Film Noir - o Tópico

[mansildv]

Óptima sugestão.

Não tem muito a ver, mas o "dístico" de investigador na imagem fez-me recordar de outro título que tenho muita curiosidade de ver, o Detective Story (https://en.wikipedia.org/wiki/Detective ... 51_film%29)

Tenho o Detective Story na minha colecção há imenso tempo e ainda não o vi! Vai já para a lista, bem lembrado

[Gaspar Garção]

Óptima sugestão.

Não tem muito a ver, mas o "dístico" de investigador na imagem fez-me recordar de outro título que tenho muita curiosidade de ver, o Detective Story (https://en.wikipedia.org/wiki/Detective ... 51_film%29)

Detective Story é um filme interessante, de um realizador que eu considero grande (Jezebel, Ben-Hur, A Herdeira, Dead End, Roman Holiday, The Desperate Hours, The Children's Hours, The Collector e mais um ou dois que ganharam o Óscar), e embora aqui nestes filmes que eu menciono haja filmes com tangentes ao noir (Dead End, Desperate Hours, por exemplo), o Detective Story considero-o mais um drama, com grandes interpretações, mas ainda assim, achei-o um "dramalhão" um pouco exagerado, também com o "problema" de a personagem do Kirk Douglas não "ser flor que se cheire" (aos nossos olhos, é uma personagem se calhar mais moderna, com nuances psicológicas interessantes, estilo as interpretações posteriores dos atores do Método, mas em termos de noir e dos seus códigos, é uma personagem com poucas características que a redimam, como é apanágio dos detectives e dos criminosos "sacanas" do noir)..

Ainda assim, um bom filme e que merece ser visto.

[mansildv]

Óptima sugestão.

Não tem muito a ver, mas o "dístico" de investigador na imagem fez-me recordar de outro título que tenho muita curiosidade de ver, o Detective Story (https://en.wikipedia.org/wiki/Detective ... 51_film%29)

Detective Story é um filme interessante, de um realizador que eu considero grande (Jezebel, Ben-Hur, A Herdeira, Dead End, Roman Holiday, The Desperate Hours, The Children's Hours, The Collector e mais um ou dois que ganharam o Óscar), e embora aqui nestes filmes que eu menciono haja filmes com tangentes ao noir (Dead End, Desperate Hours, por exemplo), o Detective Story considero-o mais um drama, com grandes interpretações, mas ainda assim, achei-o um "dramalhão" um pouco exagerado, também com o "problema" de a personagem do Kirk Douglas não "ser flor que se cheire" (aos nossos olhos, é uma personagem se calhar mais moderna, com nuances psicológicas interessantes, estilo as interpretações posteriores dos atores do Método, mas em termos de noir e dos seus códigos, é uma personagem com poucas características que a redimam, como é apanágio dos detectives e dos criminosos "sacanas" do noir)..

Ainda assim, um bom filme e que merece ser visto.

Para além dos que mencionaste, também gostei do The Best Years of Our Lives e achei um piadão ao How to Steal a Million
E tenho muito curiosidade em ver o The Little Foxes e Mrs. Miniver!

O Detective Story já está pronto a ser visto, graças às vossas sugestões

[Gaspar Garção]

Dois desses são dos tais que eu referi que ganharam os óscares, o Miniver e o Best Years..., que são filmes que vi muito novo e talvez não tenha uma grande capacidade crítica em relação a eles, ou seja, gostei deles muito na altura, e mesmo com mais idade e um certo distanciamento crítico, ainda consigo perceber o seu valor, mesmo com a carga (por vezes negativa) que o terem ganho os óscares carregam.

O Little Foxes conheço de nome, mas ainda não vi.

E agora, para nos distanciarmos ainda mais do tópico do noir, devo dizer que o How to Steal a Million é uma comédia engraçada, mas eu sou dos tais fãs da Audrey Hepburn, que não me importo de ver um filme dela, qualquer que seja, nem que seja a estender roupa ...

[mansildv]

Dois desses são dos tais que eu referi que ganharam os óscares, o Miniver e o Best Years..., que são filmes que vi muito novo e talvez não tenha uma grande capacidade crítica em relação a eles, ou seja, gostei deles muito na altura, e mesmo com mais idade e um certo distanciamento crítico, ainda consigo perceber o seu valor, mesmo com a carga (por vezes negativa) que o terem ganho os óscares carregam.

O Little Foxes conheço de nome, mas ainda não vi.

E agora, para nos distanciarmos ainda mais do tópico do noir, devo dizer que o How to Steal a Million é uma comédia engraçada, mas eu sou dos tais fãs da Audrey Hepburn, que não me importo de ver um filme dela, qualquer que seja, nem que seja a estender roupa ...

