Tópico sobre política
Moderator: Rui Santos
Re: Tópico sobre política
Que vos parece todo este caso? Terá terminado de vez? Ou irão aparecer os documentos que fala o Lobo Xavier?
http://expresso.sapo.pt/blogues/bloguet ... ssinatura…
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Os factos alternativos estão aí… Para quem ainda achava que “palavra dada era palavra honrada”, ficam agora finalmente a saber que apenas é verdade se tiver um documento assinado. Porque afinal quem disse que se pode confiar apenas na palavra dos políticos?
O nacional “porreirismo” volta a atacar mais um governo. Advogados privados a criar e redigir leis públicas já não conseguem chocar ninguém. Advogados e consultores privados a assessorarem futuros e potenciais Conselhos de Administração de empresas públicas, sem mandato formal para o efeito também não parece levantar dúvidas de maior…
Futuros potenciais Presidentes de empresas públicas a negociarem com altos representantes do Estado Português e da Comissão Europeia enquanto empregados de competidores privados, e usando os meios de comunicação do seu empregador privado, tal como a conta de correio electrónico profissional, estão acima de qualquer suspeita.
Gestores privados fazerem exigências para serem gestores públicos da maior empresa pública mas serem tratados como gestores privados, desobrigando-os de umas quantas responsabilidades de transparência de rendimentos e de património, é considerado normal e até aceite por altos representantes do Estado. Caso contrário os gestores privados não teriam aceitado o transparente cargo de gestor privado de empresas públicas.
Mas a questão que realmente choca qualquer português é como foi possível tantos advogados, consultores e gestores privados não se terem lembrado de pedir uma assinaturazinha de um qualquer representante do Estado, de preferência de ministro para cima, como de resto exigiriam em qualquer outro acordo entre privados?
Tanto facilitismo, algum voluntarismo e um claro excesso de confiança levaram ao infeliz desfecho final de uma das maiores operações financeiras em Portugal, envolvendo o maior banco do mercado português.
Ver o Conselho de Administração da maior empresa publica recém-empossada e recém-demitida no mesmo ano não é aceitável e deixa muito a desejar da gestão da coisa pública por parte do Estado.
Considerar toda esta lamentável prestação pública como uma trica entre comadres é certamente não menos lamentável. E claramente contraproducente, pois como o povo bem sabe, quando se zangam as comadres, sabem-se as verdades. Será certamente o caso. Com ou sem assinatura dos políticos envolvidos.
Ou então não passa tudo de um erro de percepção...
Re: Tópico sobre política
Acho que alguns agentes envolvidos desejam fechar o assunto o mais rapidamente possível, menorizá-lo e declará-lo como a águas passadas. Não dá para saber por esta altura o que ainda vai vir mais a público depois do que sucedeu, e depois de um período de acalmia em que o assunto parecia ultrapassado.
Isto foi uma argolada de todo o tamanho do Centeno e do Costa, logo a partir do inicio. É pena, porque tinham todas as hipóteses de resolverem um assunto que foi igualmente mal conduzido pelo governo anterior. E o Marcelo, que está a ser criticado por toda a gente à direita e à esquerda, parece-me um único que se portou à altura do cargo, ao ter obrigado o Centeno a explicar-se e a justificar-se em público.
Isto foi uma argolada de todo o tamanho do Centeno e do Costa, logo a partir do inicio. É pena, porque tinham todas as hipóteses de resolverem um assunto que foi igualmente mal conduzido pelo governo anterior. E o Marcelo, que está a ser criticado por toda a gente à direita e à esquerda, parece-me um único que se portou à altura do cargo, ao ter obrigado o Centeno a explicar-se e a justificar-se em público.
