O Lugar do Morto (1984) - António-Pedro Vasconcelos

[Rui Santos]

Não encontrei um trailer, deixo aqui os primeiros minutos.





Link: IMDB | Wikipedia | Rotten Tomatoes

O filme deu sexta dia 08/03/2019 na RTP1, pelo que durante uma semana ainda o podem ver em restart TV, caso tenham curiosidade.

Link para uma versão meio manhosa em qualidade, que está em 4 partes no Youtube

As outras três partes estão ainda disponíveis.

[Rui Santos]

Hoje revi este filme, já se passavam mais de 20 anos desde a sua primeira visualização.

Foi uma experiência muito positiva. Bom poder ver cinema português, com história, densidade, personagens, diálogos, simples e tudo na nossa língua.
Gostei bastante da história, não tanto do final do filme.
O Pedro Oliveira e a Ana Zannati estão muito bem, e existe ali uma química que raramente se vê no cinema Português. Ver uma redação de um jornal diário, que saudades.
A famosa cena de sexo, hoje é uma coisa para crianças, sinal dos tempos.
Gostei bastante da realização do filme, com alguns pormenores bem interessantes, tomara eu que o cinema português tivesse mais filmes destes todos os anos.

Apenas dois pontos mais negativos, o som claro (e cá estou eu como sempre a bater no som... ou é da minha televisão ou oiço sempre pior os filmes portugueses. Embora este alterne o bom, com o médio... mas ainda assim houve cenas que tive de aumentar imenso o volume) e alguma profundidade da escrita... há ali alguns diálogos que mereciam mais cuidado, embora e mais uma vez, este filme se destaque pela positiva.

Vou comentar o final, por isso fica em spoiler.

Mas confesso-vos que fiquei com um sabor agridoce do final, pq no fundo não se percebe o que iria acontecer, o facto de ele morrer num acidente depois de ir ter com ela, e ela estar acompanhada, quer dizer o quê? ainda por cima quando ela lhe tinha dito para ir ter com ela... faz pouco sentido.
Confesso-vos que não consegui ouvir a voz dela na perfeição no telefonema, talvez algum de voz me queira esclarecer
Depois acontece a cena do carro, muito possível, mas fica tudo por esclarecer. O que era ela para o amigo, o que ela fazia na vida, porque discutia naquela manhã... sei lá demasiadas pontas soltas.

Ponto muito positivo para o Pedro Oliveira que penso ser jornalista na altura... o que se terá passado para se ter evaporado? vi numa pesquisa aqui no fórum que o Gaspar Garção o vê volta e meia talvez ele me possa esclarecer.
E vi que a Sic fez um perdidos e achados com o filme que irei tentar rever.

Foram duas horas bem passadas, e com vontade que fossem mais para ficar totalmente esclarecido na minha cabeça.
Ainda assim, um 8/10

[Cabeças]

Lembro-me que o fui ver ao Cinema na altura, há uma eternidade já, e que também gostei bastante. E recordo-me que também não fiquei confortável com o final.

Agora fiquei curioso e com vontade de o ver novamente.

[Gaspar Garção]

Conheço o Pedro Oliveira cá de Portalegre, há muitos anos, ele têm uma casa aqui ao pé, em Marvão (embora passe muito tempo em Lisboa, sempre cravado na Cinemateca, deixou o jornalismo e...desfruta a vida!!!), já tivemos grandes conversas, mas nunca arranjei coragem para lhe falar do filme, em que acho que ele está muito bem, um dos melhores filmes portugueses da década de 80...

(nem coragem arranjei para lhe pedir para assinar o dvd...)

P.S.: quando o convidei para ele escolher um filme para o meu Cineclube, a escolha dele foi o Profissão: Repórter, do Antonioni, mas depois confundiu as datas e esqueceu-se de ir...

[Rui Santos]

Continuando a minha pesquisa por mais opiniões do filme :)

Encontrei aqui uma critica interessante da qual faço copy/paste de um excerto com possíveis spoilers... (embora muito suaves), mas que vai de encontro ao que senti e não consegui escrever.

