundo da política americana (e não só!) e torna-se uma história que, tal como referi, pretende dar uma esperança ao espetador. Uma esperança de que há sempre alguém que consegue ser mais forte que a corrupção e a falsidade e que tem a verdade e os seus valores acima de todas as coisas. Um filme intemporal e fresco, mesmo passados mais de setenta anos sobre a sua estreia original.

Nota: * * * * *

[Samwise]

Já alguém viu o Secrets & Lies?

Mas que dramalhão!...

E que grande interpretação da Brenda Blethyn!

[Cabeças]

Já alguém viu o Secrets & Lies?

Mas que dramalhão!...

E que grande interpretação da Brenda Blethyn!

Do Mike Leigh... Vi esse filme há anos e revi-o há pouco tempo. Grande filme, gostei imenso. Tanto que foi esse que me fez ver também o "Um Ano Mais". E sinceramente, ainda gostei mais deste último.

Se gostaste do "Secrets and Lies", não percas o "Another Year" (2010).Escrevi o que achei na altura aqui:

http://forum.dvdmania.org/viewtopic. ... gh#p549920

[Net_Holer]

Drive (2011)

http://www.imdb.com/title/tt0780504/

Pegaram nuns "milhares de dolares", viram o Gran Torino, o Taxi Driver, Irreversivel, 60 segundos e meteram um bocado de cada dentro de uma trituradora... E ficou bom!

É um filme subtil. Grande actor e uma banda sonora espectacular


Tentei não ler muito sobre o filme, a não ser a análise na Empire de Dezembro e um ou outro comentário que escapava nos fóruns, e fiz o mesmo depois de ver para chegar às minhas conclusões. Pensei que fosse ainda melhor, mas gostei.

A minha nota: 7.5/10

[Samwise]

Alien do Ridley Scott

O Alien tem quase 35 anos...se existir uma lista de filmes que envelheceram bem do ponto de vista técnico , o Alien estaria sempre á cabeça. Colocando de lado o brilhante terror psicológico que o Ridley cria ao longo do filme de forma lenta , o próprio horror da personagem e tudo o que a envolve (nomeadamente as suas enormes conotações sexuais), a dinâmica e a interação real de um grupo de pessoas que viaja junta numa nave , a ascensão da Ripley durante o filme (acho muito curioso a progressão da personagem) , a lindíssima musica do jerry goldsmith , o aspecto que ainda hoje me deixa boquiaberto é a estética do filme. Aqueles sets são um regalo para os olhos. O próprio Ridley também deve ter ficado apaixonado , porque ele não se cansa de realçar visualmente a nave com constantes shots onde ele apenas desloca a câmara horizontalmente ao longo decks , corredores , etc. Hoje era muito difícil ver-se uma cena como a do Ash quando ele está a analisar as características do facehugger e a ripley aparece a questioná-lo , e toda a cena começa do outro lado da sala , a câmara vai rodando e aproximando-se dele , só depois aparece o outro interlocutor (a ripley) e acaba novamente com a câmara a regressar ao mesmo ponto inicial acompanhado a saída do Ash. É esta lentidão que não só permite realçar a beleza visual , como criar um certo desconforto sobre toda a situação que parece que a qualquer momento pode rebentar. E nem é preciso falar das (deslumbrantes) cenas no planeta....

À frente do Blade Runner, e ainda por boa margem, o Alien é o filme que mais gosto do Ridley (e o Alien que mais gosto dos quatro).

Fico sempre impressionado com a geometria interior da Nostromo, e mais com os seus decors pulsantes de tecnologia, "luzinhas" e maquinaria de design futurista, mas silenciosos, gélidos no que toca ao calor da presença humana, um ambiente que amplia fortemente a sensação de isolamento, de solidão e de afastamento em relação ao lar para o lado da tripulação. O tamanho gigantesco da nave propicia também a que a caça ao bicho alastre para as zonas "desconhecidas" e "inóspitas" - e nestas, os cenários tornam-se sombrios e ameaçadores. A câmara onde o Harry Dean Stanton tem em "encontro imediato" é o caso mais notável do lote, a par dos túneis de ventilação, e parece por si só um local assombrado, cheio de formas indistintas, sombras e recantos escondidos (as correntes que descem lá de cima dão logo a ideia de um sala de tortura...). Diria que mais do que o monstro em si, a nave contribui de forma significativa para a construção do clima de terror. Claro que depois daquela visita à outra nave, e sabendo que há um alien à solta ali dentro, os níveis de adrenalina disparam para os 100%.