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Re: Tópico sobre política
Se dúvidas houvesse que o Donald Drumpf é uma marioneta do ditador Putin, basta ver cinco minutos do canal Russia Today, vi hoje uns minutos e foi uma sucessão de entrevistas de supostos especialistas a dizer que não houve qualquer interferência nas eleições, que os democratas deviam deixar de protestar, que o Drumpf está a fazer um bom trabalho, etc, etc. O Russia Today não passa de um novo Pravda dos tempos modernos, um pasquim que serve para espalhar as mentiras do Kremlin.
"You're not your Facebook status. You're not how many friends you have. You're not the smart phone you own. You're not the apps of your phone. You're not your fucking iPad. You're the all-planking, e-consuming crap of the world."
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Re: Tópico sobre política
Discordo um pouco... não vejo qq linha de pensamento em Donald Trump...JRibeiro wrote: February 28th, 2017, 3:38 pm Se dúvidas houvesse que o Donald Drumpf é uma marioneta do ditador Putin, basta ver cinco minutos do canal Russia Today, vi hoje uns minutos e foi uma sucessão de entrevistas de supostos especialistas a dizer que não houve qualquer interferência nas eleições, que os democratas deviam deixar de protestar, que o Drumpf está a fazer um bom trabalho, etc, etc. O Russia Today não passa de um novo Pravda dos tempos modernos, um pasquim que serve para espalhar as mentiras do Kremlin.
É um tipo perigoso pois pode ser influenciado por Putin, mas também pode ser influenciado por muitos outros. Rodeou-se dos piores... e vamos a ver como se sai disto.
Não tenho dúvidas da influência russa na eleição dele, aliás tenho escrito isso mesmo no FB... que o facto de estarmos a concentrar toda a informação no FB é um perigo gigantesco, pois os algoritmos para manipulação de informação são estudados ao milímetro.
O Brexit é outro problema que o mundo enfrenta... aqueles tipos votaram numa volta ao passado que já não existe e ninguém sabe como descalçar a bota.
Vivemos tempos perigosos...
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Re: Tópico sobre política
Quem vai ganhar com isto tudo é a China, vão assumir o papel de garante da estabilidade mundial, defensores da luta contra as alterações climática, impulsionadores do comércio livre, etc.
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Re: Tópico sobre política
E com o papel que tem na compra de dívida pública... sobretudo americana.JRibeiro wrote: March 1st, 2017, 5:05 pm Quem vai ganhar com isto tudo é a China, vão assumir o papel de garante da estabilidade mundial, defensores da luta contra as alterações climática, impulsionadores do comércio livre, etc.
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Re: Tópico sobre política
A China é o BCE dos EUA...
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Na sequência dos dados sobre o que a legalização IVG possibilitou em termos de alterações sociais, saiu hoje um outro artigo de grande relevância no Observador, a propósito da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo:



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Na sequência dos dados sobre o que a legalização IVG possibilitou em termos de alterações sociais, saiu hoje um outro artigo de grande relevância no Observador, a propósito da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo:
À luz de moonlight: a homofobia mata
Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association – Pediatrics mostra que a aprovação das novas leis do casamento levaram à redução de 7% nas tentativas de suicídio entre jovens LBGT.
Foi há cerca de uma década que se começou a debater a sério a possibilidade de em Portugal se legalizar o casamento de pessoas do mesmo sexo. O casamento viria a ser legalizado, finalmente, em 2010, tornando Portugal um país pioneiro nestes assuntos. O casamento homossexual (chamemos-lhe assim para simplificar) foi aprovado contra a vontade da generalidade dos deputados do PSD e do CDS e contra a vontade do Presidente da República de então. Cavaco Silva, antes de promulgar a lei, enviou-a para o Tribunal Constitucional; mais tarde, no momento da sua promulgação, convocou uma conferência de imprensa deixando bem claro que só não vetava a lei porque de nada serviria. Mesmo assim, a Igreja Católica censurou Cavaco Silva. Por exemplo, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, não se conteve e declarou que sendo Cavaco Silva católico, seria de esperar que usasse o veto político. Portanto, a direita portuguesa esteve em peso, com honrosas excepções, do lado errado da história. Como de costume.
