Interstellar (2014) - Christopher Nolan

[Samwise]

Viva, Asgaard, agradeço a tua resposta.

O The Prestige não está mal, não gostei do fim nem que tivessem metido o Nikola Tesla ao barulho, para mim o melhor filme do Nolan é o Insomnia que curiosamente, ou não, é um remake de um filme dinamarquês o resto são produções e montagens cuidadas e o cinema que eu gosto vive de historias e não de efeitos especiais.

O The Prestige e o Insomnia são precisamente os meus filmes favoritos do Nolan. Eu por acaso li o livro que deu origem ao The Prestige, escrito por Christopher Priest, e sei que o Tesla foi uma invenção do argumentista, mas essa escolha em concreto teve uma razão de ser, uma justificação que se enquadra bastante bem nos princípios que dominam a linha narrativa, ou seja, no confronto entre os dois ilusionistas que passa muito para além da ideia de "ser o melhor" (até porque esse confronto é precisamente aquilo que lhes permite serem tão bons, levarem ao limite as suas capacidades e excederem-se continuamente, ao longo de vários anos). Mas dizia eu, o Tesla não aparece ao calhas. Ele aparece para justificar o fabrico daquele aparelho, e porque também ele se encontrava numa situação de "guerra" com um adversário que o queria pura e simplemente eliminar (porque sabia que o Tesla era "melhor"). Portanto, quando o Angiers vem ter com ele, o Tesla medita sobre o assunto e acaba por concordar ajudá-lo.

Quanto ao final, achei o do livro melhor conseguido de facto, mas o do filme não está nada mal, é igualmente arrepiante.

Embora as palavras sejam quase sinónimos eu costumo dizer que Nolan não faz filmes complexos, faz filmes complicados.

Eu penso algo ligeiramente diverso: considero que o Nolan consegue tornar acessível aquilo que em conceito é complexo/complicado. Considero-o um bom realizador também porque tem esta habilidade. Os filmes podem dar algum trabalho a "descodificar", mas são acessíveis em termos de exposição visual/narrativa dos conceitos. São claros de seguir.

[Samwise]

Após uma segunda passagem mais atenta pela lista que o Gaspar partilhou mais atrás, decidi ver um desses filmes ontem:

ANOTHER EARTH (com argumento da fabulosa Brit Marling. E atenção ao novo filme deste realizador, o I Origins): http://www.imdb.com/title/tt1549572/?ref_=fn_al_tt_1

Gostei, é um filme de FC que pode ser considerado mesmo alternativo, não por ranger a "indie" por todas dobradiças, mas por oferecer uma narrativa com muito pouco de tecnologia e ciência em primeiro plano, e mais centrada no desenrolar das relações humanas das personagens. Neste sentido, é um filme humanista, muito próximo das "sensaçãos terrenas" (terra-a-terra é uma expressão que cai bem aqui... ), palpáveis, que determinam e condicionam a nossa (in)felicidade. A história é mesmo muito simples, pelo menos tendo em conta que poderia ter sido facilmente levada para patamares intermináveis de complicação, quer a nível científico/tecnológico, quer de retórica existencialista. Contudo, é mantida propositadamente num patamar de simplicidade que é um dos grande trunfos da equipa que montou o filme - a mão é seguríssima e o filme nunca fraqueja nos seus objectivos. Paradoxalmente, considero que esta aposta em manter a questão científica fora do baralho, por assim dizer, potencia a que fiquem no ar uma série de dúvidas pretinentes sobre a consistência narrativa a nível do "plano geral", da postura da humanidade perante a aproximação de um planeta que é um autênctivo fac-simile do nosso. Dito de outro modo, não há qualquer tentativa de explicar as coisas - o que está a suceder - fora da bolha existêncial em que vivem dos dois protagonistas principais, face a aproximação desse outro planeta que aparce no céu como companheiro da Lua. O filme prefere fechar olhos a essas questões (a meu ver muito sabiamente, porque com isso capitaliza emoções e sentimentos que de outra forma se evaporariam), e o resultado é uma estimulante curiosidade com aroma a novidade.

Visto de fora, Another Earth poderá dar a entender que partilha de algumas semelhanças com Melancolia, a obra de Lars Von Trier sobre "o fim-do-mundo para o dia seguinte", versão família intelecto-maniaca-depressiva, mas é só fogo de vista, literalmente, já que a única coisa que os dois filmes têm em comum é o facto de fazerem aparecer nos nossos céus, em grande plano, um planeta "invasor".

