Interstellar (2014) - Christopher Nolan
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Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
No Angel, concordo com tudo o que escreveste (excelente texto!
), e já concordava antes de ter escrito aquelas brincadeiras dos bonecos da Walt Disney.
Ainda assim, continuo a achar que os personagens deste filme são equiparados aos bonecos do Tio Patinhas, a nível de lógica do ser humano e de credibilidade.
A dúvida com que fiquei é se o teu texto era também defesa dos bonecos do Tio Patinhas, e se os consideras também uma representação fiel do ser humano? (Julgo que não era..., mas "just checking", não vá o diabo tecê-las).
Acho que agora tens mais uma razão para espreitar o Interstellar, só naquela de realmente confirmares a qualidade (ou falta dela) do argumento do filme, no que toca à credibilidade dos personagens.
Para mim o enredo do filme assemelha-se aquelas anedotas americanas do grupo "Num bar entrem três personagens: Um urso, um advogado e um político...", só que aqui "Numa nave espacial entram três personagens, o Biquinho, a princesa do Ella Encantada e algumas pessoas...".
Se alguém quiser um contra-exemplo de um filme de Hollywood em que as personagens se comportam de forma lógica e credível, tenho "A Lista de Schindler". Um filme de sci-fi em que o personagem se comporta de forma lógica é o "Moon", e nesse caso até era muito difícil fazê-lo, devido à estranheza da premissa. Já agora o Tom Hanks comporta-se também de forma lógica em personagens muito estranhas nos filmes "Castaway" e aquele em que ele está sem nacionalidade no limbo do Aeroporto (não me recordo do nome).
Não sei mais o que dizer sobre a questão dos personagens, acaba por ser talvez uma questão de gostos em cinema, e como sabem eu gosto muito da corrente do Realismo, quer tenha esse nome no caso italiano, quer tenha outros nomes, no caso dos restantes países. É uma das razões muito fortes pela qual sou fã do cinema da europa de leste. Eu tenho noção que os meus gostos são uma minoria, perante a aceitação e popularidade dos blockbusters norte-americanos...

Ainda assim, continuo a achar que os personagens deste filme são equiparados aos bonecos do Tio Patinhas, a nível de lógica do ser humano e de credibilidade.
A dúvida com que fiquei é se o teu texto era também defesa dos bonecos do Tio Patinhas, e se os consideras também uma representação fiel do ser humano? (Julgo que não era..., mas "just checking", não vá o diabo tecê-las).
Acho que agora tens mais uma razão para espreitar o Interstellar, só naquela de realmente confirmares a qualidade (ou falta dela) do argumento do filme, no que toca à credibilidade dos personagens.
Para mim o enredo do filme assemelha-se aquelas anedotas americanas do grupo "Num bar entrem três personagens: Um urso, um advogado e um político...", só que aqui "Numa nave espacial entram três personagens, o Biquinho, a princesa do Ella Encantada e algumas pessoas...".
Se alguém quiser um contra-exemplo de um filme de Hollywood em que as personagens se comportam de forma lógica e credível, tenho "A Lista de Schindler". Um filme de sci-fi em que o personagem se comporta de forma lógica é o "Moon", e nesse caso até era muito difícil fazê-lo, devido à estranheza da premissa. Já agora o Tom Hanks comporta-se também de forma lógica em personagens muito estranhas nos filmes "Castaway" e aquele em que ele está sem nacionalidade no limbo do Aeroporto (não me recordo do nome).
Não sei mais o que dizer sobre a questão dos personagens, acaba por ser talvez uma questão de gostos em cinema, e como sabem eu gosto muito da corrente do Realismo, quer tenha esse nome no caso italiano, quer tenha outros nomes, no caso dos restantes países. É uma das razões muito fortes pela qual sou fã do cinema da europa de leste. Eu tenho noção que os meus gostos são uma minoria, perante a aceitação e popularidade dos blockbusters norte-americanos...