Lembrei-me deste assunto na semana passada, quando li um artigo interessantíssimo na revista científica Journal of the American Medical Association – Pediatrics. O estudo, da autoria de quatro cientistas — Julia Raifman, Ellen Moscoe S. Bryn Austin e Margaret McConnell —, debruça-se sobre o impacto das alterações às leis do casamento homossexual nas tentativas de suicídio de adolescentes nos Estados Unidos. Os dados foram obtidos entre 1999 e 2015 pelo Youth Risk Behavior Surveillance System e incluem informação sobre mais de 750.000 estudantes do ensino público de 47 Estados diferentes.
Apesar de se tratar do impacto da mudança de uma lei, a verdade é que os dados quase podem ser analisados como se se tratassem do resultado de uma experiência laboratorial. É aquilo a que em econometria chamamos uma experiência natural (natural experiment) ou, também, uma quase-experiência. Tal como num laboratório, existe um grupo de controlo, a quem não é aplicado, por exemplo, um determinado antibiótico. Esse grupo de controlo são os 15 Estados que não mudaram as suas leis sobre casamentos “pecaminosos” até 2015. E, claro, há o grupo a quem é aplicado o tratamento, no caso, os 32 Estados que mudaram as suas leis em favor de uma maior liberdade de acesso ao casamento. Entre estes últimos, há aqueles que mudaram as leis mais cedo e os que as mudaram uns anos depois. Juntando tudo, é possível estimar com bastante certeza qual o impacto que a mudança de lei teve.
Claro que, como não se trata de uma verdadeira experiência, é necessário filtrar para uma série de outros factores que tanto podem ser individuais — como a etnia, problemas anteriores de saúde ou idade — como estaduais — existência de outras leis mais ou menos discriminatórias, taxas de desemprego. Mas nada que seja particularmente difícil de fazer.
E quais foram os resultados a que se chegou? A aprovação das novas leis do casamento levaram a uma redução de 7% nas tentativas de suicídio entre estes jovens. Se tivermos em atenção que o suicídio é a segunda principal causa de morte nesta faixa etária, este resultado ganha um significado ainda mais importante. Um dos objectivos das políticas públicas americanas, definido na década passada, era o de reduzir as tentativas de suicídio juvenil em 10% (HealthyPeople2020). Aposto que nem lhes passava pela cabeça que a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo iria, por si só, percorrer mais de dois terços desse caminho. E, como seria de esperar, esta redução global de 7% esconde o verdadeiro impacto. Olhando para os resultados desagregados, percebemos que a redução é praticamente toda ela junto dos jovens que declaram pertencer a minorias sexuais, que também são aqueles que mais se suicidam (ou tentam suicidar).
Estes resultados podem surpreender, e a mim surpreenderam, por mostrarem um impacto tão grande de uma tão simples mudança de lei. Mas, na verdade, este é apenas mais um estudo que confirma o que outros trabalhos científicos já permitiam intuir. Por exemplo, Mark Hatzenbuehler, num trabalho publicado na revista Pediatrics, em 2011, mostrava que ambientes sociais opressivos aumentam o risco de tentativas de suicídio na comunidade jovem LGBT. E, no ano anterior, o mesmo autor, em colaboração com Katie McLaughlin, Katherine Keyes e Deborah S. Hasin, num estudo publicado no American Journal of Public Health, concluía que a discriminação institucional tinha um impacto brutal na saúde mental da população LGBT, levando, por exemplo, a um aumento da ansiedade e do abuso de álcool.
Vale a pena recordar o que foram os debates sobre o casamento homossexual em Portugal e como os opositores ficavam tão enxofrados (e ainda ficam), quando os chamam homofóbicos. No Prós e Contras de Fevereiro de 2009, um dos momentos mais quentes da noite foi numa das intervenções de Isabel Moreira, que enquanto falava (ou gritava, para se conseguir fazer ouvir) era assobiada e apupada pelos hooligans presentes. Nessa intervenção, como podem ouvir, a deputada disse o que neste artigo foi escrito ou seja, tinha toda a razão.
