Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
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Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
Este filme é so para que ma capacidade de entender bom cinema ....quem nao gosta que veja outra coisas claro.....Ha sempre a porcaria do 12 years a slave ou do novo hobbit por exemplo
Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
Meu caro, se fores capaz de definir o que é "bom cinema" de forma objectiva, não terei outro remédio senão ir assistir ao Only God Forgives 7 vezes seguidas como penitência pelos meus pecados.diesel wrote:Este filme é so para que ma capacidade de entender bom cinema ....quem nao gosta que veja outra coisas claro.....Ha sempre a porcaria do 12 years a slave ou do novo hobbit por exemplo

«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
Diesel, estou completamente de acordo contigo.
É um filme que, como tantos outros, vai dividir opiniões.
Após o ter visto, e só por curiosidade, fui dar uma espreitadela aos comentários do IMDb e as criticas vão de um filme reles a uma obra-prima do cinema.
Estou é a tentar perceber como é que alguém que tem um blogue chamado "Câmara Subjectiva" pede para outros definirem, objectivamente, o que é "bom cinema".
Para mim, e outros tantos, o filme é muito bom, um "chanel Nº 5" perdido no meio do estrume, um diamante encontrado numa fossa, uma lufada de ar fresco numa sala abafada com porcarias repetitivas e desinteressantes que se tem feito por aí.
Todo ele é arte, desde as cores, a fotografia, os planos da câmara, a OST...o próprio argumento, que foi o que mais gostei. Uma história inteligente, como já disse anteriormente, e que nos obriga a pensar e a reflectir numa coisa bem real, que acontece todos os dias, um pouco por todo este planeta, que são as pessoas traumatizadas por algo, e que mais tarde ou mais cedo, lhes acaba por estragar muitas vezes a sua qualidade de vida.
Percebo que quem não entende, ou não consegue explicar o que é arte, dificilmente irá gostar deste filme, mas isso apenas requer uma boa dose de humildade para essas pessoas assumirem o que não entendem, ou simplesmente, não querem perceber. Depois dessa porta aberta a percepção do que é belo fica muito mais facilitada.
Quanto à lentidão e ao "arrastamento" do filme apenas digo isto :
Existem 2 maneiras de beber um bom vinho - de golada ou saboreando-o.
Para alguém entender isto não precisa de ser muito inteligente.
Deviam era aparecer mais oportunidades para realizadores como o Nicolas mostrarem o seu enorme talento.
É um filme que, como tantos outros, vai dividir opiniões.
Após o ter visto, e só por curiosidade, fui dar uma espreitadela aos comentários do IMDb e as criticas vão de um filme reles a uma obra-prima do cinema.
Estou é a tentar perceber como é que alguém que tem um blogue chamado "Câmara Subjectiva" pede para outros definirem, objectivamente, o que é "bom cinema".
Para mim, e outros tantos, o filme é muito bom, um "chanel Nº 5" perdido no meio do estrume, um diamante encontrado numa fossa, uma lufada de ar fresco numa sala abafada com porcarias repetitivas e desinteressantes que se tem feito por aí.
Todo ele é arte, desde as cores, a fotografia, os planos da câmara, a OST...o próprio argumento, que foi o que mais gostei. Uma história inteligente, como já disse anteriormente, e que nos obriga a pensar e a reflectir numa coisa bem real, que acontece todos os dias, um pouco por todo este planeta, que são as pessoas traumatizadas por algo, e que mais tarde ou mais cedo, lhes acaba por estragar muitas vezes a sua qualidade de vida.
Percebo que quem não entende, ou não consegue explicar o que é arte, dificilmente irá gostar deste filme, mas isso apenas requer uma boa dose de humildade para essas pessoas assumirem o que não entendem, ou simplesmente, não querem perceber. Depois dessa porta aberta a percepção do que é belo fica muito mais facilitada.
Quanto à lentidão e ao "arrastamento" do filme apenas digo isto :
Existem 2 maneiras de beber um bom vinho - de golada ou saboreando-o.
Para alguém entender isto não precisa de ser muito inteligente.
Deviam era aparecer mais oportunidades para realizadores como o Nicolas mostrarem o seu enorme talento.