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Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
Eu estava à espera de escrever a crítica ao The Five People You Meet in Heaven, para fazer aqui um comentário ao Interstellar. No filme do homem que morre e vai para o Além, escrevi isto:
Se repararem, as bocas que escrevi acerca das falhas dos personagens, são erros de cultura geral e senso comum. Eu não penalizo o argumentista do Interstellar por não ter estudado engenharia ou ciências, na verdade ele é um homem de letras:

Jonathan Nolan (1976 - )
Não é expectável que um escritor que tirou o curso de Inglês na faculdade, possa escrever acerca de personagens com formação em Física, Biologia e Engenharia. Aceito todos os erros e fico contente por ao menos o homem ter escrito uma história de ficção científica, e terem ido chamar o conceituado físico Kip Thorn para dar uma ajuda.
A única coisa que irei dizer é para não aceitarem gato por lebre, porque nunca num milhão de anos aqueles diálogos e acções fariam sentido em cientistas e engenheiros. Se calhar é por isso que destaco nas curiosidades das minhas fichas técnicas, quando um argumentista ou consultor, possui formação científica e sabe do que fala, como neste exemplo de um filme mudo que sei "que não interessa nem ao menino jesus":
http://forum.dvdmania.org/viewtopic.php?f=11&t=47186
Por acaso eu gosto muito das séries do Stargate e as várias encarnações do Battlestar Galactica, que não fazem sentido do ponto de vista científico e aceito os erros e as estupidezes todas. O herói do Stargate Atlantis também é um puto estúpido irresponsável igual ao Biquinho, sobrinho do Peninha, e não posso com o gajo, mas aproveita-se o cientista nervoso e a comandante sábia da base Atlantis.
Da mesma forma que eu não penalizei o filme, pelo argumentista não saber que nas Filipinas é uma ofensa acenar com a palma para cima, também não o fiz pelas barbaridades e circo de macacos que são os engenheiros e cientistas no Interstellar.II) No IMDB é explicado:
Este tipo de erro, aqui um desconhecimento cultural, é fora de âmbito para as obrigações do escritor. Se o filme fosse maioritariamente passado nas Filipinas, acerca de peronagens filipinios eu iria penalizá-lo, mas neste caso essa menina filipina surge a propósito de um campo de prisioneiros japonês, em que o escritor se inspirou nas histórias que o seu tio lhe contava:When Tala beckons Eddie to come to her in the river, she calls him with her palm facing up. In Asian cultures, including Filipino culture, it is incorrect to call someone over with the palm facing up. A Filipino girl would only call another person over with the palm facing down, reserving the 'palm up' gesture for animals.
Albom has said the book was inspired by his real life uncle, Eddie Beitchman, who, like the character, served during World War II in the Philippines, and died when he was 83.
Se repararem, as bocas que escrevi acerca das falhas dos personagens, são erros de cultura geral e senso comum. Eu não penalizo o argumentista do Interstellar por não ter estudado engenharia ou ciências, na verdade ele é um homem de letras:

Jonathan Nolan (1976 - )
Não é expectável que um escritor que tirou o curso de Inglês na faculdade, possa escrever acerca de personagens com formação em Física, Biologia e Engenharia. Aceito todos os erros e fico contente por ao menos o homem ter escrito uma história de ficção científica, e terem ido chamar o conceituado físico Kip Thorn para dar uma ajuda.
A única coisa que irei dizer é para não aceitarem gato por lebre, porque nunca num milhão de anos aqueles diálogos e acções fariam sentido em cientistas e engenheiros. Se calhar é por isso que destaco nas curiosidades das minhas fichas técnicas, quando um argumentista ou consultor, possui formação científica e sabe do que fala, como neste exemplo de um filme mudo que sei "que não interessa nem ao menino jesus":
http://forum.dvdmania.org/viewtopic.php?f=11&t=47186
Por acaso eu gosto muito das séries do Stargate e as várias encarnações do Battlestar Galactica, que não fazem sentido do ponto de vista científico e aceito os erros e as estupidezes todas. O herói do Stargate Atlantis também é um puto estúpido irresponsável igual ao Biquinho, sobrinho do Peninha, e não posso com o gajo, mas aproveita-se o cientista nervoso e a comandante sábia da base Atlantis.