Concordo com a questão dos movimentos lentos da câmara. Não só nessa cena, mas em todo o filme - logo a começar pelo início, quando ainda não se vislumbra vivalma acordada.

Do Mike Leigh... Vi esse filme há anos e revi-o há pouco tempo. Grande filme, gostei imenso. Tanto que foi esse que me fez ver também o "Um Ano Mais". E sinceramente, ainda gostei mais deste último.

Se gostaste do "Secrets and Lies", não percas o "Another Year" (2010).

Sim, gostei imenso, apesar do ambiente ultra-depressivo (que deve ser o que de mais oposto se arranja em relação ao "feel-good-movie" ). De facto a expressão "hiper-realismo" vem à memória. Ainda não vi mais nenhum filme dele, mas o estilo cru, sem artifícios, cortando uma fatia social que parece ser uma fotografia da vida (e não deve ser por acaso que esta ideia é transposta literalmente para dentro do filme), deixou-me com vontade de ver os outros. Achei interessante a câmara estar quase sempre fixa, sem movimento e sem "zoom", com enquadramentos fortemente apertados, em que cabem as personagens e pouco mais - uma nesga de espaço à volta, que corresponde também ao pouco espaço que têm para se mover nas suas casas e locais que frequentam. Personagens essas que estão psicologicamente à beira da ruptura, profundamente infelizes, sejam as situações sociais precárias ou não, a braços com as voltas que a vida deu e com a memória de tempos mais felizes, a tentarem perceber o que correu mal.

[rui sousa]

A grande imaginação e o humor genial de Woody Allen estão bem patentes em «Balas sobre a Broadway», um dos filmes mais famosos e aclamados do comediante americano. A fita passa-se nos anos 20, tendo como pano de fundo uma América dominada pela máfia e pelos seus interesses, com muita corrupção e assassínios à mistura. No meio de tudo isto, surge um autor de peças de teatro (John Cusack) que pretende que a sua nova obra seja um grande êxito (ao contrário das suas antecessoras). Mas para levar a sua peça para os palcos da Broadway, esta personagem só o conseguirá graças ao seu novo mecenas, um dos grandes líderes da máfia local, que o obriga a colocar a sua namorada num dos papéis da peça, embora ela seja péssima a representar (e ela, claro, não acha isso). Para ir aos ensaios a dita cuja é obrigada a ser vigiada pelo seu guarda-costas, que mais tarde irá ajudar o autor da peça a melhorá-la e tornando-se também ele o seu autor. Este filme é muito divertido, e dos poucos que vi do Woody Allen até hoje, é dos que gosto mais, juntamente com «Annie Hall» e «Meia noite em Paris». Um filme muito recomendável, hilariante, bem representado e escrito.

Nota: * * * * 1/2



«O cowboy da meia noite» retrata a vivência de dois homens nas ruas de Nova Iorque (e em particular a "47 street"). Joe Buck (Jon Voight) é um ingénuo rapaz do campo com um passado não muito feliz, que decide viajar até Nova Iorque para enriquecer à custa de mulheres mais velhas e mais ricas. A dada altura, conhece Ratso Rizzo (Dustin Hoffman naquela que considero a sua melhor atuação, de todos os filmes que vi do currículo deste ator), um vagabundo deficiente e também com uma triste história de vida, que se irá juntar a Joe e a ajudá-lo no seu "negócio". «O cowboy da meia noite» é um grande clássico do cinema americano, aplaudido e aclamado desde a sua estreia até aos nossos dias, tendo vencido três Oscares da Academia para melhor realizador, melhor argumento adaptado e melhor filme de 1969. De destacar as poderosas interpretações das duas personagens principais, o soberbo argumento, a excelente montagem e a extraordinária realização. Uma obra cinematográfica que não merece ser esquecida.