Os meus 200 filmes inesquecíveis :
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
THX, podes-me indicar pelo nome, eu não levo a mal.
Também não levo a mal os ad-hominems todos que usas em relação a mim. O que lemento realmente é que não haja mais no teu texto para lá deles. Isso é que me transtorna verdadeiramente.
Em todo o caso, a questão sobre o que é "bom cinema" estende-se naturalmente a todos os foristas, como ideia para reflexão.
É óbvio que a minha intenção era denunciar um primeiro "ad-hominem" usado pelo diesel, que não significa outra coisa que não um literal "eu é que sei e quem não concorda comigo é um ignorante". É a forma mais simples e fácil, embora no todo falaciosa, de "justificar" um argumento. Em questões de arte, então, é a forma mais fácil de, rebaixando os outros, não dizer absolutamente nada sobre a obra em debate.
Eu também posso fazer o mesmo, repara: "Quem acha que o Refn é um bom realizador, não tem a menor noção sobre o que é cinema. Ou arte. Mais, é um ignorante completo!"
Agora, THX, diz-me: isto serve para alguma coisa? Alguma que seja? A mim ou aos outros que lêem?
Também não levo a mal os ad-hominems todos que usas em relação a mim. O que lemento realmente é que não haja mais no teu texto para lá deles. Isso é que me transtorna verdadeiramente.

Talvez tenhas chegado à resposta com esta tua pergunta.Estou é a tentar perceber como é que alguém que tem um blogue chamado "Câmara Subjectiva" pede para outros definirem, objectivamente, o que é "bom cinema".
Em todo o caso, a questão sobre o que é "bom cinema" estende-se naturalmente a todos os foristas, como ideia para reflexão.
É óbvio que a minha intenção era denunciar um primeiro "ad-hominem" usado pelo diesel, que não significa outra coisa que não um literal "eu é que sei e quem não concorda comigo é um ignorante". É a forma mais simples e fácil, embora no todo falaciosa, de "justificar" um argumento. Em questões de arte, então, é a forma mais fácil de, rebaixando os outros, não dizer absolutamente nada sobre a obra em debate.
Eu também posso fazer o mesmo, repara: "Quem acha que o Refn é um bom realizador, não tem a menor noção sobre o que é cinema. Ou arte. Mais, é um ignorante completo!"
Agora, THX, diz-me: isto serve para alguma coisa? Alguma que seja? A mim ou aos outros que lêem?
Last edited by Samwise on January 3rd, 2014, 2:20 pm, edited 1 time in total.
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Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
Outra coisa, THX, que me esqueci de referir no post anterior, e na sequência da mesma forma de abordar a argumentação: consideras possível/legítimo que alguém entenda/perceba um filme e possa não gostar dele? Não gostar precisamente porque o entendeu?
Não é a primeira vez que vejo invocada, com intenções de a fazer passar com "seriedade", a ideia de que "quem não gosta é porque não entende".
Não é a primeira vez que vejo invocada, com intenções de a fazer passar com "seriedade", a ideia de que "quem não gosta é porque não entende".
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Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
É sempre a mesma história... "Quem não gosta do mesmo que eu gosto é burro e não sabe o que é arte". A minha cor preferida é o verde, posso afirmar que quem não gosta de verde é burro ou limitado de qualquer forma?
Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
Claro que sim. Acredita que serve sempre para alguma coisa.Agora, THX, diz-me: isto serve para alguma coisa? Alguma que seja? A mim ou aos outros que lêem?
Estou a absorver a tua escrita e estou a gostar do que escreves, basta isso. Eu não sou o dono da razão, muito menos em assuntos subjectivos como este.
Será que outros pensam assim como eu, que esta conversa toda servirá de estímulo para alguém??
Acho mesmo que sim, afinal estamos num forum onde se partilham ideias e opiniões.
Pior seria o contrário...
É como termos um campo à nossa frente lavrado e onde podemos colocar lá sementes ou vê-lo a secar.
Mais tarde deixo aqui em spoiler o que eu entendi do filme e o porquê de o considerar uma obra-prima.