Ao contrário do que se costuma dizer, muitas vezes há um lado certo e um lado errado nestas questões ditas fracturantes. Com os dados que hoje são conhecidos, é justo afirmar que do lado certo deste debate estava a generalidade da esquerda portuguesa. Do lado errado, estava a direita portuguesa e a Igreja Católica, simbolizada no debate pelo padre António Vaz Pinto.
PS. – Por ser justo, e para não meter todos no mesmo saco imoral, devo destacar que a direita liberal estava bem representada por Adolfo Mesquita Nunes, do CDS. Apesar de não ter estado no Prós e Contras referido, apareceu noutros debates defendendo a liberdade de todos ao casamento.
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Re: Tópico sobre política
Li esse artigo hoje... (andamos a ler muita coisa em comum Samwise)... e quase que pisquei o olhos ao ver que foi no observador.
Não tenho qualquer comentário ao artigo que não seja
e leiam o mesmo... é só o que vos peço.
Não tenho qualquer comentário ao artigo que não seja

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Re: Tópico sobre política
De vez em quando convidam pessoas com ideologias mais à esquerda para escrever. Mas o rácio deve andar aí nos 95% vs 5%.Rui Santos wrote: March 1st, 2017, 10:19 pm Li esse artigo hoje... (andamos a ler muita coisa em comum Samwise)... e quase que pisquei o olhos ao ver que foi no observador.
Não tenho qualquer comentário ao artigo que não sejae leiam o mesmo... é só o que vos peço.
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Re: Tópico sobre política
Metade dos leitores do observador teve uma apoplexia hoje ao ler o artigo... e depois ainda levaram com a Isabel Moreira.
Imagino os emails recebidos hoje naquela redação
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Re: Tópico sobre política
Ainda assim, o que menos me importa no artigo é essa delineação entre as posições da esquerda e da direita no momento da votação. Tenho mais interesse naquilo que fica sugerido no artigo científico sobre os efeitos sociais concretos alcançados por uma medida como esta.
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Avançando para outro assunto que está na ordem do dia (numa altura em que o PCP prepara uma campanha a favor da desvinculação de Portugal da Moeda Única) e que é de importância capital para todos os cidadãos europeus: a proposta de debate sobre o futuro da União Europeia tal como apresentada esta semana por Jean-Claude Juncker aos eurodeputados, através de um documento específico para o efeito (podem consultar aqui o The White Paper on the Future of Europe)
Notícia no Dinheiro Vivo:
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Avançando para outro assunto que está na ordem do dia (numa altura em que o PCP prepara uma campanha a favor da desvinculação de Portugal da Moeda Única) e que é de importância capital para todos os cidadãos europeus: a proposta de debate sobre o futuro da União Europeia tal como apresentada esta semana por Jean-Claude Juncker aos eurodeputados, através de um documento específico para o efeito (podem consultar aqui o The White Paper on the Future of Europe)
Notícia no Dinheiro Vivo:
Juncker quer governos a decidirem o futuro pós-brexit
Juncker não toma partido por qualquer das opções que lança agora para cima da mesa, assumindo que “o futuro” da UE está “nas mãos” dos atuais líderes.
Jean-Claude Juncker apresenta hoje o livro branco sobre o futuro da União Europeia a 27, no qual expõe cinco cenários possíveis. Num dos cenários o presidente da Comissão apresenta uma solução muito parecida com aquela que é proposta ao Reino Unido, para a se desligar da União.