Pela negativa, um aspecto a apontar: ao mesmo tempo que há aparentemente uma grande liberdade e abertura narrativa face à vida da persongem central, um interesse em mostrar "quem é" e "porque é", vejo por outro lado um grande oportunismo e calculismo na forma como a partir de certo momento tudo começa a projectar-se para o final da história, e para a nossa curiosidade em saber o que vai suceder. O final do filme é ambíguo no sentido de deixar que seja o espectador a decidir aquilo que não sabe, mas para uma narrativa tão humanamente generosa face às suas personagens, o momento em que se dá o corte é de pura hipocrisia calculista. É um "truque" para "fazer sensação" ("Ooooh"... "Ahhh..."), algo que não me importo de ver num filme como o Inception (até fica bem aplicado face à narrativa), mas que neste aqui deixa um sabor amargo na boca.

7/10

[Asgaard]

Houve uma época que era moda filmes sobre o fim do mundo, um que gostei muito onde o Michael Shannon faz uma grande interpretação foi o Take Shelter do Jeff Nichols

http://www.imdb.com/title/tt1675192/?ref_=nv_sr_2

Eu pessoalmente a seguir a ao Another Earth fiquei com algumas expectativas em relação aos argumentos da Brit Marling, o The Sound of My Voice achei interessante, o The East é banal e agora já faz algum tempo que não escreve esperemos que de futuro nos brinde com mais bons argumentos.

Agora um bocadinho off topic e porque se tem falado de filmes com finais diferentes lembrei-me do Martha Marcy May Marlene que tem um dos finais mais perturbadores do cinema.

[João Ferreira]

As palavras faltam para falar desta obra de arte, Nolan incrivel como sempre seja qual for o género a sua criatividade é infinita, grandes momentos de tensão, grandes efeitos especiais, grandes interpertações e banda sonora do icónico Hans Zimmer, dos melhores filmes que vi nos últimos tempos, o melhor de 2014 e claramente também o mais injustiçado,

9/10

[THX]

Visto de fora, Another Earth poderá dar a entender que partilha de algumas semelhanças com Melancolia, a obra de Lars Von Trier sobre "o fim-do-mundo para o dia seguinte", versão família intelecto-maniaca-depressiva, mas é só fogo de vista, literalmente, já que a única coisa que os dois filmes têm em comum é o facto de fazerem aparecer nos nossos céus, em grande plano, um planeta "invasor".

Ainda não vi "Another Earth" mas duvido que chegue aos calcanhares de uma obra-prima como "Melancolia", quanto a mim um dos melhores filmes jamais feito sobre a terrível doença que é a depressão. Mas para mim "Melancolia" é mais...muito mais.
Infelizmente muita gente não tem a capacidade de entender esta obra, pensam que perceberam o filme mas na verdade o crucial passa-lhes ao lado.

O problema de filmes como "Melancolia" ou "The Hours" é que são filmes com uma temática muito perturbante (pela crua e real natureza da doença que apresentam) e por isso de difícil digestão.

[Samwise]

Não querendo entrar em comparações subjecto-qualitativas sobre os dois filmes, diria que são quase o oposto um do outro em termos da exploração do interior da psique. O Melancolia é infinitamente mais complexo e preenchido, e o outro é bastante vago e indefinido (está-se nas tintas, basicamente) em tudo aquilo que é a forma como as personagens "encaixam" a presença do planeta que se aproxima.

[waltsouza]

Jonathan Nolan Says His Original Ending To 'Interstellar' Was “Much More Straightforward”




As anyone who followed the run-up to the release of Christopher Nolan's "Interstellar" last year knows, the project didn't start with him. It was actually eyed by Steven Spielberg long before Nolan came on board, and had a script by Jonathan Nolan, with input from science brain Kip Throne. Once the older Nolan came onboard to direct, he made significant changes his brother's script (among them, Murph was a boy in the first drafts of the screenplay), and what you saw on the big screen was Christopher's take on the material. According to Jonathan, his version had a conclusion that was less cerebral and more science based. **Spoilers ahead**

Okay, so we know that in "Interstellar" Matthew McConaughy's Cooper flung himself into the black hole, Gargantua, and landed in the fifth dimensional Galactic Bookcase of timelines, which he uses to speak to his daughter with sand. Or something. At that point in the movie, you're kinda just going with it, but according to Jonathan, his conclusion "had the Einstein-Rosen bridge [colloquially, a wormhole] collapse when Cooper tries to send the data back,” he said during an event to promote the film's upcoming Blu-ray (via Nerdist).

So what does that mean? Well, in short, no happy ending. No reunion with the elderly daughter and no space dates with Anne Hathaway. It's theoretically a much darker finale, one that sees the hero succeeding in the mission but dying in the process. While Nolan spent much of the press circuit talking about how scientifically accurate his film is, it should be noted that the gravitational weirdness that Coop and Murph discover was supposed to have been caused by "gravity waves" and detected by the Laser Interferometer Gravity-Wave Observatory. However, C-Nolan ditched that too.

“That was very near and dear to me, but Chris thought it was too much science for the public to digest at once,” Thorne said.