Para que não haja dúvidas, a epígrafe “Não é por correr que se escapa ao destino…”, uma citação de “Nosferatu” de F.W. Murnau, aparece a vermelho em fundo negro antes de qualquer imagem. “O Lugar do Morto” é a história dessa corrida que nunca poderá ser vencida, através de uma geografia muito pessoal, feita de bares, hotéis, redacções de jornais e rádios da Grande Lisboa (e um interlúdio portuense, precedido de uma fantasmagórica viagem de comboio), muitos cigarros e bebidas e um apetite sexual que devora. Por fim, Álvaro senta-se no seu devido lugar e cumpre o seu destino, sem que lhe vejamos a mão. A história acaba por ficar esquecida e qualquer pretensão de realismo é posta de lado: "O Lugar do Morto" é um interessantíssimo Film Noir abstracto.
in:http://numaparagemdo28.tumblr.com/post/ ... r-do-morto

[Rui Santos]

Conheço o Pedro Oliveira cá de Portalegre, há muitos anos, ele têm uma casa aqui ao pé, em Marvão (embora passe muito tempo em Lisboa, sempre cravado na Cinemateca, deixou o jornalismo e...desfruta a vida!!!), já tivemos grandes conversas, mas nunca arranjei coragem para lhe falar do filme, em que acho que ele está muito bem, um dos melhores filmes portugueses da década de 80...

A minha dúvida nem é o filme (que já agora ele está mesmo muito bem), é mesmo o que faz um jornalista fazer um filme, e depois desaparecer. Segundo consegui perceber foi 10 anos para a BBC em Londres... mas sumiu-se por completo. (como dizes deve ter largado o jornalismo).

[rui sousa]

Conheço o Pedro Oliveira cá de Portalegre, há muitos anos, ele têm uma casa aqui ao pé, em Marvão (embora passe muito tempo em Lisboa, sempre cravado na Cinemateca, deixou o jornalismo e...desfruta a vida!!!), já tivemos grandes conversas, mas nunca arranjei coragem para lhe falar do filme, em que acho que ele está muito bem, um dos melhores filmes portugueses da década de 80...

(nem coragem arranjei para lhe pedir para assinar o dvd...)

P.S.: quando o convidei para ele escolher um filme para o meu Cineclube, a escolha dele foi o Profissão: Repórter, do Antonioni, mas depois confundiu as datas e esqueceu-se de ir...

Tenho de estar mais atento a ver se o encontro na Cinemateca! Que revelação!

[Rui Santos]

@Rui Sousa, tenciono no fim de visualizar o ciclo ouvir a tua entrevista ao APV, porque agora me irá saber muito melhor.

[rui sousa]

@Rui Sousa, tenciono no fim de visualizar o ciclo ouvir a tua entrevista ao APV, porque agora me irá saber muito melhor.

Podes ouvir de qualquer maneira porque ele começa logo por um historial rápido de todos os filmes. Mas obrigado! :)

[Ludovico]

Hoje revi este filme, já se passavam mais de 20 anos desde a sua primeira visualização.

Foi uma experiência muito positiva. Bom poder ver cinema português, com história, densidade, personagens, diálogos, simples e tudo na nossa língua.
Gostei bastante da história, não tanto do final do filme.
O Pedro Oliveira e a Ana Zannati estão muito bem, e existe ali uma química que raramente se vê no cinema Português. Ver uma redação de um jornal diário, que saudades.
A famosa cena de sexo, hoje é uma coisa para crianças, sinal dos tempos.
Gostei bastante da realização do filme, com alguns pormenores bem interessantes, tomara eu que o cinema português tivesse mais filmes destes todos os anos.

Apenas dois pontos mais negativos, o som claro (e cá estou eu como sempre a bater no som... ou é da minha televisão ou oiço sempre pior os filmes portugueses. Embora este alterne o bom, com o médio... mas ainda assim houve cenas que tive de aumentar imenso o volume) e alguma profundidade da escrita... há ali alguns diálogos que mereciam mais cuidado, embora e mais uma vez, este filme se destaque pela positiva.

Vou comentar o final, por isso fica em spoiler.