Se o debate que se vai desenrolar ao longo dos próximos meses, conduzir à opção que é apresentada segundo dos cinco cenários, o vínculo entre os 27 será assente no “funcionamento do mercado único”. “Os 27 optarão por uma redução da carga regulatória” e a cooperação em assuntos de interesse comum seria “tratada de forma bilateral”, lê-se no documento já consultado pelo DN/JN/Dinheiro Vivo.
As quatro liberdades fundamentais da União Europeia – livre circulação dos bens, dos serviços, das pessoas e dos capitais -, deverão estar asseguradas.
Neste cenário a Comissão assume que “a travessia de fronteiras para negócios ou turismo seriam dificultadas pelos controlos regulares. Aqueles que ficarem doentes, no estrangeiro enfrentarão elevadas facturas médicas”.
No terceiro cenário, a União Europeia funcionaria a duas velocidades, permitindo aos países que “querem fazer mais, fazerem mais”, nomeadamente nas “áreas da defesa, segurança interna, assuntos sociais”. Como exemplos do funcionamento deste cenários, Juncker aponta a possibilidade de “15 estados-membros definam corpos de polícia e de magistrados para travarem a criminalidade”. Além disto, defende-se a “partilha imediata de informações e a interligação de bases de dados”.
No quarto cenário, a Comissão assume uma redução das áreas de intervenção europeia, propondo-se a fazer menos, de forma mais eficiente. Os dois exemplos para este cenário, seria uma regulação europeia para a área das telecomunicações, “protegendo os direitos dos utilizadores de telemóveis e internet”.
O quinto cenário representaria um aprofundamento das União Europeia, com a “partilha de poder, recursos e decisão. As decisões seriam rápidas, tomadas ao nível europeu”. No entanto, a Comissão assume que neste cenário, “os cidadãos descontentes” com um projecto local “não poderiam chegar ao contacto com a autoridade responsável, já que lhes seria dito para contactarem as autoridades europeias”.
O cenário que surge em primeiro lugar na lista propõe deixar inalterada a integração europeia, tal como está. Juncker não toma partido por qualquer das opções que lança agora para cima da mesa, assumindo que “o futuro” da União Europeia está “nas mãos” dos atuais líderes, nas instituições e nas capitais.
Juncker quer que estas “ideias” contribuam para o debate ao longo dos próximos meses, esperando que “o Parlamento Europeu, os Parlamentos nacionais e os governos digam o que querem” em relação ao futuro da UE.
“Há valores que devem continuar a unir-nos”, afirmou o presidente da dando como exemplos “a paz, a liberdade, a igualdade, a liberdade de imprensa”.
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Re: Tópico sobre política
Hoje houve debate aberto no Fórum TSF sobre este assunto. Vale a pena ouvir pelo menos a intervenção do Carlos Moedas logo ao início.
Podem ouvir aqui: http://www.tsf.pt/programa/forum-tsf/em ... 99724.html
Podem ouvir aqui: http://www.tsf.pt/programa/forum-tsf/em ... 99724.html
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Re: Tópico sobre política
Mais lições democráticas (?) sobre a Liberdade de Expressão:
João Miguel Tavares no Público
Vinte e quatro palermas e um director medroso
Um director com défice de legitimidade
João Miguel Tavares no Público
Vinte e quatro palermas e um director medroso
Manuel Carvalho no PúblicoÀ deserção cívica e ao desprezo pela liberdade de expressão junta-se a cobardia intelectual. A liberdade na FCSH está a ser vendida a um preço demasiado baixo.
Comecemos por relativizar as coisas: foram 24 estudantes. Não foram 2400, nem 240. Foram 24. Vinte e quatro tontos que numa RGA na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas votaram favoravelmente uma moção que exigia o cancelamento da reserva de sala onde se iria realizar a conferência de Jaime Nogueira Pinto. Como é que 24 pessoas conseguiram tal coisa numa faculdade que tem quase cinco mil alunos? Simples: participando numa RGA onde, pelos vistos, só havia membros da associação de estudantes e seus amigos. Como a inexistência de quórum não impede a tomada de decisões, 0,5% dos alunos da FCSH conseguiram desprestigiar uma faculdade inteira e inaugurar em Portugal a censura de esquerda nos meios universitários. Primeira lição a tirar deste caso: a deserção cívica é o primeiro passo para os extremistas imporem a sua lei.