Então junto-me ao grupo Também consigo ver um filme com a Audrey Hepburn simplesmente por ter o seu nome associado

Fazendo uma tangente ao tópico, é uma pena que nunca tenha feito parte de um noir e o mais próximo que esteve (e mesmo assim muito distante) foi no Wait Until Dark!
Apesar de não conseguir imaginá-la num noir, gostava de ter oportunidade para pensar o contrário!

[Samwise]

Dois desses são dos tais que eu referi que ganharam os óscares, o Miniver e o Best Years..., que são filmes que vi muito novo e talvez não tenha uma grande capacidade crítica em relação a eles, ou seja, gostei deles muito na altura, e mesmo com mais idade e um certo distanciamento crítico, ainda consigo perceber o seu valor, mesmo com a carga (por vezes negativa) que o terem ganho os óscares carregam.

Ainda não vi muitos filmes do Wyler para ter uma opinião formada sobre as suas virtudes enquanto cineasta, mas considero o The Best Years of Our Lives muito bom. Vi-o recentemente e ficou-me em muito boa conta.

[Gaspar Garção]

Vi o Sorry, Wrong Number e gostei bastante. Apreciei sobretudo a adequação do modelo narrativo face à dinâmica temporal e dispersão das peças que compõe a história - trata-se de um complexo puzzle no qual vamos vendo as peças colocadas uma a uma e sobre o qual só conseguimos ver o panorama geral quando a última dessas peças estiver no sítio. O tempo narrativo é "real", por assim dizer, com uma séries de enredos dispersos, vindos do passado, a convergirem ao mesmo tempo, em termos de climax, para um mesmo momento (uma determinada noite), e estas histórias vão-nos sendo apresentadas e interligadas entre si através de inúmeros flashbacks (e flashbacks dentro de flashbacks), numa sucessão engenhosa de pequenas narrativas parcelares que se unem apenas no final.

Faz lembrar aquela história narrada na gruta, no Dead Poets Society, em que uma senhora está em casa a fazer um puzzle e à medida que vai colocando as peças vai-se apercebendo que a imagem do puzzle é a sua própria casa e em que a última peça revela que ela é a vítima de um assassino... (alguém se lembra disto? )

O filme foi baseado numa peça para rádio que aparentemente agradou o suficiente ao Orson Welles a ponto de a considerar o melhor argumento para rádio jamais escrito. Dada a complexidade narrativa, ao conjunto de fios dispersos que depois vão forma a tapeçaria, não faço a mais pequena ideia de como uma coisa destas pode ser transmitida por rádio de forma clara, sem baralhar o ouvinte. Houve pormenores no filme que não consegui ligar ao enredo principal (e que me parecem concessões à lógica, coisas que não fazem sentido, mas que estão na história para aumentar o suspense, ou adensar o mistério).

O final é bem "engraçado"...

Muito boa entrada noir. 9/10

Acabei há pouco de ver o Sorry, Wrong number, e não peço "desculpa" por dizer que gostei mesmo muito deste noir, que nunca tinha visto antes, nem em VHS.

Tudo a um nível altissímo, desde os atores à fotografia, à música, à construção do argumento, e mesmo que

começasse a partir de uma certa altura a desconfiar que a "vítima" só poderia ser ela

(já são muitos anos a virar frangos), não deixei de ver o filme com trepidação até ao fim.

Deste realizador, o Anatole Litvak, tenho mesmo vontade de conhecer mais coisas, noirs e de outros géneros.

Uma reflexão que tive a certa altura do filme, relacionada com as nossas femmes fatales e não só: não criei muita empatia com a personagem da Barbara Stanwick, portanto

não me importei muito se ela no fim morria ou não, também devido ao facto de ela como atriz vender a filha mimada e hipocondríaca tão bem, que depressa as simpatias passam para o Burt, esse sim, grande "homê" que raramente fazia de mau, e tive vontade de que no final o realizador fizesse como o Hitch no Suspeita e revelasse que afinal ele não quer matar a mulher, mas que ainda a ama

...

O que eu queria dizer, desta forma desconxavada e nada consentânea com o meu grau académico ( ), é que se ficássemos à espera num filme noir de ter empatia com muitas das personagens principais que estão em perigo de vida, bem podíamos esperar sentados, porque salvo raras excepções (como no Laura (Joan Fontaine), no À Beira do Abismo (Lauren Bacall), etc, muitas das personagens que fazem girar a trama e que são protagonistas principais, não são grande espingarda (como a Mary Astor, no Relíquia Macabra e a própria Bárbarinha, no Pagos a Dobrar).

Já os homens são outra cantiga, porque mesmo mauzinhos como as cobras, é normal nós identificarmos-nos com alguns deles (do lado "errado" da lei, claro, que os "private eyes" são todos uns gajos do catano), porque são um pouco uma espécie de wish fulfillment da nossa parte, a viver as vidas perigosas e criminosas que nós não podemos, com tudo o que vem associado a isso, ou então compreendemos bem demais as fraquezas deles (estou a pensar no Burt Lancaster no soberbo The Killers, e muitos anos depois no Atlantic City, ou do Sterling Hayden noutro soberbo filme, The Killing, ou então no The Asphalt Jungle)...