Mas confesso-vos que fiquei com um sabor agridoce do final, pq no fundo não se percebe o que iria acontecer, o facto de ele morrer num acidente depois de ir ter com ela, e ela estar acompanhada, quer dizer o quê? ainda por cima quando ela lhe tinha dito para ir ter com ela... faz pouco sentido.
Confesso-vos que não consegui ouvir a voz dela na perfeição no telefonema, talvez algum de voz me queira esclarecer
Depois acontece a cena do carro, muito possível, mas fica tudo por esclarecer. O que era ela para o amigo, o que ela fazia na vida, porque discutia naquela manhã... sei lá demasiadas pontas soltas.

Ponto muito positivo para o Pedro Oliveira que penso ser jornalista na altura... o que se terá passado para se ter evaporado? vi numa pesquisa aqui no fórum que o Gaspar Garção o vê volta e meia talvez ele me possa esclarecer.
E vi que a Sic fez um perdidos e achados com o filme que irei tentar rever.

Foram duas horas bem passadas, e com vontade que fossem mais para ficar totalmente esclarecido na minha cabeça.
Ainda assim, um 8/10

Vi o filme como tu e assino por baixo o que dizes .O filme devia durar mais tempo,sendo que já de si é grande.Depois também não gostei nada do final. É,a meu ver,ilógico,forçado e abrupto.Parece que que se queria acabar o filme à pressa.Se puder irei comentar mais em profundidade em breve.

[Ludovico]

Nos bafientos anos 80 portugueses,um jornalista divorciado 2 vezes e com filhos pequenos é atraído para uma intriga digna de um policial dos anos 40.A sua vida é monótona e vive num jornal decadente numa redação velha num espaço claustrofóbico.Vê-se sem prever como assistente de um suicídio.Fica fascinado por uma mulher que é causa do incidente.Toda a sua vida é virada do avesso com essa mulher.Todas as questões são por ele equacionadas ao longo de mais de 2 horas de filme de uma forma notável."O Lugar do Morto",é um filme verdadeiramente sensacional por ser feito com muito poucos recursos no Portugal dos inícios dos anos 80 onde estava-se numa fase de crise económica grave.António Pedro Vasconcelos, mostrou-se um autor credível e muito competente neste filme.Entre o comercial e autor consegue fundir ambos os campos de uma forma muito eficaz e pertinente.Servido por duas grandes interpretações de Pedro Oliveira e a femme fatalle Ana Zanatti consegue fazer um filme que não ofende o espetador comum mas que ao mesmo tempo não o leva demasiado a sério.Isso é mostrado de uma forma a roçar a perfeição.Claro que não é uma obra prima porque há 3 questões que Vasconcelos não consegue fazer de uma maneira satisfatória.A 1ª é o desenlace final em que a questão central não é respondida de uma forma coesa e definitiva.A 2ª é que o som do filme é muito mau que não se consegue ouvir o enredo de diversas partes do filme. A 3ª é que o filme é demasiadas vezes é palavroso e rápido de demais o que é lamentável.As personagens falam depressa de mais o que não é aceitável e ao mesmo tempo que isso acontece,Vasconcelos parece que quer contar o filme depressa demais.Tão depressa que no final o espetador precisava de mais tempo para poder ver o puzzle todo na cabeça.O final devia ter durado mais tempo e desenvolvido com mais tempo e de uma maneira mais lenta.Mesmo assim é um filme brilhante,de uma qualidade rara para o que se fazia e para o ainda se faz no nosso cinema.Ainda não tinha visto o filme todo e foi para mim uma grande surpresa ver este filme pela primeira vez e a sua elegância clássica depurada de policial negro estar no cinema português.Um filme a quem aconselho a todos que ainda não viram.
Nota:8 em 10

[Luis.Manuel]

Êxito que marcou os anos 80, “O Lugar do Morto” está de volta ao cinema e deixa-nos a pensar: porque é que Portugal já não faz filmes assim? https://www.google.com/amp/s/amp.expres ... --60285d56

Fica aqui o "recado" para as direções da Cinemateca e da Academia de que queremos uma edição em DVD (como é habitual) com esta nova versão restaurada, se possível até ao fim do corrente Ano. Eu sei que eles de vez em quando passam por aqui para espreitar o que escreve e pessoalmente estou muito satisfeito com o trabalho que tem sido desenvolvido, em especial, no que diz respeito às edições mas também ao restauro de obras de relevo do cinema português.