Segundo lição a tirar deste caso: a luta pela liberdade de expressão é um dos combates mais sérios e necessários dos nossos dias. Aquilo que se está a fazer em nome de uma agenda progressista é promover o exercício da censura nos espaços que nasceram para estimular o debate intelectual livre. Ler a acta da RGA que impediu Nogueira Pinto de falar, o conteúdo da moção que foi aprovada e a subsequente justificação da associação de estudantes é chocante, desde logo porque encaixa como uma luva na vergonhosa cultura dos trigger warnings e atenta contra a mais básica lição de John Stuart Mill: silenciar uma opinião é roubar a humanidade do seu mais valioso património, pois se essa opinião estiver certa perdemos uma oportunidade de corrigir a nossa própria opinião, e se essa opinião estiver errada perdemos uma oportunidade de denunciar a sua falsidade.
Numa das primeiras justificações que apresentou para a sua decisão censória, a associação de estudantes da FCSH afirmou esta coisa extraordinária: “Por sermos, efectivamente, uma universidade onde a liberdade de pensamento e o pensamento crítico são promovidos, não compactuamos com eventos apresentados como debates sob a égide de propaganda ideológica dissimulada de cariz inconstitucional.” Que é como quem diz: promovemos a liberdade de pensamento e de crítica desde que as pessoas pensem como nós. Ora, estes estudantes, tão preocupados com o fascismo e com a “inconstitucionalidade” do grupo que promoveu a conferência de Jaime Nogueira Pinto, está a decalcar a argumentação inscrita na Constituição fascista de 1933. Também ela garantia “a liberdade de expressão do pensamento sob qualquer forma”, exceptuando aqueles “factores que desorientem contra a verdade, a justiça, a moral e o bem comum”. É por isso que extrema-direita e extrema-esquerda são duas faces de uma mesma moeda: uns gostam de Salazar, outros copiam os seus métodos.
Mas nada disto teria sido possível sem o lastimável papel do director da FCSH. Receoso de que o evento pudesse “desviar-se para extremos que não interessam”, Francisco Caramelo deixou cair a conferência, prometendo que “chegará o momento em que a instituição, no quadro de um debate mais alargado, considerará oportuno” voltar a convidar Jaime Nogueira Pinto. Esta é a terceira lição a tirar do caso: à deserção cívica e ao desprezo pela liberdade de expressão junta-se a cobardia intelectual. É uma vergonha ver o director de uma faculdade portuguesa deixar espezinhar o direito ao debate livre e ao exercício da palavra para evitar empurrões e insultos. A liberdade na FCSH está a ser vendida a um preço demasiado baixo.
Um director com défice de legitimidade
Pior do que um grupo de extremistas querer coarctar a liberdade de expressão é haver uma faculdade a dar-lhe aval.
O Presidente da República espera por “esclarecimentos” sobre o cancelamento da conferência de Jaime Nogueira Pinto na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, mas, enquanto espera, fez o diagnóstico rápido do problema e foi lesto a sugerir a respectiva terapia: a demissão do director da faculdade. Que haja uma associação deslumbrada pelo radicalismo que se arroga o direito de dizer quem pode ou deve falar numa universidade é já por si uma doença a exigir cuidados; mas haver um director de uma escola pública onde se ensinam ciências sociais e humanas que aceite essa arrogância e a proteja com o seu beneplácito é algo que só se remenda com a demissão.