Os meus 200 filmes inesquecíveis :
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
Ja tinha achado o drive mau, mas comparado com este e uma obra de arte. Irrita.me um bocado as pessoas que se acham artistas de uma forma pretensiosa. Este senhor tem notaveis capacidades de estelizacao, espaco, luz, fotografia e forma. Mas de cinema percebe perto do zero. que va fazer videoart ou instalacoes, e que aprenda a fazer obras para fora e nao para alimentar o ego.
o filme e um pretexto para demonstar capacidades tecnicas e esteticas numa penumbra de pseudo abstracao, e acaba ai.
4.5/10
o filme e um pretexto para demonstar capacidades tecnicas e esteticas numa penumbra de pseudo abstracao, e acaba ai.
4.5/10
Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
Acaba aí para ti. Nem somos todos limitados dessa forma.o filme e um pretexto para demonstar capacidades tecnicas e esteticas numa penumbra de pseudo abstracao, e acaba ai.
O mais engraçado é que o que escreves é exactamente o que dizem sobre o Lars von Trier, o David Linch e o Cristopher Nolan...
Engraçado também é que para esses senhores estarem agora a "mandar" filmes cá para fora é porque alguém reparou nalguma coisa. Esse alguém é que importa, pois tenho a certeza que estes realizadores já fizeram muitos filmes para si próprios não tendo a necessidade de encher agora os seus egos com isso. Tem os seus estilos e quem não gosta apenas não se dá ao trabalho de os ver.
Se não gostaste do "Drive" nem sei porque te deste ao trabalho de ver este.
Se fosse um filme do Tarantino se calhar já não era assim tão "mau", queres ver?
São filmes de pessoas interessantes, únicas, e com um tipo de visão muito específico sobre o meio que os rodeia, mais nada. Tenho a certeza que se alguém daqui do forum falasse com um deles durante umas horas iria ficar admirado com a inteligência destes gajos.
O talento aliado à inteligência e à imaginação...faz arte.
Como eu disse logo de inicio - são filmes interessantes, de pessoas interessantes, para pessoas inteligentes. Mais nada.
A mim irrita-me pessoas pretensiosas que pensam ou acham que elas é que percebem de cinema, principalmente quando de certeza nem um filme amador fizeram.Mas de cinema percebe perto do zero.
Se tentassem fazer um iriam perceber muito mais coisas sobre cinema.
Todos os grandes realizadores começam com pequenos filmes, e é aí que se repara neles.
Outra coisa...já anda aí o "Fast and Furious 6" em DVD.
Os meus 200 filmes inesquecíveis :
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
THX wrote: A mim irrita-me pessoas pretensiosas que pensam ou acham que elas é que percebem de cinema

Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
Hahahah, seu brincalhãodiesel wrote:Ha sempre a porcaria do 12 years a slave

Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
os dois primeiros por acaso estão entre os meus preferidos.THX wrote:Acaba aí para ti. Nem somos todos limitados dessa forma.o filme e um pretexto para demonstar capacidades tecnicas e esteticas numa penumbra de pseudo abstracao, e acaba ai.
O mais engraçado é que o que escreves é exactamente o que dizem sobre o Lars von Trier, o David Linch e o Cristopher Nolan...
Porque o ano foi tão fraco, que praticamente não ha muito para onde fugir e tenho a mania de dar segundas oportunidades.THX wrote: Se não gostaste do "Drive" nem sei porque te deste ao trabalho de ver este.
Não sei se é o teu caso, mas deste lado há formação superior em cinema, incluindo já percurso como realizador e argumentista e até integrou a equipa de uma candidatura ao oscar ao melhor filme estrangeiro nacional. Por isso se o Luis miguel oliveira pode dizer isto "Mas seja bem-vindo, sr. Refn, ao panteão dos piores cineastas do nosso tempo" não sei porque eu não posso expressar a minha opinião dizendo que o homem de facto percebe perto do zero de cinema. Parece que há mais gente da área a concordar comigo. Alias, a critica é unanime (coisa rara) no publico. Em Cannes até foram mais longe chamando-lhe coisas como cinematic defecation .THX wrote: A mim irrita-me pessoas pretensiosas que pensam ou acham que elas é que percebem de cinema, principalmente quando de certeza nem um filme amador fizeram.