O que é engraçado, é que mesmo que vejamos por vezes alguns destes filmes de uma maneira fria e distante, se as personagens não são flores que se cheire, e mais pelo prazer de tentar descobrir o que se passa, ou como as personagens vão sair daquela enrascada, nada disso obsta a que o prazer que temos como espetadores seja diminuído, ou que certas personagens não se tornem icónicas (um pouco à semelhança dos filmes mafiosos e dos monstros noutros géneros cinematográficos), senão, porque é que perderíamos tanto tempo a falar de mulheres fatais, ou loucas, ou psicopatas?

[Samwise]

Sim, estou em completo acordo com o que dizes. Mesmo os "maus da fita" mais planos (sem "zona cinzenta") são grandes fontes de empatia e prazer para que gosta destes filmes. Penso contudo que o facto de sabermos (in)conscientemente que se trata de cinema atenua a eventual repulsa que sentiríamos pela personagem se ela fosse carne e osso na vida real. O facto de gostarmos de apreciar as interpretações (a forma como cada actor "veste" a pele ao papel) ajuda também bastante a criar essa ligação.

A propósito disto, veio-me à memória o Scarface original (do Hawks), e a dicotomia entre o mauzão principal (mau como as cobras) e o seu braço direito, que era uma personagem muito catita - cómica e trágica ao mesmo tempo -, e a quem é dado um momento de morte muito peculiar...

Mas terminando o raciocínio com outra ideia: considero as personagens cada vez mais como a fonte principal de interesse em séries e filmes. Se estas forem interessantes e complexas, é quase certo que goste de ver, mesmo que tudo o resto seja "menos bom". É transversal a géneros.

[mansildv]

Vi o The Big Heat e fiquei de boca aberta com o nível de noir que o filme emana

É simplesmente fabuloso! Sem qualquer problema em recorrer à violência e acções condenáveis (agressão a mulheres, caras desfiguradas), o filme progride com uma pujança incrível

O Glenn Ford tem um dos melhores desempenhos dentro deste género, os sentimentos do protagonista são quase palpáveis, e gostei de ver a Gloria Grahame num registo diferente e sempre em grande nível - vi recentemente o In a Lonely Place e o Sudden Fear, e já a vi em mais quatro filmes e acho-a uma excelente actriz, diferente de filme para filme (para além de ser deslumbrante )!

O Lee Marvin também está impecável, aliás, um dos pontos fortes do filme é mesmo o elenco secundário, que segura muito bem a história!
Não descuraram nada neste filme!

Mais um noir que recomendo, um dos incontornáveis do género

[Samwise]

Hmm... andei à procura de uma citação tua sobre o filme e não encontrei, pelo que te coloco esta sugestão: já viste o Out of the Past, Mansildv?

Deve ser o filme que incorpora mais elementos característicos que associamos ao cinema noir dentro de si, bem como o que melhor os conjuga numa mesma narrativa (IMHO). Esse então é que "emana noir" por tudo quanto é lado. É um autêntico compêndio do género. E é muito, muito saboroso.

[Oluap]

Hmm... andei à procura de uma citação tua sobre o filme e não encontrei, pelo que te coloco esta sugestão: já viste o Out of the Past, Mansildv?

Deve ser o filme que incorpora mais elementos característicos que associamos ao cinema noir dentro de si, bem como o que melhor os conjuga numa mesma narrativa (IMHO). Esse então é que "emana noir" por tudo quanto é lado. É um autêntico compêndio do género. E é muito, muito saboroso.

Excelente filme "noi"! com algumas das melhores "lines" de sempre:

http://www.imdb.com/title/tt0039689/tri ... =tt_trv_qu

[Gaspar Garção]

Lembro-me de ver o Against all Odds quando era míudo, no cinema, e ficar deslumbrado com a história labirintíca (ainda era muito novo para ficar deslumbrado com a "estampa" da atriz)...

Qual não é a minha surpresa, quando muitos anos depois vi o Out of The Past, e percebi que o Against all Odds não só era um remake de um dos filmes mais brilhantes da hitória do cinema, como ainda por cima havia outra "estampa" no filme original?

[Oluap]

O site "They Shot Pictures, Don't They?" dedica algum espaço ao filme "noir" apresentando uma lista de filmes de visionamento recomendado ao entusiasta do género:

http://www.theyshootpictures.com/noir250noirs1.htm

[Samwise]

O site "They Shot Pictures, Don't They?" dedica algum espaço ao filme "noir" apresentando uma lista de filmes de visionamento recomendado ao entusiasta do género:

http://www.theyshootpictures.com/noir250noirs1.htm

Muito bom link.

[Gaspar Garção]

Belissímo site, tanta coisa a investigar, tantos filmes a ver (e a comprar...).