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Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
Eu devo ter visto um filme diferente... O que vi nada tem que justifique tais palavras. Não estarás a falar doutro filme? :DJoséMiguel wrote:...
A única coisa que irei dizer é para não aceitarem gato por lebre, porque nunca num milhão de anos aqueles diálogos e acções fariam sentido em cientistas e engenheiros. Se calhar é por isso que destaco nas curiosidades das minhas fichas técnicas, quando um argumentista ou consultor, possui formação científica e sabe do que fala, como neste exemplo de um filme mudo que sei "que não interessa nem ao menino jesus":
talvez este?...
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Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
Wormhole (en) / Buraco de Minhoca (pt-pt)
Quando Albert Einstein publicou as equações da Relatividade Geral em 1916, não existia no mundo nenhuma ferramenta matemática capaz de resolver os cálculos. As pessoas da minha idade ou mais velhas, recordam-se que no ensino secundário português existiam 5 áreas (A,B,C,D e E) no 10º ano de escolaridade. À excepção da área D (os especialistas em História e Português, que contribuem com os seus belos textos), qualquer pessoa das outras áreas se irá recordar daquela estranheza do conceito dos números imaginários, que foi obrigada a aprender na Matemática do 12º ano de escolaridade.
Algumas dessas pessoas foram para Medicina ou Economia e ficaram sem saber para que serve essa merda do i (raíz quadrada do número negativo -1), que tanto lhes moeu a cabeça nos testes do 12º ano...
Acontece que esse tal corpo de números complexos C, foi o que permitiu ao matemático E.T. Newman solucionar em 1964, cinquenta anos para resolver uma equação, a Teoria de Einstein de 1916, e a solução era o Wormhole! O buraco negro que possui rotação e permite atravessamento por nave espacial e astronauta, com velocidade inferior à da luz.
https://en.wikipedia.org/wiki/Rotating_black_hole
A razão do físico português Vitor Cardoso receber uma bolsa na casa do milhão de euros da União Europeia, para contratar uma equipa de ajudantes e comprar um super-computador, é que ele está a tentar colocar valores numéricos na tal equação do wormhole, que demorou 50 anos a ser matemáticamente solucionada com valores genéricos, e verificar o que acontece à gravidade, tecido do espaço-tempo e demais propriedade físicas e seus comportamentos exóticos, na proximidade de buracos negros extremos.
Julgo que a minha explicação anterior possa enriquecer a notícia científica sobre o Vítor, que divulguei na página 6 deste tópico. Espero não ter deixado o pessoal mais baralhado, porque a intenção não era essa.
Feedback do meu caso pessoal (fracasso académico)
Como já referi anteriormente neste tópico, eu desisti de Física logo no 2º ano da Faculdade, por falta de capacidade e de inteligência. Nunca aprendi a matemática necessária para entender a Relatividade Geral, que é muito específica dos cursos de Matemática e Física, e como tal não é ensinada em Engenharia (ainda bem... Ufa!
).
Mas em contrapartida a Relatividade Restrita de 1905, resolve-se com matemática do 11º ano de escolaridade, e os temas da Dilatação (de Tempo) de Einstein e Contracção (de espaço) de Lorentz, são cagativos para qualquer miúdo de 16 ou 17 anos do ensino secundário (mesmo a malta de Economia, Desporto e Medicina). O que acontece é que a Relatividade Restrita não é ensinada no secundário, mas os miúdos sabem fazer os cálculos matemáticos elementares. Já este pseudo engenheiro aero-espacial do Interstellar comporta-se como um menino de 8 anos, com atraso mental profundo, em que a coitada da criança teve de frequentar uma escola de ensino especial, e por isso passa o tempo no filme a referir-se à dilatação do tempo de Einstein, como algum conceito insólito ou de difícil apreensão.
Em contrapartida escrevi esta bela crítica, da qual gosto muito do resultado final, ao primeiro filme que mostra a dilatação de tempo de Einstein, em que os personagens têm mesmo 14 anos de idade, e comportam-se de forma mais lógica e matura do que este Biquinho "puto estúpido" do Interstellar:

http://forum.dvdmania.org/viewtopic.php?f=11&t=47191
Quando Albert Einstein publicou as equações da Relatividade Geral em 1916, não existia no mundo nenhuma ferramenta matemática capaz de resolver os cálculos. As pessoas da minha idade ou mais velhas, recordam-se que no ensino secundário português existiam 5 áreas (A,B,C,D e E) no 10º ano de escolaridade. À excepção da área D (os especialistas em História e Português, que contribuem com os seus belos textos), qualquer pessoa das outras áreas se irá recordar daquela estranheza do conceito dos números imaginários, que foi obrigada a aprender na Matemática do 12º ano de escolaridade.
Algumas dessas pessoas foram para Medicina ou Economia e ficaram sem saber para que serve essa merda do i (raíz quadrada do número negativo -1), que tanto lhes moeu a cabeça nos testes do 12º ano...
Acontece que esse tal corpo de números complexos C, foi o que permitiu ao matemático E.T. Newman solucionar em 1964, cinquenta anos para resolver uma equação, a Teoria de Einstein de 1916, e a solução era o Wormhole! O buraco negro que possui rotação e permite atravessamento por nave espacial e astronauta, com velocidade inferior à da luz.
https://en.wikipedia.org/wiki/Rotating_black_hole
A razão do físico português Vitor Cardoso receber uma bolsa na casa do milhão de euros da União Europeia, para contratar uma equipa de ajudantes e comprar um super-computador, é que ele está a tentar colocar valores numéricos na tal equação do wormhole, que demorou 50 anos a ser matemáticamente solucionada com valores genéricos, e verificar o que acontece à gravidade, tecido do espaço-tempo e demais propriedade físicas e seus comportamentos exóticos, na proximidade de buracos negros extremos.
Julgo que a minha explicação anterior possa enriquecer a notícia científica sobre o Vítor, que divulguei na página 6 deste tópico. Espero não ter deixado o pessoal mais baralhado, porque a intenção não era essa.

Feedback do meu caso pessoal (fracasso académico)
Como já referi anteriormente neste tópico, eu desisti de Física logo no 2º ano da Faculdade, por falta de capacidade e de inteligência. Nunca aprendi a matemática necessária para entender a Relatividade Geral, que é muito específica dos cursos de Matemática e Física, e como tal não é ensinada em Engenharia (ainda bem... Ufa!

Mas em contrapartida a Relatividade Restrita de 1905, resolve-se com matemática do 11º ano de escolaridade, e os temas da Dilatação (de Tempo) de Einstein e Contracção (de espaço) de Lorentz, são cagativos para qualquer miúdo de 16 ou 17 anos do ensino secundário (mesmo a malta de Economia, Desporto e Medicina). O que acontece é que a Relatividade Restrita não é ensinada no secundário, mas os miúdos sabem fazer os cálculos matemáticos elementares. Já este pseudo engenheiro aero-espacial do Interstellar comporta-se como um menino de 8 anos, com atraso mental profundo, em que a coitada da criança teve de frequentar uma escola de ensino especial, e por isso passa o tempo no filme a referir-se à dilatação do tempo de Einstein, como algum conceito insólito ou de difícil apreensão.
Em contrapartida escrevi esta bela crítica, da qual gosto muito do resultado final, ao primeiro filme que mostra a dilatação de tempo de Einstein, em que os personagens têm mesmo 14 anos de idade, e comportam-se de forma mais lógica e matura do que este Biquinho "puto estúpido" do Interstellar:

http://forum.dvdmania.org/viewtopic.php?f=11&t=47191
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Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
HAHAHA!BurnCycle wrote:Eu devo ter visto um filme diferente... O que vi nada tem que justifique tais palavras. Não estarás a falar doutro filme? :DJoséMiguel wrote:...
A única coisa que irei dizer é para não aceitarem gato por lebre, porque nunca num milhão de anos aqueles diálogos e acções fariam sentido em cientistas e engenheiros. Se calhar é por isso que destaco nas curiosidades das minhas fichas técnicas, quando um argumentista ou consultor, possui formação científica e sabe do que fala, como neste exemplo de um filme mudo que sei "que não interessa nem ao menino jesus":
talvez este?...

Muito bem escolhido sim senhor!

Foste buscar um filme manhoso russo, do mesmo ano e com o mesmo título.

"Resposta" no meu comentário anterior. Atenção que eu sei que as massas (presentes também neste fórum) gostam de cowboyada, e não irão concordar com a minha opinião. Mas tal como eu adorei ler o feedback e testemunho técnico-militar que o THX escreveu num filme de guerra, pode haver alguém que tenha interesse em ler a modesta opinião de um estudante fracassado... nunca se sabe...

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Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
Grande Sam!Samwise wrote:Atendendo ao motor matemático que rege o raciocínio do José Miguel, acho que ele faz o cálculo probabilístico da mistura destas duas situações - e as razões de queixa são já o resultado final da fórmula com essas variáveis todas consideradas.No Angel wrote:Isso nao quer dizer que tenhamos de aceitar tudo, e ha de facto coisas que muitas vezes nao fazem sentido, mas também acho que temos que compreender a natureza humana, e aceitar o facto de cada pessoa reagir e agir de forma diferente as situaçoes...![]()
Eu concordo na essência com os problemas que ele aponta, só que sou um pouco mais tolerante na sua aceitação - não na aceitação de que tais personagens se pudessem comportar daquela maneira no mundo real, mas na aceitação de que a lógica narrativa por vezes tem de levar a melhor para que possa haver filme.
O Gravity tem não sei quantas dezenas de erros científicos e incongruências narrativas que eu consigo detectar e aceitar, mas nada disso serve para lhe cortar as vazas enquanto expriência cinematográfica.

Muito obrigado quer por este, quer pelo teu comentário imediatamente anterior.
Eu gosto de remar contra a maré, mas se achar que sou "o único contra o resto do mundo", então fico calado e não escrevo comentários. Por isso é animador ver alguém que tenta entender o meu lado, quer concorde com ele ou não.
Eu já sei que não sou "o único contra o mundo", e para isso basta ir ler os comentários ao IMDB de alguns filmes raros que aprecio. Mas Portugal é um país pequeno, e mesmo o DVD Mania que é o maior fórum português de discussão de cinema, é também um fórum com pouca gente, embora eu tenha reparado que surgiram mais pessoas a comentarem recentemente. Às vezes sei que estou sózinho nos meus gostos de um ou outro filme e até penso "Mas que raios! Será que sou o único gajo português que viu este filme? Tudo bem, pro mês que vem pode aparecer por cá alguém que goste do filme..."
Samwise, tu por acaso acertaste em cheio quando dizes "Atendendo ao motor matemático que rege o raciocínio do José Miguel, acho que ele faz o cálculo probabilístico da mistura destas duas situações - e as razões de queixa são já o resultado final da fórmula com essas variáveis todas consideradas.", com a diferença de que não existe nenhum motor ou cálculo matemático, e a minha opinião surge de forma natural e instintiva, sem fazer nenhum cálculo ou análise. Mas sim eu tenho em conta as variáveis todas, e o enredo deste filme tem probabilidade zero de suceder.
Já o teu penúltimo comentário foi brilhante, pois conseguiste a proeza de por em palavras um conceito muito difícil que viste que eu estava a querer transmitir sem sucesso, e que aparentemente passa ao lado das massas (também presentes no DVD Mania):
Obrigado pela ajuda.Samwise wrote:(...)Esta muito pouco ortodoxa abordagem via-Disney às infantilidades comportamentais das personagens do Interstellar vai ao fulcro da questão - não só neste filme, como numa certa maneira de Hollywood apresentar cinema/entretenimento aos espectadores. A diluição da fronteira entre estas duas componentes potencia precisamente a estupidificação voluntária da lógica.
A questão passa também pela extrema exposição a que somos e fomos submetidos a este tipo de abordagens. As nossas mentes já estão formatadas à aceitação incondicional (sem questionar) deste comportamentos pouco "realistas".
Apesar de tudo, a minha posição continua a ser esmagadoramente "a favor". Hollywood continua a fascinar-me infinitamente, mesmo com estes produtos mais "híbridos" que parece não saberem bem o que fazer com a herança comportamental infatilóide, quando esta é confrontada com questões que podem parecer mais propensas à seriedade(...)

Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
No Público, por Ana Gerschenfeld...
Efeitos visuais de Interstellar dão pistas sobre física dos buracos negros
A criação, para o filme, de imagens virtuais de um buraco negro supermaciço, permitiu visualizar pela primeira vez um destes “monstros cósmicos” ao perto.
Não é todos os dias que as imagens criadas por computador para um filme de ficção científica de Hollywood ilustram as páginas de uma revista de física teórica. Mas aconteceu nesta sexta-feira: a equipa responsável pelos efeitos visuais do filme Insterstellar, de Christopher Nolan, publicou os resultados das suas simulações de um buraco negro na revista Classical and Quantum Gravity.
Onde está a ciência? Primeiro nas simulações, baseadas nas equações da Teoria da Relatividade Geral de Einstein; e segundo, no facto dessas simulações darem novas pistas sobre a física dos buracos negros.
No artigo, a empresa britânica de efeitos visuais Double Negative e o físico teórico Kip Thorne, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech, EUA) – que foi conselheiro científico de Nolan –, descrevem o software que desenvolveram para gerar as já icónicas imagens do monstruoso buraco negro Gargântua, uma espécie de pino cósmico que roda sobre si próprio a toda a velocidade e, que de tão maciço e compacto que é, tudo atrai e distorce – o tempo, o espaço, a matéria, a luz.
Recorde-se que, no filme, viajar até ao Gargântua pode representar a última oportunidade de sobrevivência para a espécie humana, que tem de abandonar à pressa um planeta Terra moribundo e encontrar uma nova “casa”, algures no Universo.
“Interstellar é o primeiro filme de Hollywood a tentar visualizar um buraco negro como poderia ser visto por alguém que se encontrasse ao pé dele”, escrevem estes autores. E de facto, um dos principais objectivos do artigo agora publicado é explicar como obtiveram as imagens – o que exigiu alguma “maquilhagem” (como tudo em Hollywood) para ficarem mais belas.
Porém, um outro objectivo assumido é “descrever novas pistas obtidas [com o software] (…) quando a câmara se encontra perto de um buraco negro em rotação, ao contrário do que acontece na maioria dos estudos”.
Thorne, o físico, queria fazer um filme cientificamente realista – e Nolan, o cineasta, um filme deslumbrante para ecrãs de cinema gigantes. Ora, quando começaram a simular, com base nas equações de Einstein, o aspecto que o Gargântua deveria ter para os viajantes espaciais, surgiram vários problemas.
Em particular, as imagens eram confusas e a luz vinda das estrelas e nebulosas com que os autores tinham povoado o cosmos na região do buraco negro cintilavam muito nas imagens em movimento, explica em comunicado o Instituto de Física (a associação britânica que edita a Classical and Quantum Gravity). A equipa teve portanto de alterar o software disponível.