Se tentassem fazer um iriam perceber muito mais coisas sobre cinema.
Todos os grandes realizadores começam com pequenos filmes, e é aí que se repara neles.
Outra coisa...já anda aí o "Fast and Furious 6" em DVD.
Se o proprio realizador compara o seu filme a um Rembrandt, chamar-lhe pretensioso ainda é pouco! E não vamos entrar pela parte da objectividade, inteligência, arte e afins. Se de facto és conhecedor e inteligente, não adianta entrar nesse campo. Basta respeitar a opinião dos outros e somos todos felizes.
Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
Só para contextualizar a coisa (ou "o coisa"
):
Um

Um
DoisCrítica Ípsilon por: Luís Miguel Oliveira (class: bola preta)
Talvez a claque de Drive tivesse alguma razão: aquilo era capaz de não ser assim tão mau, pelo menos numa avaliação restrita à “escala Refn”. É que este Só Deus Perdoa é aquilo que Drive, apenas banal e muito cheio de si próprio, não era: grotesco, solenemente grotesco, exemplo prático e devastador do que acontece quando a presunção e o mau gosto se aliam. Chamar-lhe “formalista” ou “maneirista” é dar imerecido mau nome ao formalismo e ao maneirismo; Só Deus Perdoa é apenas poseur e exibicionista, inacreditavelmente poseur e exibicionista, que cauciona a sua “arte” (foi Refn quem disse que o seu filme era “um Rembrandt”...) pilhando a iluminação e as composições simétricas de Kubrick porque enchem o olho, o negrume de Lynch sem perceber a dimensão auto-paródica dos filmes do homem do Blue Velvet, e a “pornografia da tortura” de Tarantino ignorando a distância psicológica praticada pelo autor do Kill Bill. E depois dedica o filme a Jodorowsky, que é uma coisa que, face ao Só Deus Perdoa é, faz tanto sentido como ver um filme de Michael Bay dedicado a Jean-Marie Straub. Ou vice-versa. Mas seja bem-vindo, sr. Refn, ao panteão dos piores cineastas do nosso tempo. Iñarritu é um homem menos sozinho, agora.
--
Crítica Ípsilon por: Vasco Câmara (class: uma estrela)
Dois anos depois do prémio de realização em Cannes, Só Deus Perdoa foi de novo ao festival, seria kingdom come, e depois da reacção apeteceu dizer(-lhes) “I told you so”. De novo com Ryan Gosling sem diálogos mas a querer ir a vias de facto com Deus (e a querer ser esmurrado, e a ver-se a léguas que esse desejo não é mais do que construção de iconografia ensimesmada - não é Brando aborrecido com sua beleza quem quer). E com Kristin Scott Thomas como mãe devoradora a comparar à mesa o tamanho dos pénis dos filhos: o da personagem de Ryan não é para espantar, diz ela; o do filho mais velho, sim - e logo esse é que morreu, não o mais novo. A mãe chega a Banguecoque para fazer com que o mais novo, traficante de droga, inicie um plano de vingança. (Se virem nela a Angelica Huston de The Grifters, é isso mesmo, mas como quem esteve a “marrar” para o exame.) Vimos Nicolas Winding Refn discursar sobre violência, arte e espiritualidade, mas tudo parecia cozinhado sem cheiros num hotel de luxo no Oriente, onde o filme foi concebido - quer dizer, longe da sujidade e da brutralidade com que o filme se enfeita. A verdade é que passado o momento dos palavrões ou dos instrumentos pontiagudos cravados em olhos e ouvidos, tudo no filme, gestos, pausas, silêncio, misticismo oriental ou o bas-fond de Banguecoque, só passa o vazio da estetização. Nada se suja, nem o realizador, que olha com a protecção do turista. E se Gosling precisou que alguém lhe brutalizasse a figura, como disse numa entrevista ao Le Monde, cansado da sua imagem, a associação do actor a Winding Refn é à sua maneira tão infanto-juvenil como o Clube Mickey onde Ryan começou aos 12 anos
--
Crítica Ípsilon por: Jorge Mourinha (class: duas estrelas)
Só Deus Perdoa é mais do mesmo de Drive - um gesto estético que se esgota em si próprio
Há dois anos, a estilização film noir nocturna de Drive - Duplo Risco (2011) dividiu público e crítica como poucos filmes recentes, e fez do dinamarquês Nicolas Winding Refn o fenómeno do momento. Essa divisão não era nada a que o cineasta não estivesse habituado desde a sua revelação com o esmagador Pusher (1996), mas nada faria prever que Só Deus Perdoa invertesse a situação de modo tão radical. Tão vilipendiado em Cannes como Drive fora aplaudido dois anos antes, Só Deus Perdoa não é contudo melhor nem pior que o seu antecessor; antes mais do mesmo formalismo entrópico e ensimesmado, aplicando a mesma estilização de género a uma narrativa bem mais espectral e difusa, variação atmosférica sobre o policial exótico e o filme de vingança. Confirma Refn como um cineasta requintadamente pontilhista, formalista em absoluto controlo, virtuoso que exige que tudo esteja no seu devido lugar, mas para quem nada existe para lá da beleza de um gesto estético que se esgota em si próprio.