Thoughts? Did Nolan's approach make his movie more relatable by focusing on character or getting loose with science? Let us know below. "Interstellar" hits home video on March 31st.

http://blogs.indiewire.com/theplaylist/ ... d-20150319

[elfaria]

Interessante esta análise do Kevin Jagernauth (gosto muito da palavra interessante ) e concordo em boa parte com ela principalmente quando fica implicito que se o projecto tivesse sido dirigido por Spielberg talvez tivesse um resultado diferente (para mim mais interessante) pois o tema até tem muito potencial. Confesso que sou suspeito pois não gosto muito dos filmes do Nolan com excepção do The Prestige (2006) do qual até gosto bastante pois sempre fui um flipado por magia

Aguardo agora a oportunidade de ver o Jupiter Ascending dos Wachowskis apesar da pontuação no IMdB ser fraca mas isso nunca foi impedimento para eu ver qualquer filme


Uma curiosidade sobre o poster do Interstellar

[JRibeiro]

Nunca percebi muito bem o porquê da importância da teoria que a Murphy acabou por decifrar, só depois de ler isto é que percebi, o Kip Thorne, consultor no filme lançou um livro chamado The Science of Interstellar

Early in Interstellar, when Cooper first visits the NASA facility, he is shown a giant, cylindrical enclosure being constructed to carry thousands of humans into space and house them for many generations: a space colony. And he's told there are others being constructed elsewhere.

"How does it get off Earth?" Cooper asks the Professor. "Those first gravitational anomalies changed everything," the Professor replies. "Suddenly we knew that harnessing gravity was real. So I started working on the theory—and we started building this station."

...

How did it get lifted into space? The key, of course, was the quantum data (in my scientist's interpretation, the quantum gravity laws) that TARS extracted from Gargantua's singularity (Chapters 26 and 28) and Cooper transmitted to Murph (Chapter 30).

...

Murph must have figured out how to reduce Newton's gravitational constant G inside the Earth ... In my interpretation, with Newton's G reduced inside the Earth to, say, a thousandth of its normal value for, say, an hour, rocket engines could lift the enormous colonies into space.

As a byproduct, in my interpretation the Earth's core—no longer compressed by the enormous weight of the planet above—must have sprung outward, pushing the Earth's surface upward. Gigantic earthquakes and tsunamis must have followed, wreaking havoc on Earth as the colonies soared into space, a terrible price for the Earth to pay on top of its blight-driven catastrophe. When Newton's G was restored to its normal strength, the Earth must have shrunk back to its normal size, wreaking more earthquake and tsunami havoc.

But humanity was saved. And Cooper and ninety-four-year-old Murph were reunited. Then Cooper set out in search of Amelia Brand in the far reaches of the universe.

[Cabeças]

Para os apreciadores do Nolan e deste filme que também têm gosto em ter as edições, quero referir-vos que a edição da caixa metálica em bluray está espectacular em todos os sentidos.

Só faz falta o folhetozinho que dantes colocavam (nos bons tempos) nos dvds. Mas quem quiser tem a edição digibook.

Imagem excelente, som excelente, e 3 horas de extras também em alta definição e todos legendados.

[Rui Santos]

Confirmo Cabeças, tinha feito a encomenda na Fnac com o desconto de 5€ de pre-encomenda e está uma edição espectacular.

Pena realmente o folheto, mas no resto a qualidade da caixa bate tudo. Está um mimo... que obriga a cuidados na hora de a guardar.

[Grande Guru]

N gostei. N sou fã de FC e isso pode ter tido o seu peso, mas no meu caso particular o filme nunca me prendeu nem despertou particular interesse (diria mesmo nenhum) ao longo do seu desenvolvimento. Foi daqueles em q um gajo passa a vida a olhar para o relógio à espera q o tempo passe.....

[neotheone]

"”Interstellar”, a obra-prima da ficção científica de Christopher Nolan regressa aos cinemas portugueses, em celebração do seu décimo aniversário.
O filme volta aos cinemas NOS IMAX, de dia 9 a 15 de Janeiro de 2025.

O filme celebrou os dez anos da sua estreia em novembro de 2024 e, para celebrar, Christopher Nolan conseguiu que “Interstellar” voltasse a passar em alguns cinemas americanos.

As sessões foram um sucesso, tendo ficado completamente esgotadas, em pouco tempo. Depois de muita especulação sobre o tema, o filme chegará, finalmente, aos cinemas nacionais."

https://www.magazine-hd.com/apps/wp/por ... vo-imax/#1

[neotheone]

"Vocês pediram e nós ouvimos: o Interstellar está de volta ao IMAX!
Se da última vez ficaste a ver navios (ou melhor, naves espaciais) agora não há desculpas.
De 6 a 12 de fevereiro aproveita esta segunda oportunidade para veres este clássico como ele merece ser visto.
A pré-venda já começou, por isso garante já o teu bilhete antes que eles desapareçam!"