Nota: * * * * *

[Samwise]

A grande imaginação e o humor genial de Woody Allen estão bem patentes em «Balas sobre a Broadway», um dos filmes mais famosos e aclamados do comediante americano. A fita passa-se nos anos 20, tendo como pano de fundo uma América dominada pela máfia e pelos seus interesses, com muita corrupção e assassínios à mistura. No meio de tudo isto, surge um autor de peças de teatro (John Cusack) que pretende que a sua nova obra seja um grande êxito (ao contrário das suas antecessoras). Mas para levar a sua peça para os palcos da Broadway, esta personagem só o conseguirá graças ao seu novo mecenas, um dos grandes líderes da máfia local, que o obriga a colocar a sua namorada num dos papéis da peça, embora ela seja péssima a representar (e ela, claro, não acha isso). Para ir aos ensaios a dita cuja é obrigada a ser vigiada pelo seu guarda-costas, que mais tarde irá ajudar o autor da peça a melhorá-la e tornando-se também ele o seu autor. Este filme é muito divertido, e dos poucos que vi do Woody Allen até hoje, é dos que gosto mais, juntamente com «Annie Hall» e «Meia noite em Paris». Um filme muito recomendável, hilariante, bem representado e escrito.

Nota: * * * * 1/2

Este pertence ao lote dos que ainda não conheço, mas tenho estado a ver a obra dele cronologicamente, do mais antigo para o mais recente, passando em revista os que já vi e vendo pela primeira vez os que faltam. Vou em 1983 e o último que calhou foi o Zelig, uma obra-prima que está pelo menos ao nível do Manhattan e do Annie Hall, embora seja um filme completamente diferente - desses e de tudo o resto que ele fez -, uma espécie de Forrest Gump dos anos 20, mais cerebral, muito mais divertido, e com "efeitos especiais" de fazer inveja mesmo segundo os padrões actuais.

É interessante acompanhar a evolução e o amadurecimento do Allen enquanto argumentista/escritor, enquanto humorista, enquanto cineasta, e a confluência destas vertentes nos filmes que foi fazendo. Inicialmente, eram pouco mais do que um amontoado de sketches em que história estava lá só para os colar, e em que cada sequência explorava ao máximo a situação humorística que pudesse conter, individualmente, e sem ligação às restantes, frequentemente de forma absurda quanto ao sentido de "realidade". Nesta primeira fase, o tipo de humor era também bastante "físico", em complemento aos diálogos. Características que se foram diluindo ao longo do tempo, algumas desapareceram, outras misturaram-se na fluência narrativa de cariz mais realista; nalguns casos o humor desapareceu por completo, como no Intimacy, numa tentativa de "reproduzir" o ambiente dos filmes de Ingmar Bergman. Com o tempo, começou-se a debruçar cada vez mais sobre o "interior" das suas personagens, a tentar chegar mais fundo, e as narrativas mudaram o sentido de orientação. O humor continua lá, sempre muito forte e constante, mas deixa às tantas de ser a força motriz principal dos filmes. Sempre fiel a um conjunto de temáticas que lhe são caras (para além do cunho artístico único - facilmente identificável), o Allen tornou-se num estudioso, quase um filósofo, das relações humanas e da vida nas sociedades modernas.

Até agora, estou a chupar os dedos de contentamento!

[butterfly swimmer]

Vi isto mais pelos actores principais e acabei por acha-lo um bom romance. Normalmente gosto de filmes que se passem em pequenas cidades no Japão com vistas bonitas e tal como este filme, e o slow-pace e fotografia em tons de por-do-sol também ajudaram a criar uma boa atmosfera.

7/10


Otakus in Love

Bem, que comédia romântica tão... estranha, mas no bom sentido! Ri-me com a quantidade de momentos awkwards criados ao longo do filme e penso que quem está dentro destas nerdisses vindas do Japão (mangas, anime, cosplay, etc) também irá achar o filme hilariante. Achei os momentos de romance e comédia sempre bem equilibrados, e o facto de ter um tipo de humor bem diferente do habitual faz deste filme uma das melhores comédias românticas que já vi.

8/10



Achei-o um bom filme, mas tal como os outros filme que vi deste realizador (Lee Chang Dong), existem partes em que o filme se arrasta.. ainda assim, o bom acting da actriz e os comportamentos desta e das pessoas à volta dela ao longo do filme perante um tema tão grave prenderam-me até ao final. Não foi um grande filme como estava à espera, ou então sou eu que simplesmente não gosto assim tanto do estilo deste realizador sul-coreano.. ainda tenho mais 2 filmes dele para ver, mas penso que a minha opinião não vai mudar muito.