Se Só Deus Perdoa é mais do mesmo de Drive, então porquê o arraso? Talvez porque Refn não tem problemas em mostrar que o rei vai nu. Esta história de vinganças mafiosas numa Banguecoque vermelho-sangue encerra em si a sua própria auto-crítica, no modo como uma irreconhecível Kristin Scott Thomas, mãe-megera que só um filho poderia amar, chega disposta a vingar a morte do filho e convicta de que o dinheiro tudo pode comprar, mesmo um mundo que lhe é alheio e que ela não pode dominar. Substitua-se “dinheiro” por “estilo” e pode-se ver Só Deus Perdoa como peculiar espelho de si mesmo, com Refn em corrida para o abismo, perdido no labirinto que ele próprio criou, sacrificando tudo no altar sacrilegial do estilo como substância. Peça chave são as referências que o dinamarquês invoca no genérico final: Alejandro Jodorowsky (a quem o filme é dedicado) e Gaspar Noé. Confirmam a vocação de agent provocateur de Nicolas Winding Refn, cineasta enfurecedoramente dotado e talentosamente enfurecedor que parece estar mais interessado em fazer o que lhe dá na real gana e, de caminho, confundir o povo do que em ser consensual. Daqui ninguém sai indiferente, goste-se ou não - e apostamos que é isso que o homem quer.
The horror, the horror - por Vasco Câmara
Há 30, 40 anos, antes da queda do império, não haveria paciência para Refn. Hoje leva um Prémio de Realização em Cannes
A queda do Império Romano deve ter cheirado assim, a pipoca. É o cheiro de uma sala de cinema em Lisboa, um labirinto que conduz a uma câmara de tortura que nos grita "entertainment" por todos os lados. Na "scary room", de um multiplex onde se exibe "Valhalla Rising", de Nicolas Winding Refn, percebe-se que o cinema mete medo a alguém porque tudo ali nos tira os olhos do ecrã: nas cadeiras, rostos distorcidos dos monstros (só o esforço de não sugestão nos faz encostar como deve ser e não sentir a ameaça de um "oitavo passageiro" a viajar das costas para a barriga e dali para o mundo); nas paredes, "motivos" do "horror cinema", "Gritos" e dentes de lobisomem.
Um artigo recente de A. O. Scott para o "New York Times" aproximava-se da feira apocalíptica actual: "Os filmes devem ser a única forma de arte cujo núcleo duro de espectadores se crê serem activamente hostis à ambição, à dificuldade ou a qualquer coisa que exija demasiado trabalho da sua parte". E desmontava, numa defesa do cinema "aborrecido" e "lento", o "'status-quo corporativo" que dá por adquirido que se vai ao cinema "to have fun" e que tudo o que se afasta "das ortodoxias da ideologia escapista" enfrenta ou a recusa ou o ridículo. Alguém se preocupa que nos aborreçamos? Sim, tomem lá "frescos" nas paredes... (Quanto à pipoca: esse gesto de alguém se sentar para se empanturrar diz muito sobre a necessidade de se ficar amarrado ao conforto.)