Marcelo Rebelo de Sousa teve o mérito de falar grosso sobre esta inaceitável situação, e, se o fez querendo cobrir o seu estatuto com o pedido de “esclarecimentos” que o salvaguardam dos riscos do julgamento sumário, não deixou de dizer o que tem de ser dito. “Eu não entendo como é que um responsável de uma instituição pública toma uma decisão daquelas”, disse o Presidente. Nem ele, nem ninguém. Porque se um atropelo à liberdade de expressão e de pensamento é sempre acontecimento que merece censura, tolerar a sua prática numa universidade do Estado implica o Estado na sua consumação. Algo que um director jamais poderia permitir.
Se o Presidente da República é “o guardião dos direitos constitucionais”, como tratou de recordar, não pode ficar calado. Se o director da faculdade (ou o reitor) é responsável pela formação de jovens no quadro dos princípios, direitos e deveres que a Constituição prescreve, não pode ficar incólume à violação que legitimou – mesmo que tenha havido ameaças. Haver um grupelho radical com força suficiente para calar opiniões que, sendo bafientas e ressumam um passado odioso, têm direito de cidade e de impor a sua intolerância a uma direcção legítima mostra uma espécie de mundo ao contrário que não se pode aceitar. Um “absurdo”, disse, e bem, o Presidente.
O ministro da Ciência telefonou para exigir garantias e Marcelo já disse o que se deve passar: o director da faculdade deixou de ter condições para o ser. Quem troca valores por medo não tem valor algum para os promover numa escola. E para que este triste caso se apague e o bom exemplo prevaleça, têm a palavra os estudantes: sentem-se bem representados por uma clique de esquerda com tiques de Salazar?
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Re: Tópico sobre política
Michael Seufert no Expresso
50 tons de fascismo
Aparentemente há facções (presumivelmente) fascistas a lutar pelo controlo do espaço universitário estudantil. É isso que se conclui duma leitura (talvez pouco atenta) dos acontecimentos na Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Desesperada, a direcção da Faculdade optou por puxar o travão de mão. Desta vez resultou, a ver o que acontecerá a prazo.
Os acontecimentos são fáceis de explicar: numa Reunião Geral de Alunos um pequeno mas bem organizado de estudantes fascistas fez notar que outro grupo de fascistas aparentemente se preparava para organizar um debate nas instalações da Faculdade e vai de aí optou por fazer aprovar uma moção a apelar a que este não fosse autorizado, fazendo a seguir de ameaças de violência tais que a direcção da Faculdade cancelou o evento. Quem diria que 40 anos depois do 25 de Abril, na universidade do estado, grupos de fascistas infiltrados lutariam pelo poder?
Pela aprovação da moção de Censura Prévia e com a ameaça de violência, o grupo de pouco mas bem organizados (não mais de 30, segundo relatos) operacionais da RGA conseguiram momentaneamente leva a melhor. Vejamos se dura.
O que resta saber se dura, também, é o clima de guerra aberta entre estes grupos saudosistas dos tempos de Mussolini - quando nas universidades reinava o respeitinho (espírito que a direcçao da FCSH encarnou muito bem) e só falava de cátedra quem o regime autorizava. Não deixa de ser irónico: fascistas derrotados por mecanismos fascistas usados por outros fascistas. Um nó autêntico na cabeça.
O pior disto tudo é que tinha eu o texto pronto e me vieram explicar que os segundos fascistas, os da RGA, afinal não seriam fascistas mas bloquistas. Fiquei a pensar se os primeiros, os do debate, também afinal não seriam fascistas. O que é engraçado é que concluí que se os segundos forem amantes de Che Guevara em vez de de Mussolini o texto funciona na mesma – as subtis diferenças entre extrema-esquerda e extrema-direita talvez sejam importantes numa Faculdade de Ciências Sociais e Humanas mas cá fora não passam de (lá está!) académicas. Nesse sentido as minhas desculpas aos primeiros.
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Re: Tópico sobre política
Global Peace Index 2016: http://economicsandpeace.org/wp-content ... port_2.pdf
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