7/10



Até agora o filme que menos gostei do Sion Sono. Adorei os momentos wtf que o filme teve e o estilo de filmagem tão característico dos filmes deste realizador, mas só isso não chegou para fazer dele um bom filme... deixei de ligar ao mistério em torno da história mais para o final.

6/10



Lol, digam lá se depois de verem este poster não têm vontade de o ver também? Yokiro Takita, o tal que ganhou um oscar pelo filme Departures. Quanto ao filme em si, consegui ligar mais à história do que às cenas de sexo porque foi tão, mas tão absurda que deixo a surpresa para vocês lol.

6/10


2ª visualização

Nunca vi o anime, mas acho este filme muita bacano. As personagens e as piadas são engraçadas, é um filme sobretudo divertido na mesma onda dos Zebramans do mesmo realizador que espero que um dia venha a ter uma sequela.

7/10

[rui sousa]

É praticamente impossível dizer algo sobre «O Padrinho» que ainda não tenha sido referido e discutido. O que é possível é concordar com a maioria das pessoas que viram o filme e dizer: sim, é extraordinário. Uma obra épica a suar de excelência por todos os poros. Uma fita que nos leva à raiz do verdadeiro cinema e ao que de melhor se fez em toda a História da Sétima Arte.
Perdoem-me o vocabulário muito elaborado, com a utilização excessiva de adjetivos com os quais escrevo esta crítica. Mas só assim consigo falar de «O Padrinho» para ser mais credível. Sempre que ouço algum colega ou amigo falar mal ou ignorantemente do filme, logo entro em defesa da obra da autoria de Francis Ford Coppola. E tive a oportunidade de revê-lo ontem e hoje (ontem à noite o cansaço era demais para conseguir ver até ao fim e deixei os últimos quarenta minutos de filme que faltavam para hoje de manhã), e também vou aproveitar para conhecer melhor os capítulos seguintes que me deixaram muitas dúvidas no ar. Mas após o terceiro visionamento do primeiro capítulo desta monumental trilogia, eu reafirmo: é E-S-P-E-T-A-C-U-L-A-R! Acho que alguém que goste de cinema a sério e não goste do «Padrinho», pelo menos deste primeiro capítulo (não quero dizer que precise de adorar o filme como eu e muita gente, mas se não reconhece nele uma marca cinematográfica importante), peço imensa desculpa, mas então não pode afirmar-se como um cinéfilo. Não é que eu passe a ser um por venerar «O Padrinho», mas só sei que ver este filme enche a minha cultura e o meu gosto do cinema de cada vez que o vejo. Altamente recomendado.

Nota: * * * * *

[butterfly swimmer]

Adorei, até agora o meu 2º filme favorito do Sion Sono. Foi uma surpresa como este filme foi tão diferente e superior ao Suicide Club.. enquanto que este é mais de terror/mistério, o Noriko's Dinner Table foca-se mais no drama. É um filme bastante filosófico mas penso que captei bem a mensagem do filme da necessidade de nos conectarmos com as pessoas à nossa volta e connosco mesmos (e das ideias do filme do que temos que fazer para o conseguir). É também o filme deste realizador mais parecido com o Love Exposure (o meu filme favorito juntamente com o filme da minha adolescência, A Clockwork Orange) em termos de fotografia e personagens maradas vindas de famílias disfuncionais, por isso só o podia ter adorar. Foram 160 minutos que desejava que nunca tivessem acabado (este sentimento já me tinha acontecido anteriormente com o Love Exposure).

9/10



Mais um enorme filme deste realizador. Mais uma vez ele demonstra o quão doentia a natureza humana pode ser, foi interessante ver o desenrolar da relação entre as 2 personagens principais que eram exactamente o oposto uma da outra. Gostei também do humor negro presente ao longo do filme e das cenas violentas que acabam num final repleto de emoções.

9/10

Esta noite vou ver o Guilty of Romance e o resto é impossível de encontrar online.

[alan_smithee]

Fim (finalmente ) do Top Ten Brasileiro

1 - Lavoura Arcaica (2001) - Luiz Fernando Carvalho



Lavoura Arcaica é acima de tudo, aquilo que podemos chamar de uma experiência sensorial. Não é um filme apenas para ser visto e ouvido, é um filme que se entranha em nós, e que por lá permanece muito depois de já ter terminado.

