Straume (2024) - Gints Zilbalodis
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Straume (2024) - Gints Zilbalodis



- Data de estreia: 20 de Fevereiro de 2025
- Título nacional: Flow – À Deriva
O mundo parece estar à beira do fim, marcado pelos vestígios deixados pela presença humana. Um gato, solitário por natureza, vê a sua casa ser destruída por uma cheia catastrófica. Encontra refúgio num barco habitado por diversas espécies, com as quais terá de colaborar, apesar das suas diferenças. Neste barco à deriva, que navega por entre paisagens místicas e inundadas, os animais terão de enfrentar os desafios e perigos de se adaptarem a um novo mundo.
Do realizador de “Away”, Gints Zilbalodis, traz uma reflexão silenciosa protagonizada por animais ternurentos e revela que a sobrevivência num mundo em mudança depende da união e da colaboração, mesmo entre os mais improváveis aliados.
Estreado na prestigiada secção Un Certain Regard do Festival de Cannes, “Flow – À Deriva” conquistou tanto o público como o júri no Annecy International Animation Film Festival, o maior festival de animação do mundo, tendo vencido o Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação.
Re: Straume (2024) - Gints Zilbalodis
Na semana passada, finalmente vi o Flow, num evento promovido pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, nas suas belíssimas instalações no Porto.
O bilhete, o qual custou 10€ apenas, deu direito ainda a uma bonita toalha e a provas de vinhos verdes, acompanhadas de tostas com queijo de ovelha. Sentados na relva, em cima da toalha oferecida, vimos o filme projectado numa tela emoldurada pela linda vista sobre o rio Douro que sobressaia por detrás.
Acompanhado de um grupo de bons amigos, esta tornou-se numa das experiências cinematográficas mais memoráveis que tive.
Embora esta imagem seja de 2023, reproduz fielmente a.experiência deste ano:

Quanto ao filme, fui vê-lo sem sequer ter visionado o trailer, pelo que, fora a aclamação mundial de que tinha beneficiado, culminando na atribuição de um Óscar de melhor filme de animação em 2024, nada conhecia.
Embora as expectativas fossem altas, superou-as largamente.
Três dias depois repeti o visionamento, já em casa com a minha filha e julgo que na segunda vez entendi melhor o enredo.
Aqui vai a minha tentativa de explicação (repleta obviamente de SPOILERS pelo que, quem ainda não o viu, aconselho a não ler).
Terá havido um cataclismo planetário, em que a órbita da lua aproximou-se muito da terra e por causa disso a força de gravidade que ela exerce é agora superior e arrasta maior volume de água, o que provoca as tais inundações recorrentes.
Logo no início do filme vemos um barco em cima de uma árvore, o qual, no primeiro visionamento, passou-me despercebido. Só na segunda vez que vi o filme, igualmente vi uma cena que passou depois dos créditos em que se vê uma baleia que tinha ficado presa em terra firme, novamente a nadar, o que mostra que a água voltou a subir (tal também tinha ficado indiciado pela corrida aflitiva dos veados no final.).
O tal cataclismo planetário poderá ter sido causado por uma guerra nuclear, já que aparece a certa altura uma baleia que parece sofrer de uma mutação genética.
Os sobreviventes da guerra terão sido surpreendidos pelas inundações e os que não morreram com o conflito terão morrido posteriormente com as inundações, tendo ainda tentado criar formas de se salvarem (as tais bolas vítreas, rodeadas por cordas, que flutuam, as quais parecem ser uma espécie de bóias de salvação)
O cataclismo e desgraças sequentes levaram a que muitos tivessem abandonado os seus deuses mas, como faz parte da natureza humana, rapidamente foram substituídos por outros. A comunidade onde vivia o gatinho preto protagonista deste filme teria endeusado os gatos e por isso é que abundavam as esculturas deles. A grande escultura pressupõe que toda a comunidade tenha participado na sua construção, mas o facto de ter ficado inacabada faz crer que tenham morrido todos os membros daquela comunidade.
Aliás, o ter havido uma grande guerra é também sugerido indirectamente pelo facto de o cerne do filme estar centrado no vínculo que se cria e na cooperação entre animais de espécies diferentes (o que não terá sido possível entre seres humanos, que apesar de serem da mesma espécie, acabaram por se extinguir).
Quanto à cena metafísica no cume da montanha, a ave deslocou-se para esse local para morrer. Desde sempre que os gatos foram associados a poderes psíquicos / místicos. Veja-se que segundo o folclore, normalmente as bruxas tinham um. Presentemente abundam os memes em que os gatos ficam parados a olhar para algo numa sala ou num corredor que os seres humanos não vêem. Há quem brinque com isso e diga que estão a ver fantasmas...
Essa cena no cume da montanha parece significar que o gatinho se apercebe que a ave vai morrer, vê o seu espírito sair do corpo e elevar-se naquele túnel em direção à luz (muito similar ao que muitos dizem que é visto pelos seres humanos quando estes morrem). O gatinho presencia e acompanha o início desse percurso da ave , como se fosse um guia espiritual, mas depois volta para a terra, já que continua vivo.
Com esta cena o realizador parece também querer mostrar que os animais, capazes de atos mais generosos que o ser humano que se terá extinguido pela guerra, é que serão merecedores do tal céu que o ser humano sempre reivindicou para si com exclusividade e que os animais também terão alma / espírito.
Caso tenham outras ideias para explicar este filme que tanto me marcou, digam, pois terei todo o gosto em as ler.
Não li nada sobre esta conexão que vou agora adiantar. Pode ser mera coincidência, mas o sentimento que me transmitiu, em alguns momentos foi similar ao de um jogo da PlayStation 3 que joguei há alguns anos e que é dos meus preferidos de sempre, o Journey. O jogo Journey foi criado pela Thatgamecompany, fundada pelo Jenova Chen. O primeiro jogo criado por ele, curiosamente, chama-se Flow (tenho-o como extra na edição da PS3 do Journey).
Nota: 10/10!
O bilhete, o qual custou 10€ apenas, deu direito ainda a uma bonita toalha e a provas de vinhos verdes, acompanhadas de tostas com queijo de ovelha. Sentados na relva, em cima da toalha oferecida, vimos o filme projectado numa tela emoldurada pela linda vista sobre o rio Douro que sobressaia por detrás.
Acompanhado de um grupo de bons amigos, esta tornou-se numa das experiências cinematográficas mais memoráveis que tive.
Embora esta imagem seja de 2023, reproduz fielmente a.experiência deste ano:

Quanto ao filme, fui vê-lo sem sequer ter visionado o trailer, pelo que, fora a aclamação mundial de que tinha beneficiado, culminando na atribuição de um Óscar de melhor filme de animação em 2024, nada conhecia.
Embora as expectativas fossem altas, superou-as largamente.
Três dias depois repeti o visionamento, já em casa com a minha filha e julgo que na segunda vez entendi melhor o enredo.
Aqui vai a minha tentativa de explicação (repleta obviamente de SPOILERS pelo que, quem ainda não o viu, aconselho a não ler).
Terá havido um cataclismo planetário, em que a órbita da lua aproximou-se muito da terra e por causa disso a força de gravidade que ela exerce é agora superior e arrasta maior volume de água, o que provoca as tais inundações recorrentes.
Logo no início do filme vemos um barco em cima de uma árvore, o qual, no primeiro visionamento, passou-me despercebido. Só na segunda vez que vi o filme, igualmente vi uma cena que passou depois dos créditos em que se vê uma baleia que tinha ficado presa em terra firme, novamente a nadar, o que mostra que a água voltou a subir (tal também tinha ficado indiciado pela corrida aflitiva dos veados no final.).
O tal cataclismo planetário poderá ter sido causado por uma guerra nuclear, já que aparece a certa altura uma baleia que parece sofrer de uma mutação genética.
Os sobreviventes da guerra terão sido surpreendidos pelas inundações e os que não morreram com o conflito terão morrido posteriormente com as inundações, tendo ainda tentado criar formas de se salvarem (as tais bolas vítreas, rodeadas por cordas, que flutuam, as quais parecem ser uma espécie de bóias de salvação)
O cataclismo e desgraças sequentes levaram a que muitos tivessem abandonado os seus deuses mas, como faz parte da natureza humana, rapidamente foram substituídos por outros. A comunidade onde vivia o gatinho preto protagonista deste filme teria endeusado os gatos e por isso é que abundavam as esculturas deles. A grande escultura pressupõe que toda a comunidade tenha participado na sua construção, mas o facto de ter ficado inacabada faz crer que tenham morrido todos os membros daquela comunidade.
Aliás, o ter havido uma grande guerra é também sugerido indirectamente pelo facto de o cerne do filme estar centrado no vínculo que se cria e na cooperação entre animais de espécies diferentes (o que não terá sido possível entre seres humanos, que apesar de serem da mesma espécie, acabaram por se extinguir).
Quanto à cena metafísica no cume da montanha, a ave deslocou-se para esse local para morrer. Desde sempre que os gatos foram associados a poderes psíquicos / místicos. Veja-se que segundo o folclore, normalmente as bruxas tinham um. Presentemente abundam os memes em que os gatos ficam parados a olhar para algo numa sala ou num corredor que os seres humanos não vêem. Há quem brinque com isso e diga que estão a ver fantasmas...
Essa cena no cume da montanha parece significar que o gatinho se apercebe que a ave vai morrer, vê o seu espírito sair do corpo e elevar-se naquele túnel em direção à luz (muito similar ao que muitos dizem que é visto pelos seres humanos quando estes morrem). O gatinho presencia e acompanha o início desse percurso da ave , como se fosse um guia espiritual, mas depois volta para a terra, já que continua vivo.
Com esta cena o realizador parece também querer mostrar que os animais, capazes de atos mais generosos que o ser humano que se terá extinguido pela guerra, é que serão merecedores do tal céu que o ser humano sempre reivindicou para si com exclusividade e que os animais também terão alma / espírito.
Caso tenham outras ideias para explicar este filme que tanto me marcou, digam, pois terei todo o gosto em as ler.
Não li nada sobre esta conexão que vou agora adiantar. Pode ser mera coincidência, mas o sentimento que me transmitiu, em alguns momentos foi similar ao de um jogo da PlayStation 3 que joguei há alguns anos e que é dos meus preferidos de sempre, o Journey. O jogo Journey foi criado pela Thatgamecompany, fundada pelo Jenova Chen. O primeiro jogo criado por ele, curiosamente, chama-se Flow (tenho-o como extra na edição da PS3 do Journey).
Nota: 10/10!

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