As imagens sintéticas de objectos costumam ser construídas calculando as trajectórias de cada raio de luz individual para simular a forma como o objecto reflecte a luz. Ora, para tornar o aspecto das estruturas cósmicas mais regular, foi preciso calcular em bloco a trajectória dos feixes luminosos distorcidos – e não a de cada raio em separado. “Isso exigiu muita investigação”, diz Oliver James, responsável científico da empresa Double Negative, citado pela revista britânica New Scientist.
Um outro problema foi que o buraco negro simulado tinha um aspecto disforme. Para o tornar mais esférico (exigência do realizador), recorreu-se a um outro “truque”: reduziu-se a velocidade de rotação do Gargântua sobre si próprio. A sua cor, inicialmente demasiado escura – o que não admira, tratando-se de um buraco negro –, também precisou de retoques.
Por incrível que pareça, o último obstáculo técnico revelou ser… uma autêntica observação científica. No início, a equipa dos efeitos visuais pensou que se tratava de um erro de programação, mas Thorne percebeu que era uma consequência das equações de Einstein.
Isto aconteceu quando, para tornar a simulação mais realista, os cientistas acrescentaram matéria (poeiras e gases) à volta do Gargântua e simularam o efeito da fortíssima gravidade do buraco negro sobre esse “disco de acreção”. “Descobrimos que a deformação do espaço à volta do buraco negro também distorcia o disco de acreção”, explicava recentemente o co-autor Paul Franklin à revista Wired. “Por isso, em vez de algo parecido com os anéis de Saturno, a luz criava à volta da esfera preta do Gargântua um halo maravilhoso” – a estrutura complexa que brilha em seu redor e parece cortá-lo a meio nas imagens do filme. “Nunca imaginei que fosse assim”, disse Thorne à mesma revista. “Foi absolutamente fantástico (…). A natureza é assim, ponto final.”
Depois de acabado o filme, fizeram-se mais simulações e houve outra surpresa ao descobrir-se que, se um observador estivesse perto de um buraco negro em rápida rotação, veria 13 imagens de cada estrela distante visível na orla do buraco negro. O fenómeno, dizem os autores, deve-se ao facto de a massa do buraco negro em rotação “arrastar” consigo o espaço-tempo, enrolando a luz muitas vezes sobre si própria. “Um observador virtual que desse a volta ao buraco negro veria esse remoinho de espaço-tempo a criar e aniquilar as imagens”, explica a revista Science no seu site. Este efeito “só foi observado do lado do buraco negro onde o espaço-tempo está a ser arrastado em direcção ao observador”, o que será devido, segundo os autores, ao facto de, nesse lado, uma parte da luz estar a ser “disparada” para fora.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
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Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
Não vi nem tenho vontade de ver, o Inception foi a ultima oportunidade que dei ao Sr. Nolan.
Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
Viva Asgaard, podias detalhar um pouco mais aquilo que te desagrada no Nolan? (é apenas uma curiosidade minha, porque penso que enriquece o debate - já que a maioria das opiniões e gostos aqui no fórum vão no sentido contrário ao teuAsgaard wrote:Não vi nem tenho vontade de ver, o Inception foi a ultima oportunidade que dei ao Sr. Nolan.