A luz apaga-se, o filme começa e pode-se viajar com os olhos do ecrã para as paredes, que brilham na escuridão, e destas para o ecrã outra vez. É a mesma coisa, é o mesmo filme ali e ali: uma feira de atracções de ícones sem memória. É assim "Valhalla Rising", de Nicolas Winding Refn, 41 anos, daltónico, dinamarquês, que passou a adolescência em Nova Iorque (filho de uma montadora de Lars von Trier) e que já vai na oitava longa-metragem. É daqueles casos que vem sendo objecto de uma notoriedade que é menos justificada pelos filmes do que pelo facto de existir. Quer dizer: com a queda iminente do Império Cinematográfico tal como o conhecíamos, Nicolas Winding Refn é o bárbaro no sítio e no momento certos, aproveitando-se dos despojos e que a conjuntura coloca num trono.
Terá sido por isso - medo da sua fama de festival de autores aborrecidos que até premiou anteriormente um filme de um tailandês impronunciável - que Cannes se submeteu e seleccionou "Drive", o último de Winding Refn, para a competição, de onde saiu com um prémio de realização? Gostaria de vos descrever a passagem de "Drive" em Cannes, onde chegou a ser dado (que susto...) como um dos favoritos para a Palma de Ouro, como se estivéssemos em 1994 (não estávamos...) e o filme se chamasse "Pulp Fiction" (não se chama, é um "ersatz" disso e de coisas várias): alívio na sala, como crianças que suspiravam "não nos vamos aborrecer!".
Vejamos, "Valhalla Rising", o seu penúltimo filme, que esteve para ser filmado todo em câmara lenta, um sintético mitológico: o Bergman de "Sétimo Selo", o "western spaghetti", o filme de samurais, Tarkovski, Dreyer - e podíamos continuar, Winding Refn é degenerescência "tarantóide" na arte de acumular.
"Drive", o seu último filme: William Friedkin, o "Bullit" de Peter Yates para uma hipótese de Steve McQueen em Ryan Gosling (tão infantilmente "poseur" e autoconsciente), ou ainda "Collateral" de Michael Mann. (Há quem fale em Kubrick a propósito de "Bronson", filme de 2008).
Tudo aqui é hipótese para exibição iconográfica e "look", o que seca qualquer nova vida para a memória (por isso Refn é degenerescência "tarantóide" e não é Tarantino). É um falso heterodoxo e um falso minimalista, também. Porque cumpre a ortodoxia do cinema "do visual" - por exemplo, o dos que vieram da publicidade para o cinema, nos anos 80, quer fossem britânicos e se chamassem Tony e Ridley Scott, quer fossem franceses e se chamassem Jean-Jacques Beineix ou Luc Besson.
Há 30, 40 anos, antes da queda do império, não haveria paciência para Refn. Num contexto de terra queimada, intimidação, autocensura e fasquia rasteira, leva um Prémio de Realização no maior festival de cinema do mundo.
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Câmara Subjectiva
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Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
Epá...escreveram isso tudo sobre o filme do home???
Caraças ele já conseguiu arrancar umas boas centenas de palavras a esses críticos...que se calhar nunca manejaram uma super 8.
Olha Sam, sabes uma coisa...já estou como o Darkphoenix - que se lixem as criticas e os críticos!!!
Digo-te já que passei á frente essa treta toda que postaste, e sabes porquê??
Porque eu já vi o filme.
Tenho 43 anos de filmes, já vi de tudo um pouco, e posso-te dizer uma coisa muito simples...se um dia amares uma mulher e outros lhe apontarem defeitos, por acaso vais deixar de casar com ela??
Pensa só nisso, porque mais nada interessa.
E estas são para ti :
One :
Mais esta para finalizar :
https://nutsforbroheb.jux.com/1534388
Podes passar á frente todos estes comentários também, mas a minha pergunta é...
...e agora...como é que ficamos??
Caraças ele já conseguiu arrancar umas boas centenas de palavras a esses críticos...que se calhar nunca manejaram uma super 8.
Olha Sam, sabes uma coisa...já estou como o Darkphoenix - que se lixem as criticas e os críticos!!!