Lavoura Arcaica é baseado na "Parábola do filho Pródigo". André (interpretado pelo formidável Selton Mello), asfixiado pela rigidez da vida familiar, em particular pela pressão paterna, foge de casa, e vai morar para um quarto de uma pensão. Ao seu irmão mais velho é incumbida a tarefa de o trazer de volta. A partir do momento que os dois irmãos se encontram, toda a história (com a excepção dos últimos trinta minutos), é narrada através de fluxos de consciência do André. É como se uma câmara, estivesse dentro da cabeça da personagem principal, retratando a sua imaginação e os seus pensamentos.

Se tivesse que resumir o argumento de Lavoura Arcaica, diria que é um filme sobre uma família que se despedaça aos poucos e poucos, um drama lírico e trágico, que nos fala da eterna luta entre a tradição e a liberdade. Mas Lavoura Arcaica é muito mais.

Estamos na presença de um filme único, estranho, que não se encaixa em nenhum género, com um conceito narrativo original, e com regras estéticas próprias. É tão pessoal e diferente daquilo que estamos acostumados a ver, que obriga-nos a rever os nossos conceitos cinematográficos.
Como defini-lo? Literário, essencialmente poético, muito violento, virtuoso, excessivo mas sempre deslumbrante, quase transcendental do ponto de vista plástico… um emaranhado arrebatador, de música, pintura, poesia, teatro, fotografia, que se fundem todos, gerando um quilate de cinema, de grande qualidade.

A narrativa é lenta, e o filme será aqui e ali um pouco hermético, mas a sucessão de cenas antológicas é tal, que as quase três horas passam rapidamente. Desde a cena inicial, fortíssima e polémica, ao baile no bosque, o namoro proibido, a parábola a preto e branco, o confronto com o pai, a sequência final de uma violência que impressiona, Lavoura Arcaica é um desfilar de cenas fascinantes. Digamos que em frente dos olhos pasmados, do espectador, sucedem-se quadros impressionistas, de grande beleza e encanto.

Nas suas quase três horas de duração, não existem concessões comerciais em Lavoura Arcaica. É um filme que perturba, que questiona o sentido da união da família, o desejo de liberdade, que lida com temas, como a epilepsia ou o incesto, mas sempre com uma beleza formal que não se encontra com facilidade.

Luiz Fernando Carvalho conduz o filme de uma forma admirável, utilizando a sua câmara de uma forma cuidada, tentando ilustrar o estado emocional dos seus personagens, através de alterações na imagem, ou usando com frequência os planos fechados, próximos do rosto dos protagonistas. Desta forma, os seus enquadramentos têm a capacidade de nos transportarem para dentro do filme. O filme é realizado com uma tal sensibilidade, que não é possível não se comover, com os sentimentos que extravasam das personagens. A câmara está tão próxima das personagens que quando, por exemplo, André, coloca o seu pé na terra molhada ou então deita-se numa cama de folhas secas, é possível sentir a textura da terra e o cheiro das folhas secas.

E se juntarmos a tudo isto, as interpretações soberdas de todo elenco, os diálogos do melhor que a língua portuguesa pode oferecer, a belissima e lírica banda sonora, o resultado é uma das grandes obras primas da sétima arte.

10/10

[Samwise]

No cinema: In Time (6/10) e Drive (5/10)

Gostei mais do primeiro do que o que estava à espera, e o segundo foi uma autêntica desilusão. Muito fraquinho (como entendo agora a crítica do LMO no Público!). Depois direi mais qualquer coisa a propósito de cada um.

[butterfly swimmer]

Valerie and her Weeks of Wonder

Ficou-me na cabeça desde a primeira vez que o vi há um ano atrás e decidi reve-lo para confirmar o grande filme que era. O filme não tem uma narrativa linear e muitas das suas cenas dependem da interpretação de cada um, mas resumidamente trata-se do despertar sexual de uma rapariga, das consequentes fantasias sexuais e do modo como ela olha para o mundo adulto. É um filme que mesmo que não gostem é difícil esquecerem-se dele pelas suas imagens, músicas e ambiente.



O trailer fala por si.

Com este novo visionamento, coloco este no meu top de filmes favoritos de sempre.