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Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan

Já não falta tudo... Mas a data é matreira "entrega prevista a partir de: 1 Abril 2015" - fnac.pt
Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
Bastante curiosidade em revê-lo. Tenho algumas questões que me ficaram na cabeça, que só com mais outra visualização é que devem ir ao sitio.
Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
O que eu acho é que os filmes do Nolan são sempre muito sobre valorizados, o que ele faz no fundo são filmes pimba mas é um "pimba chique" bem elaborado e com um embrulho bonito mas depois falta-lhe a essência.Samwise wrote:Viva Asgaard, podias detalhar um pouco mais aquilo que te desagrada no Nolan? (é apenas uma curiosidade minha, porque penso que enriquece o debate - já que a maioria das opiniões e gostos aqui no fórum vão no sentido contrário ao teuAsgaard wrote:Não vi nem tenho vontade de ver, o Inception foi a ultima oportunidade que dei ao Sr. Nolan.)
Quando quando se espreme os argumentos aquilo não tem grande sumo, Nolan pega geralmente numa coisa simples mistura tudo bem misturado para nós prender a atenção, não pela complexidade historia em si, mas porque a montagem mistura tudo bem misturado e se olhamos para o lado perdemos o fio a meada.
Depois foi criado todo um Hype a volta dos filmes de Nolan que se dizes que não gostas quase da direito a ser linchado e é só haver um morcego da treta que pessoal fica logo todo louco a elege-lo como a oitava maravilha da mundo.
Eu só não conheço o Following e os morcegos, porque não tenho pachorra para super heroes. O The Prestige não está mal, não gostei do fim nem que tivessem metido o Nikola Tesla ao barulho, para mim o melhor filme do Nolan é o Insomnia que curiosamente, ou não, é um remake de um filme dinamarquês o resto são produções e montagens cuidadas e o cinema que eu gosto vive de historias e não de efeitos especiais.
Embora as palavras sejam quase sinónimos eu costumo dizer que Nolan não faz filmes complexos, faz filmes complicados.
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Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
Se me permites a provocação, parece que esse "ódio" pelo rapaz capaz de ter surgido por não gostares do Batman?Asgaard wrote:O que eu acho é que os filmes do Nolan são sempre muito sobre valorizados, o que ele faz no fundo são filmes pimba mas é um "pimba chique" bem elaborado e com um embrulho bonito mas depois falta-lhe a essência.Samwise wrote:Viva Asgaard, podias detalhar um pouco mais aquilo que te desagrada no Nolan? (é apenas uma curiosidade minha, porque penso que enriquece o debate - já que a maioria das opiniões e gostos aqui no fórum vão no sentido contrário ao teuAsgaard wrote:Não vi nem tenho vontade de ver, o Inception foi a ultima oportunidade que dei ao Sr. Nolan.)
Quando quando se espreme os argumentos aquilo não tem grande sumo, Nolan pega geralmente numa coisa simples mistura tudo bem misturado para nós prender a atenção, não pela complexidade historia em si, mas porque a montagem mistura tudo bem misturado e se olhamos para o lado perdemos o fio a meada.
Depois foi criado todo um Hype a volta dos filmes de Nolan que se dizes que não gostas quase da direito a ser linchado e é só haver um morcego da treta que pessoal fica logo todo louco a elege-lo como a oitava maravilha da mundo.
Eu só não conheço o Following e os morcegos, porque não tenho pachorra para super heroes. O The Prestige não está mal, não gostei do fim nem que tivessem metido o Nikola Tesla ao barulho, para mim o melhor filme do Nolan é o Insomnia que curiosamente, ou não, é um remake de um filme dinamarquês o resto são produções e montagens cuidadas e o cinema que eu gosto vive de historias e não de efeitos especiais.
Embora as palavras sejam quase sinónimos eu costumo dizer que Nolan não faz filmes complexos, faz filmes complicados.
Agora um pouco mais a sério, retirando os Batmans do barulho (até os considero como grandes adaptações de BD, talvez as melhores) dos filmes que vi dele não encontro nenhum filme que ache complicado, se calhar nem complexo.
Claro que cada um tem as suas opiniões. :)
Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
Também vai sair uma edição nacional em blu-ray sem o livro, mas em metal. Confesso que é a que me agrada mais.
Talvez seja desta que cedo finalmente aos azulinhos relativamente a novas edições!
Se isso suceder, a culpa em parte vai ser do Rui Santos, e da edição azulinha do Blade Runner!

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Cabeças


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Re: Interstellar (2014) - Christopher Nolan
Desejoso de rever este filme em casa!
Blu all the way Cabeças
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