Digo-te já que passei á frente essa treta toda que postaste, e sabes porquê??
Porque eu já vi o filme.
Tenho 43 anos de filmes, já vi de tudo um pouco, e posso-te dizer uma coisa muito simples...se um dia amares uma mulher e outros lhe apontarem defeitos, por acaso vais deixar de casar com ela??
Pensa só nisso, porque mais nada interessa.
E estas são para ti :
One :
Two :Fascinating ! - A masterpiece
10/10
Author: MikeHenSeven from France
10 June 2013
Don't expect to see Drive's sequel, it would make no sense ! If you don't know Refn's movie you've got to know 3 important things : - He makes contemplative movies. With a lot of silence and a minimalist screenplay. - He said "Art is an act of violence" so don't expect to see a peaceful movie. - Drive is the least representative movie of his style.
You'll need to create yourself a part of the story because it's a movie between reality and nightmare. It's a philosophical and metaphysical movie. A true experimental & artistic movie.
This movie is fascinating ! Cinemathography is beautifully worked, use of the red light is perfect, framing also. Production design and the places make us perfectly return in the dark side of the film. We remain completely speechless front of the pictures that are beautiful, surprising and deeply disturbing. Violence becomes poetry.
The story speaks about the male impotence, revenge is put on side, there is no real hero. Just the story of a lost man who seeks his way, other side a cop who thinks he is God. It's to the spectator to find the morals of the story.
The music (electro-pop) and Vithaya's interpretations are in total agreement with the progression of the story and the pictures.
The actors succeed in transmitting the feelings and impressions of the characters with simple glances.
We leave the room completely disturbed, while being posed full with questions, trying to assimilate all the asked questions by the artist, but completely fascinated and excited !
It is simple either one loves, or one hates this film. I loved it !
Refn signs one of his best movies, he assumes completely his style and (in my opinion) proposes to us a real masterpiece.
ThreeBlade Runner, the Good the Bad and the Ugly, Raging Bull and Scarface were not very well received upon release, now they are considered eternal masterpieces and outstanding works of art.
i absolutely loved this movie, one of the best films of the year, and i am pretty down about all the hate it has received, if you loved this movie and are upset about all the negativity, don't worry, give it time and one day, everyone will see the big picture and this movie will claim the praise it deserves.
if you hate this movie, that's fine, that's your opinion, but stop and think why you hated it, if you hated it because it was slow, boring, too violent or anything like that, than clearly the film was never made for you.
Four :If you love cinema, you'll love this - 8/10
8/10
Author: yaldish from Michigan, Detroit
31 May 2013
I do understand why people hate it, that also means that I understand why people love it because I am one of them.
This movie was shot by cinematographer Larry Smith who also worked with Kubrick on 'Eyes wide shut', he made an extraordinary job shooting this picture because it was mesmerizing and beautiful to watch from the beginning to the end. It was also an amazing movie experience, it's one of those movies that you just give yourself over to. If you are a fan of movies and a fan of Nicolas Winding Refn then I think you will absolutely love this.
I read that a lot of people are complaining about this movie being thin on story and whatnot, well, let me put it like this; if Refn wanted a "story" he would give it a "story". He doesn't have anything to prove on that point because he already showed us that he can do it if he wants to, and I think once you let go of that then it will be a lot more easier to enjoy and experience this movie because it is a movie that is based on ideas which is clearly what Nicolas Winding Refn is focusing on rather than having a moving plot or story.
The atmosphere in this movie was really something, it was almost as if you were a part of it thanks to this movie being very slow paced, and that's why I've always been a big fan of slow-paced movies. "Chang", who is "God", was so coldblooded that even I as a viewer felt that it will be impossible for "Julian" to actually try to kill him - and then that last fighting sequence came. All the actors did a very good job and gave convincing performances, meaning that they didn't have to do more than what was already in the film. And I loved the fact that our protagonist got beaten down to a point where we couldn't see his normal face, and I liked the relationship that Julian (Ryan Gosling) and Crystal had (Kristen Thomas) because I could feel that strange mother-to-son love type of relationship even though it was very tense, that probably has to do with good chemistry between the two actors. This movie also had very good soundtracks which added another great layer to it. I guess if David Lynch were to make an extremely violent movie, I think it would look something like this, there were indeed some Lynch-moments in there and some Kubrick shots which I absolutely loved. As much as this movie made me cringe I could not stop enjoying it, it was all in a positive way. I think Refn at one point called this a Thai-western about a man who is fighting against god, and I couldn't stop thinking about that whilst I was watching it because that's exactly what it is.
People can trash this movie all they want, we even had two people walking out of the theater. But the fact that some critics gave it a 100/100 and others gave it below 50/100 should tell you a lot. But at the end of the day, I think if you really want to know what you think of this film, you will have to go and see it for yourself.
Five :Lynchian Bangkok
8/10
Author: toonunit
20 July 2013
Those giving this movie 1/10 are saying far more about their own absolute ignorance of film and extreme immaturity than they are about this movie. I don't expect everyone to like this film - it is certainly not for fans of Hollywood blockbusters and those who start their reviews with statements similar to 'I went to see this movie because I like Ryan Gosling/Kristin Scott Thomas' render all further comments null and void - their opinions are simply worthless and cannot be taken seriously.
The cinematography is excellent and the acting superb. Those complaining of Gosling's lack of animation are completely missing the point that his character is empty and completely subjugated beneath the force of his mother. This movie is full of symbolism, psychology and philosophy and every shot and sequence masterfully executes the portrayal and exploration of these themes. Distinct allusions to David Lynch are apparent but these do not come off as derivative but rather as homage.
If you like Hollywood blockbusters or Rom-Coms stay away from this movie and don't bother deriding this movie due to your own lack of mature and critical thinking. On the other hand, if you appreciate excellent cinematography and exploring deeper themes of the unconscious, however dark they may be, do not be put off by the extremism of those giving this movie 1/10 and go and decide for yourself.
E para finalizar digo que um assinante do IMDb disse que viu, e reviu, o filme por 4 vezes e no fim diz que o filme É mesmo sem duvida um grande filme.People are missing the point
9/10
Author: sephev from United Kingdom
26 July 2013
It's a shame that people seem to be missing the point behind this film. However, on one's first sitting, it's easily done - Refn's style and pace may fool you into thinking this is a dull, slow film. The long, seemingly unending shots of actors staring into the distance may make you question Mat Newman's (the editor) talent. But what you really need to do is to look deeper into the film, because behind the extreme violence, the beautiful cinematography & production design and questionable reality, there is an interesting message. That message really depends on how you interpret the film, and differentiates from person to person.
For instance, Vithaya Pansringarm's character can be perceived in a variety of ways - a silent angel out to balance the injustices of his city, a delusional man who thinks of himself as God, or a vengeful cop who is simply out to do his job. Ryan Gosling's Julian can be seen as a confused soul who is out to avenge someone he clearly despised, someone who is bullied into action by his persuasive mother. Kristen Scott Thomas's excellent portrayal of Crystal, Julian's thoroughly unpleasant mother, acts as a wedge between the two of them. And the motives of each of these characters are questionable throughout.
It's certain that Refn's ninth feature film is not a simple crime drama as you might have expected. Its twists and turns will almost certainly surprise you, and it will linger on your mind long after the credits roll. It makes you question what was real and what was not in a way I've never seen in cinema before. And it really is a shame that a lot of people seem to completely miss the brilliance and genius behind it.
Mais esta para finalizar :
https://nutsforbroheb.jux.com/1534388
Podes passar á frente todos estes comentários também, mas a minha pergunta é...
...e agora...como é que ficamos??
Os meus 200 filmes inesquecíveis :
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
Re: Only God Forgives (2013) - Nicolas Winding Refn
A generalidade da critica especializada tem sido negativa. É assim tão dificil ver isso? Rotten 39% ou metacritic 37%.
Até o pior lixo do mundo é capaz de ter um ou dois que dizem que é uma obra prima, e depois? São opiniões, e há que respeitá-las.
Até o pior lixo do mundo é capaz de ter um ou dois que dizem que é uma obra prima, e depois? São opiniões, e há que respeitá-las.